O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, maio 21, 2016

AS DUAS MULHERES EM DISPUTA, a do lar e a de todos...


AS DUAS MULHERES EM NÓS
LILITH E EVA E NO QUE ESSA DIVISÃO SE REFLECTE:


“A guerra entre Eva e Lilith alastra-se e atinge outro nível.
Eva pode ter suas necessidades satisfeitas numa relação. Lilith não pode. Ela tem de fugir. Ela não aceita a dependência nem a submissão. Ela não será acorrentada nem enjaulada. Ela precisa de ser livre, mover-se e mudar. Ela é o aspecto do ego feminino individualizado que só pode desenvolver-se no deserto, sem relacionamentos, sem eros e se...m filhos.”(?)
 Do outro lado temos ainda mais tarde essa mesma divisão atingir duas mulheres na religião judaico-cristã, a Mãe imaculada e Virgem Maria e a amante, Maria Madalena, dada como pecadora arrependida pela Igreja de Roma... e portando temos sempre dois estereótipos a marcar as mulheres nesta divisão secular de a Virgem Santa e a Pecadora...e de novo temos esta luta bem visível, bem patente, nos últimos acontecimentos no Brasil - um Golpe de Estado - em que a mulher só (não casada) revolucionária e pública  foi condenada e a Esposa do lar e recatada do novo "presidente" foi eleita como mulher modelo.


- Ambos estes aspectos da Mulher cindida em duas metades pela sociedade patriarcal, lutam e tem ciúmes entre si nas situações opostas que ocupam na sociedade, agravando essa separação e criando antagonismos perniciosos para a própria mulher em si que se não concebe ou vê inteira, como se a mulher se dividisse em duas "naturalmente" e cada uma para seu lado, eternas inimigas uma da outra, uma pomba, outra serpente, uma imaculada e esposa e santa e a outra desgraçada, prostituta e marginalizada ...
Na realidade o inconcebível, haver dois tipos de mulher e inimigas uma da outra...
Tudo porque Deus criou a Mulher e o homem criou a puta...

Acabar com essa cisão pela integração das duas (três) mulheres, na mulher livre e consciente que sabe que ela é uma só e a sua natureza é una e reúne todos os aspectos da sua feminilidade essencial, sem negar parte nenhuma do seu ser.
Só essa mulher integrada será livre e amante e capaz de assegurar um mundo diferente do que vivemos hoje.
Há que reflectir sobre esta divisão interior da mulher com clareza e ver até ponto ela se alastra há séculos e pune a mulher, todas as mulheres do mundo cristão e não só,  invertendo os polos dessa divisão ou exacerbando os aspectos em separado de uma ou outra...essa luta ancestral das duas mulheres é o que fez e faz ainda os milhares de romances e filmes e até a pornografia que contamina as mentalidades ainda hoje de um sentimentos de ódio da Mulher...
rlp

COMENTÁRIOS

Hélder Pereira: Essas bíblias... esse Deus de Abel e Caim... um instrumento puro de toda manipulação. A semente do que podemos ver hoje. O Deus verdadeiro não é esse, é Deus e Deusa ou um Deus hermafrodita. Acredito que tenha sido tudo pensado ao pormenor. Mas faço uma pergunta Rosa pois fiquei curioso. Lilith no deserto sem relacionamentos nem Eros... É uma nova visão sobre Lilith para mim. A imagem que conheço é duma mulher com muitos relacionamentos e muito envolvida nas paixões.

Mulheres E Deusas Blogue Essa é ideia vulgar que se faz de Lilith e que corresponde mais ou menos a mulher promiscua ou a mulher  fatal, a liberdade sexual adoptada pelas feministas radicais e as lésbicas e ainda pelos góticos...na verdade esse deserto e solidão corresponde a uma necessidade fulcral e actual da mulher de hoje se libertar de todas as prisões e amarras que a prendem ao paradigma da mulher como "objecto de" - seja de prazer seja de procuração - essa Lilith de que se fala por ai é a Lilith mulher pecadora, que come criancinhas e corrompe os homens e que é  e inferior a deus e que cabe dentro da ideia de pecado. Quando Lilith era justamente hermafrodita digo, nem macho nem fêmea, ela concebia filhos de si mesma, e contendo toda a essência do feminino profundo. Isso escapa a todas as abordagem dualizadas ou diabolizadas pelo deus de Abel e Caim pelo deus do bem e do mal que a fez cair a humanidade no pecado ou na desobediência...
Lilith não precisa de homens nem de mulheres para SER, ela é completa em si.
Leia Melusine ou L' Androgine de jean Markale - só conheço o livro em francês...
Lilith tem a ver com o androginato, ela era completa em si, deusa e deus, como diz...por isso foi banida deste plano para assim aparecer uma mulher costela de adão e submissa a toda a linha do patriarcado que se afirmaria a partir destas geneologias humanas...com exclusão da mulher e do feminino - hemisfério direito desactivado e assim perdida a ligação com o ctónico, a serpente, e desfeita a ligação com o cosmos...a Queda!

Sem comentários: