O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, junho 21, 2016

AS DOENÇAS...


E O SOFRIMENTO...

"O sofrimento abre nossos olhos, ajuda a ver o que não veríamos de outra forma.
Portanto, só é útil ao conhecimento e, fora isso, não serve senão para envenenar a existência.
O que, diga-se de passagem, favorece ainda mais o conhecimento.
“Ele sofreu, logo, compreendeu.”
É tudo o que podemos dizer de uma vítima da doença, da injustiça, ou de não importa que variedade de infortúnio....
O sofrimento não melhora ninguém (salvo aqueles que já eram bons), é esquecido como são esquecidas todas as coisas, não entra no “património da humanidade”, não é conservado de maneira alguma, mas se perde como tudo se perde.
Mais uma vez, não serve senão para abrir os olhos."


Emil Cioran
in, De l’inconvenient d’être né


"Se as doenças têm uma missão filosófica neste mundo, ela não pode ser outra senão, demonstrar quão ilusória é a sensação da eternidade da vida, e quão frágil é a ilusão de uma indefinição e de um triunfo da vida.
Pois, na doença, a morte está sempre presente na vida.
Os estados genuinamente doentios nos conectam a realidades metafísicas que um homem normal e saudável é incapaz de entender.
(...)
... Só as pessoas que realmente sofrem, são capazes de conteúdos autênticos ...e de uma seriedade infinita.
[...] Toda doença é heroísmo; mas um heroísmo de resistência, não de conquista.
O heroísmo na doença se manifesta por resistência nos bastiões perdidos da vida."



Emil Cioran
in, Nos cumes do Desespero

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