O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, dezembro 22, 2016

A MULHER E OS MISTÉRIOS...



PORQUE NÃO CREIO NA MULHER MODERNA...
Porque a mulher moderna perdeu a Chave dos Mistérios, há séculos...

Porque a mulher moderna se encontra separada da sua essência divina...
Porque a mulher moderna ignora a sua capacidade de mediadora das forças cósmicas e telúricas e esqueceu a sua origem ligada à Grande Mãe e à Deusa nas diferentes facetas a que a sua idade e etapas de vida correspondem.
Porque a mulher moderna pensa-se dona de si mesma e não é...pensa-se liberta e não é, pensa-se emancipada e não é...Ela continua presa e dominada por tudo o que a sociedade lhe diz ser o sentido da sua vida sem que ela seja nada...
A mulher moderna inclusive, a mulher que vestia mini-saia e saia à  rua sozinha à noite nas grandes cidades, Londres, Berlim ou Paris está a ser ameaçada pelos fundamentalistas islâmicos - está a ser coartada dessas liberdades cada dia mais e está a regredir em todos os lugares, relegada a casa e ao medo...continuando a  ser manipulada de todas as maneiras e formas desde o mais alienado e sofisticado da sua imagem adulterada por tudo o que é publicidade e moda...cinema e arte...à moral vigente e católica que de novo a quer manietar da sua capacidade de decisão sobre o seu corpo, o seu sexo e o seu Útero..
...

A mulher moderna, a mulher comum, regra geral e na sua grande maioria, completamente aculturada encontra-se alienada de uma parte importantíssima de si mesma: ela está totalmente desligada da sua natureza instintiva do seus aspectos ctónico e telúrico e age meramente de acordo com um modelo mental restrito que a sociedade patriarcal lhe impôs, uma mulher estereotipada, sem profundidade, diria mesmo sem alma. Porque social e psicologicamente está presa a padrões e referência de mera utilização do seu ser ao serviço das instituições - casamento-filhos-casa-emprego - e que a põem à margem se ela não lhes obedecer - a mulher solteira, mãe só, ou mulher velha - quando  não servir os seus interesses e padrões! E se transgredir essas leis e padrões ela torna-se vulnerável e marginal ou converte-se na “prostituta” ou no mínimo na “cabra”...perseguida socialmente, descriminada... 
Todas as mulheres estão sujeitas a estes padrões, mesmo aquelas que se julgam libertas, emancipadas ou independentes, como dizia antes, porque quase todas nomeadamente as intelectuais ou eruditas, acabam adoptando o modelo dos homens, pensando como eles o que ainda é mais grave. Raras são as mulheres com consciência de uma identidade própria, de um feminino sagrado, de uma experiência transcendente ou mística de vida que as ligue de algum modo a Terra Mãe e à Lua e aos seus próprio ciclos...


A mulher para ser MULHER tem de encontrar a sua essência primeira há muito esquecida na sua feminilidade radical e na integração da Deusa que há em si. Ela tem de retomar as rédeas do Principio feminino e ser uma mulher inteira. Só quando a mulher unir as duas partes de si - que a igreja de Roma dividiu entre a santa e a prostituta - e não mais aceitar essa divisão do seu ser em duas, a amante e a esposa, a adúltera e a fiel, e a sua sexualidade se tornar sagrada tal como o seu corpo que é dádiva e nunca mais for “possuída” ou aceitar ser “vendida” (ou comprada), ela será realmente livre e dona de si!
rosaleonorpedro


O QUE SÃO OS MISTÉRIOS 

"Somente em um momento posterior, nos Mistérios Eleusianos, de Ísis e outros, é que os mistérios se voltam também para a questão da consciência na mulher e de sua autoconsciência; de acordo com uma característica essencialmente inerente à psicologia feminina, os primeiros mistérios ocorrem no nível da experiência directa, porém inconsciente. A mulher passa por uma experiência interior ao configurar uma porção da realidade, como “vida simbólica”, na qual não há a necessidade de se tornar consciente de qualquer um desses factores. Somente a intensidade e o teor emocional acentuado de sua conduta e, frequentemente, a confidencialidade da qual se vê revestida denunciam seu carácter de mistério.

O feminino, cuja essência procuramos discernir à luz das funções e dos símbolos do carácter elementar e de transformação, se torna criativo nos mistérios primordiais e assim actua como um factor determinante no inicio da cultura humana.

Enquanto os mistérios ligados ao instinto, envolvem os pontos centrais da vida feminina – nascimento, menstruação, concepção, gravidez, climatérico e morte -, os mistérios primordiais projectam um simbolismo no mundo real e assim transformam-no.
Os mistérios femininos podem ser divididos nos mistérios referentes à preservação; à formação, à alimentação e à transformação.
(...)

O grande motivo essencial dos Mistérios de Elêusis e, portanto de todos os mistérios matriarcais é a heuresis, a redescoberta de Core por Deméter, a reunião da mãe e da filha.

Esse reencontro significa, sob o ponto de vista psicológico, anular o assédio e o rapto masculinos e reconstruir a unidade matriarcal da filha e da mãe, depois do casamento. Isto significa que a hegemonia do grupo matriarcal _ legitimada pela relação da filha com a mãe -, que havia sido colocada em risco pela incursão do homem no mundo das mulheres e pela reacção destas àquele, é renovada e segurada nos Mistérios".

(...)
In “A GRANDE MÃE” de Erich Neuman

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