O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, janeiro 04, 2017



“Quando as coisas são dolorosas, vemo-las no campo das emoções e não no campo da consciência."
  -João Redondo (psiquiatra)

"O modo como o outro nos fez sentir, embate primeiro no campo das emoções. É o cordão que nos liga à evolução das espécies, ao crepúsculo que nos tornou humanos, à força que não nos separa da infância.
A dor ou o conforto põe-nos a nu, e maturidade, diplomas ou capacidade intelectual, pouco servem perante as dolorosas sensações que chegam. Do profundo poder que escorre delas, será preciso contar com um longo trabalho do pensamento e da linguagem, da consciência, para as compreender, aceitar e as tornar suportáveis.
Dão alento aos dias, as outras, as coisas calorosas que dispensam o raciocínio."

Cristina Simões

Queremos que gostem de nós. Como as crianças...

Talvez a propósito do que escrevi ontem sobre a "necessidade de palco", tive esta noite um sonho muito elucidativo...em que me pavoneava ostensivamente subindo umas escadas e toda a gente me olhava e admirava a minha beleza e elegância...claro que o fazia sem me "denunciar", com ar muito natural......
No sonho eu sentia que estava admiravelmente bem vestida e magra...(na realidade acontece o contrário - vou engordando com os anos, para minha aflição...) e de facto a vaidade e o orgulho que sentia eram enormes...Eu era o centro de todas as atenções ou porque era importante e dava uma festa ou fazia anos talvez...
O que eu sei era que a importância que me davam aqueles olhares embasbacados e a sua admiração me deixavam "feliz"...e quando acordei e comecei a analisar, a pensar no sonho, percebi que isso é precisamente o que todas/os fazemos desesperadamente e ainda que muitos inconscientemente aqui é ter palco, ser bela ou ser o maior ou a pessoa mais importante do palco, seja ele qual for. E fazemo-lo de forma tão cega que nem vemos o ridiculo ou a estupidez neste FACE Book...
Não há duvida que todas vivemos num palco na procura ávida de atenção e protagonismo ou admiração. Buscamos incessantemente a aprovação do outro...seja ele qual for...e tudo o que fazemos é um pouco (mesmo que se diga que não) para chamar a atenção sobre nós ... não nos damos tréguas...por isso somos tão simpáticos, tão amorosos, ou tão odiosos, tão cultos, e tão amigáveis ou agressivos, só para o ecrã!
Queremos que gostem de nós. Como as crianças...
E afinal de contas não será isso mesmo e exclusivamente o que move o ser humano na busca de si mesmo, a necessidade imperiosa de ser reconhecido, SER alguém...vencer na vida, ser famoso...etc. Porque será a pessoa humana tão dependente do olhar do outro/a, a começar do olhar amoroso da Mãe...e quando ela falha levamos a vida inteira à procura dele?
- Mãe...diz-me se eu existo, se eu sou verdade...
Será isso o amor que buscamos, para nos dar valor, ter valor, sentir que temos um valor num mundo onde nada realmente dá valor ao que somos de facto, nada dá valor ao que verdadeiramente somos e nos sentimos todos abandonados, órfãos e cativos de um mundo hostil que nos rejeita, em busca de um "deus" maior?
Estou eu aqui a pensar alto...e agora vou mas é tomar banho para aclarar as ideias.
rlp
in memórias - 2016

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