O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, janeiro 14, 2017

FUNDAMENTAL...



COMO É QUE, ENQUANTO MULHERES AJUDAMOS DE FORMA ATIVA OU PASSIVA A MANTER O SISTEMA PATRIARCAL


Por Shekhina Weaver

"Ao tentar perceber como, enquanto mulheres, participamos ativa e passivamente no patriarcado e em como poderíamos recusar essa participação, facilmente ficamos bloqueadas com um sentimento de "não há saída". Na verdade, a nossa participação acontece de várias formas e primeiro precisamos de ser capazes de passar pelo processo de nomeação dessas formas de colaboração para podermos depois começar a pensar em e vislumbrar maneiras REAIS de nos libertarmos.

Esta manhã, eu, Shekhina, fiz um brainstorming com o objetivo de nomear algumas das formas como participamos ativa e passivamente e algumas das maneiras pelas quais estamos literalmente aprisionados/escravizados pelo patriarcado.

A lista é, naturalmente, incompleta, então sinta-se livre para adicionar a sua própria nomeação e/ou discutir esta lista:

- Nós mulheres estamos presas no sistema patriarcal por termos de ganhar a vida fazendo trabalhos que sustentam direta ou indiretamente o paradigma patriarcal do poder sobre a Vida e sobre as mulheres e outros seres humanos que podem literalmente envolver a destruição da Terra;

- por termos de utilizar máquinas (por exemplo, automóveis) ou tecnologias que destroem vidas;

- sermos forçadas pela própria situação económica a comprar produtos produzidos por crianças e/ou mulheres e homens mal remuneradas/os e/ou implicar destruição da Terra (tais como alimentos cultivados com pesticidas);

- termos que entrar em espaços públicos sob a ameaça perpétua, mas muitas vezes não reconhecida, de estupradores, assaltantes sexuais ou homens violentos (esta é a situação de todas as mulheres em todo o mundo a cada momento, dia e noite);

- estarmos num relacionamento com um parceiro abusivo que por algum motivo não podemos deixar;

- sermos forçadas a aceitar religiões e ideias, sistemas, práticas e políticas/sociais/ económicas e culturais destrutivas;

- termos que aceitar que as nossas crianças sejam educadas em escolas e sistemas educativos patriarcais;


2. Nós, mulheres, participamos ativa e voluntariamente no patriarcado, ou pelo menos conscientemente, vivendo padrões de mestre/perpetrador/opressor:

- comprando de forma voluntária máquinas, tecnologias, objetos, alimentos, roupas, lazer, entretenimento, produtos que são gratuitamente produzidos por crianças e/ou mulheres e homens e/ou produtos que envolvem destruição da Terra e/ou outras formas de vida;

- sendo líderes políticas em partidos com outras agendas diferentes de abordar e expor o patriarcado em cada palavra e ação e libertar a humanidade e a Terra desse tipo de sistema;

- Voluntariamente tendo empregos que sustentam a destruição patriarcal e o paradigma do poder sobre a vida e sobre as mulheres e outros seres humanos;

- unindo-nos voluntariamente aos movimentos religiosos (tradicionais e da Nova Era) que não têm como objetivo principal libertar e curar a humanidade e a Terra do patriarcado;

- utilizando textos científicos, religiosos, espirituais, filosóficos, educacionais e ideológicos que não abordem e exponham explicitamente a negatividade da autoridade patriarcal;

- aceitando de bom grado que as nossas crianças recebam brinquedos de guerra, joguem jogos destrutivos e participem em desportos competitivos e que as nossas filhas recebam bonecas que parecem objetos sexuais;

- aceitando de bom grado que as nossas crianças e adolescentes passem o dia no computador, em frente da televisão ou ouvindo música;

- entoando com entusiasmo ideias masculinas sobre "o masculino e o feminino" (especialmente a ideia de que o feminino é emocional, irracional, intuitivo, recetivo e o masculino é lógico, racional, factual e ativo);

- competindo com e degradando outras mulheres;

- silenciando as mulheres que falam contra a violência masculina, os abusos sexuais, as violações e as guerras, a violência contra a Terra e contra outras formas de vida;

- participando voluntariamente/vivendo a sexualidade pornográfica;


3. Nós mulheres participamos do patriarcado passivamente, aceitando viver com parceiros íntimos que não estão ativamente empenhados em libertar a humanidade e a Terra do patriarcado;

- não falando contra a violência masculina, o abuso sexual, o estupro, as guerras e a violência contra a Terra e outras formas de vida;

- não abordando explicitamente e expondo o paradigma patriarcal do poder sobre a vida e as mulheres como a raiz de todo o mal;

- não designando explicitamente o patriarcado como a raiz da maior parte do sofrimento no mundo;

- temendo a rejeição emocional e a agressão do parceiro se nos recusarmos a ter relações sexuais por um longo período enquanto ainda desejamos o contacto emocional e/ou sensual (esta é a situação de muitas mulheres também em relações íntimas que são "amorosas" e baseadas na igualdade);

- não nos juntando a outras mulheres para libertar e curar a humanidade e a Terra do patriarcado;
.
- não questionando o patriarcado;

- tácita ou abertamente sentindo e pensando que não é possível mudar nada;

- confiando que a mudança virá e que nos estamos a mover para algo de bom sem fazermos seja o que for para que isso aconteça;

- acreditando que mudando-nos a nós mesmas mudamos o patriarcado;

- confiando que seja como for o bem ganhará;

- acreditando que o sistema não pode ser tão mau quanto nós pensamos que é;

- sentindo-nos intelectualmente inferiores aos homens;

- não nos sentindo fisicamente bonitas e/ou suficientemente boas em geral.


Bem, esta foi a minha lista desta manhã. De que foi que me esqueci ou em que estou errada?"

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