O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, janeiro 09, 2017

QUERIA...




Queria dizer a alguém
Como quem já lhe falou.
Não o que penso, nem bem
O que sinto, mas o que sou.
Não por palavras – até
...
Poucas palavras é vão,
E um sorriso ou olhar é
Como fala a canção -.
Mas por um vago florir
Da alma á flor do dizer,
Que não chegasse a abrir
Em voz, em símbolo, ou ser...
Um intervalo ou olvido
Do gesto ou da expressão
Que fique no olhar ou no ouvido
Como sendo do coração
.


Fernando Pessoa.
21 – 03 – 1928

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