O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, julho 31, 2017

O DEUS DOS HOMENS...


Foto de Waleed Al-Husseini.

O DEUS MACHO - o deus do deserto e do ódio ao feminino...

"Era um Deus deserto, um Deus árido, um Deus macho, um Deus de luzes sem sombras, um Deus abstracto que não sabia senão dominar, subjugar, submeter. O Deus dos judeus, o Deus dos muçulmanos, o Deus dos cristãos. Um Deus que, se o deixássemos fazer, acabaria por transformar o mundo num deserto árido. Um Deus que só sabia tomar, que não sabia dar.

Mas, na sua alma, ela ouvia a chamada de mil e uma fontes, de mil e uma ...ninfas, de mil e uma deuses dos bosques. Ela ouvia o apelo da Deusa Mãe que sempre compartilha entre todos os seus filhos, e que sempre dá, que é abundância, que sempre ama e que nunca destrói senão para deixar mais lugar a mais vida ainda.

Ela seguiu o caminho que a leva à Fonte viva. Encontrou a doçura, encontrou a fertilidade."* Aédàn


EM TODAS AS CULTURAS PATRIACAIS

" O elemento masculino é uma força destrutiva, inflexível, egoísta, ambiciosa, amante da guerra, da violência, da conquista, geradora, tanto no mundo moral como no material, de discórdia, desordem, doenças e morte. Basta ver o rasto de sangue e crueldade que as páginas da História revelam! Com quantas escravaturas, massacres e sacrifícios, com quantas inquisições e prisões, dores e perseguições, códigos negros e credos sombrios a alma da humanidade se debate há séculos, enquanto a compaixão virava a sua face e todos os corações estavam mortos para o amor e para a esperança! O elemento masculino tem desfrutado de uma verdadeira folia carnavalesca. "*

"O grande curador que é o amor feminino, se lhe fosse permitido manifestar-se livremente, como seria natural, contra a opressão, a violência e a guerra, restringiria as forças destrutivas, pois a mulher conhece o custo da vida melhor que o homem e, com o seu consentimento, nem mais uma gota de sangue seria derramada, nem mais uma vida sacrificada em vão.

No mundo natural, com toda a sua violência e agitação, assistimos a um esforço constante para manter um equilíbrio de forças. A Natureza, qual mãe carinhosa, está constantemente a tentar manter nos seus respectivos lugares a terra e o mar e as montanhas e os vales, a apaziguar os furiosos ventos e vagas, a temperar os excessos de calor e de frio e de chuva e de seca, para que a paz, a harmonia e a beleza possam reinar supremas. Há uma espantosa analogia entre a matéria e a mente, e a actual desorganização da sociedade avisa-nos de que, com a destruição da mulher, libertámos os elementos de violência e destruição que apenas ela tem o poder de controlar."*

*Elizabeth Stanton, nasceu em Nova Yorque, em 1815, e dedicou a sua vida à causa da emancipação das mulheres e participou activamente no movimento abolicionista. O discurso foi lido na Convenção Sufragista, 1869, em Washington, e foi considerado um dos 50 melhores discursos da História.

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