O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, julho 03, 2016

O SER HUMANO



" ... O QUE CONHECEMOS DE NÓS MESMOS, NOSSA EXISTÊNCIA CONSCIENTE ACTUAL, NÃO PASSA DE UMA FORMAÇÃO DERIVATIVA, DE UMA ACTIVIDADE SUPERFICIAL, DA CONSEQUÊNCIA EXTERIOR MUTÁVEL DE UMA ENORME MASSA OCULTA DE EXISTÊNCIA...

A  nossa existência é algo muito maior do que esse ser que aparece à frente, com o qual nos identificamos e que apresentamos ao mundo que nos rodeia. (...)

A descoberta mais desconcertante é a de que cada parte do nosso ser - intelecto, vontade, mente sensorial, ...mente nervosa, alma de desejos, o coração, o corpo - tem, por assim dizer, a sua própria individualidade complexa e a sua formação natural, totalmente independente das outras... Descobrimos que somos compostos não de uma, mas de várias personalidades, e que cada qual tem as suas próprias exigências e sua própria natureza (...)

Cada ser humano* tem sua própria consciência pessoal, cujo reducto é o corpo... Não obstante, o tempo todo, as forças universais arremetem sobre ele sem que ele o saiba. Ele só tem consciência de pensamentos, sentimentos, etc, que surgem na superfície do seu ser e que toma como seus. Na verdade eles vêm de fora, sob a forma de ondas mentais, ondas vitais, ondas de sentimento e sensação, etc., que assumem dentro dele uma forma particular. (...)

Além disso, não só exteriormente, mas também interiormente, não estamos sozinhos no mundo; a rígida separatividade do ego não passa de uma forte impressão e de uma ilusão; nós não existimos mergulhados em nós mesmos, não vivemos, na realidade, isolados numa privacidade ou solidão íntimas... Muito mais da metade dos nossos pensamentos e sentimentos não são nossos, na medida em que tomam forma fora de nós; acerca de quase nada pode-se dizer que foi verdadeiramente criado na nossa natureza. Boa parte dessas coisas vêm dos outros ou do ambiente... mas uma parte ainda maior vem da Natureza universal daqui ou de outros mundos e planos, ou ainda dos seres, poderes e influências desses mundos; pois nós somos como que "recobertos" e rodeados por outros planos de consciência - planos mentais, planos vitais, planos de matéria subtil - que alimentam a nossa vida e a nossa acção ou se alimentam delas, que pressionam-nas, dominam-nas e usam-nas para a manifestação das suas formas e forças."

* no texto, estava escrito "o homem" que substitui por ser humano.

IN UMA PSICOLOGIA MAIOR
Introdução à Doutrina Psicológica de
SRI AUROBINDO
DE A.S. Dalal ( org.)

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