O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, maio 24, 2016

A MULHER INTEMPORAL


O Eterno Feminino


Não há nada mais grandioso nem mais nobre no mundo do que a Força interior de uma Mulher...E quando ela espelha no rosto essa força indómita que vem de dentro e se mostra na nudez da sua alma vê-se nela toda a dignidade e grandeza da MULHER INTEMPORAL...

rlp



Estava a falar com uma amiga ontem - uma amiga que é mãe de 3 filhos...e de como mesmo já crescidos uma Mulher se pode deixar ficar para trás submersa no seu amor e cuidados...como pode esquecer-se de si mesma e iludir-se de como o amor da mãe é quanto baste para uma mulher viver. Esse eu sei é o problema geral das mulheres mães...e que por sua vez cria um vazio nas mulheres que se sentem frustradas se não são mães, como se por isso fossem incompletas. Mas não. Nem uma mãe dedicada e extremosa nem uma mulher amorosa que busca continuamente um companheiro pode colmatar aquilo que só ELA em si mesma e por si pode preencher e a isso eu chamo a Mulher integral.
UMA MULHER É UMA MULHER. E sempre que uma mulher tem essa consciência de si e não se deixa submergir pelo amor dos filhos marido ou amantes ela mantem em si a chama de um fogo não extinto que  não é apenas desejo sexual ou paixão amorosa, mas anseio de ser inteira e ela mesma acima de tudo e de todos por maior que o seu amor seja por eles.
O que aqui está em causa é ela  preencher o seu ser de algo que a sociedade e a família e o patriarcado lhe roubou...a sua essência primeira. A essência da mulher que para além de ser mãe e amante ela é um poder de amor que exala dela força e magia independentemente da família e do circulo que a aprisiona e obriga a viver dentro desses padrões que a limitam ao amor parental, condicionada pelos conceitos, castrada de si mesma e sem ter acesso a essa energia latente que a define como uma mulher inteira, geralmente dividia e em duas naturezas a selvagem aprisionada por um lado a mulher sensual e livre e a esposa cativa do lar e casta e assim mantem a mulher dividia dentro de si mesma obrigando-a a cumprir um papel especifico e definido a partida em detrimento da sua liberdade de ser e de se expressar na sua totalidade.
É essa Mulher oculta na mulher, essa mulher tantas vezes adivinhada, pressentida, que a sociedade não permitiu ser, que não permitiu essa mulher expandir-se, a mulher amante da Natureza, a Mulher amante de si mesma, a mulher amante dos animais, a mulher amante mas que também  é adivinha, que é profetisa, que é feiticeira, que é curandeira e parteira, que foi esmagada e queimada nas fogueiras, essa é a mulher integral, a mulher que todas as mulheres de hoje tem de resgatar ligando-se de novo às forças ctónicas e telúricas da Terra e fazer a ponte com a mulher psíquica de hoje, a mulher culta, a  que estudou e usa também o intelecto e a mente.
A mulher não se pode voltar a perder agora caminhando no sentido oposto ou  contrário da mulher moderna...nem pode negar as suas conquistas no mundo moderno de hoje. Ela tem de ir ao seu passado e resgatar esse poder e essa memória de que foi privada e resgatar a herança das suas ancestrais, mas ela não pode nem deve ficar presa num mundo que já não é a  nossa realidade, como eu vejo tantas mulheres começarem a fazer...ao se virarem exclusivamente para rituais e práticas que as afastam da sociedade e desta realidade.
A minha mensagem - se há uma menagem nas minhas  palavras - é para que a mulher se complete e não que se subtraia, para que a mulher de hoje possa sentir essa mulher atávica que nela dorme, que ela foi outrora mas sem abandonar o lugar na sociedade onde conquistou um lugar ou não. Isto não quer dizer que sirva o Sistema, que não esteja consciente de como o Sistema a escravizou, mas enquanto estiver nele inserida tem de ser uma mulher deste mundo e não apenas do passado para assim poder fazer  essa ponte e passar essa experiência da mulher ctónica que tanto faz falta às mulheres mundanas, completamente alienadas de si e desse eterno feminino, dar um exemplo a essas mulheres modernas que se creem emancipadas mas que esqueceram por completo quem foram e um passado de mulheres livres, verdadeiramente mulheres em todo o sentido da palavra...
E não basta  juntarmo-nos em grupos fechados e ficarmos felizes porque estamos a evocar  a Deusa ou a sua ancestralidade esquecendo o presente e sem nos voltarmos para a vida real e aquilo que nos rodeia e perdermos todo o bom senso.
Acredito que a mulher do futuro é a mulher moderna que recuperou a sua ancestralidade e fez a fusão das duas mulheres divididas em si e integra a consciência do passado com a consciência psicológica  do seu presente e tudo o que descobriu e viveu ao longo da sua vida e da sua experiência humana. É muito importante a mulher não se ficar pela imitação de deusas e sacerdotisas ou xamãs e fazer desses modelos apenas um modus vivendi...ou se tornarem as vendidas do Templo...ou as prostitutas sagradas...comercializando o que devia ser apenas livre e CONSAGRADO À  DEUSA E À MÃE de alma e coração. Sem especulações sem mercados...

rosa Leonor pedro

2 comentários:

Elizabete Santos disse...

Obrigada Leonor por mais um excelente texto que exprime todas as questões fundamentais da Mulher de hoje. Guardei-o! Um texto brutal que dava para tema de um encontro de Mulheres, sempre supervisionado por si, Leonor.
O último parágrafo elucida bem os tempos catastróficos que vivemos, em que qualquer "coisinha" serve para inventar workshops, e cativar mulheres fragilizadas, que andam à procura delas próprias, que acabam por pagar muitas vezes preços que não suportam ou ficam reféns de prestações e ficam frustradas de alma e os bolsos vazios .

rosaleonor disse...

Vamos certamente encontrarmo-nos em breve...
um abraço grande Elizabete