O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, agosto 21, 2015

COISAS DE MULHERES...

A DUAS VOZES...


A NOSSA CEGUEIRA


"A cegueira psicológica é um manto de invisibilidade com que se cobrem actos ou factos que se cometem sobre os outros sem nenhum reconhecimento das consequências que produzem. (...) Algo como isto acontece às mulheres. Milénios a pensar que estas eram "coisas de mulheres" faz com que aceitemos automaticamente certos pontos de vista como a única realidade. A invisibilidade imposta, para as pessoas que as conseguiram quebrar e fazer um buraco na venda, produz uma grande impotência. Qualquer coisa que digamos é logo considerada exagerada, fazendo-te sentir uma fanática, incluindo que te fizeram uma lavagem ao cérebro."*

 

As "coisas de mulheres" - são tantas e tantas  as amarras à nossa liberdade de ser, tantos e tantos os epítetos com que nos marcaram e caluniaram; foram tantas as mentiras com que nos vendaram os olhos e nos levaram a crer da nossa impotência e fraqueza, da nossa inconsciência de ser e até o não termos alma - tantas e tantas coisas que pairam sobre a cabeça da mulher como uma Espada...a espada do patriarcado que corta cabeças e mata e destrói só por detruir, por vã gloria e despotismo e que assim destruiu a civilização do Cálice... o culto da Mãe  e apagou todos os vestígio de um poder e saber antigo inerente às mulheres de uma civilização que foi equalitária; foi assim que destruíram  o Oráculo de Delfos, que mataram a Piton e a Serpente...
São tantas e tantas as sombras que pairam sobre nós mulheres...tantos pesos e culpas...a própria Inquisição matou milhares de mulheres só por serem mulheres e serem belas e bruxas e adivinhas e parteiras e curandeiras...só por serem amantes e sensuais...
Mas o pior de tudo foi nós acreditarmos no seu Deus, na sua religião e mais tarde na cultura e arte do Homem na sua História como nossa e de onde andamos desaparecidas e omissas...
Sim,  o pior foi  nós termos dado crédito aos homens e aos seus livros e termos aprendido a lição repetidas séculos, de que não prestamos para nada e de não valermos nada sem eles e de que não somos seres capazes nem de prazer nem dignas de crédito...sem que eles sejam os mestres...
Nós acreditamos e demos vazão a esse credo - nós rezamos as mesmas avés marias e padres nossos que as nossas avós e mesmo que o não tenhamos feito de há alguns anos a esta parte, essas ladainhas  estão gravadas nas nossas células: "tu não prestas tu não és digna de deus...tu és pecaminosa e desvias o homem do seu grande propósito...Tu és insana e perversa, tu és culpada da Queda e levas os homens ao perjúrio e a abominação", te disseram os homens,  pais e padres - e se não te disseram a ti...disseram-no à tua avó e tu herdaste isso mesmo sem saber e foste marcada como a besta e sofres todos os dias a afronta de seres mulher só porque ÉS MULHER - mas tu mulher já não és mulher sequer - és uma imitação da mulher e tu não sabes o que é ser mulher inteira nem quem és tu por dentro nem como eram as tuas antepassadas antes desta destruição da Deusa e da Mãe e de como todas as mulheres foram crucificadas ao deus pai todo poderoso...e seu único filho...

Mas tu és a Mulher por descobrir por detrás de todas essas coisas de mulher ...
Tu és a mulher por encontrar dentro de ti própria e livre de todas essa canga...

Sim, há muitas coisas de mulheres que nos foram associadas como um fatalismo, como uma sina, como uma condenação...mil pequenas coisas que fizeram de nós escravas doentes e incapacitadas...cegas para nós mesmas...e outras tantas que nos convenceram que somos livres e emancipadas e que só nos condenaram ainda mais à servidão deste paradigma obsoleto que é o patriarcalismo onde impera o machismo e a misoginia mascarada de desprezo onde nunca será livre se não te conheceres a ti mesma e fores inteira... e senhora de ti mesma!

RLP

"Hay muchas cosas de mujeres: la menstruación, el histerismo, hablar de cocina, de la casa, de los niños. Es cosa de mujeres cuidarse de las cosas cotidianas que no tienen valor, la limpieza, las relaciones, el ambiente emocional. Es cosa de mujeres tener miedo a la violación, a salir sola por las noches, a lo qué dirán si vistes demasiado provocativa, o como una monja, si eres estrecha o si eres una zorra. Es cosa de mujeres defenderse del acoso, del maltrato de pareja, de los crímenes pasionales; dar de comer a los enfermos de la familia, ocuparse de la compra de detergente. de la educación, de los dependientes, de mantener el deseo sexual, de la anticoncepción, de que los padres maltratadores mantengan el respeto de los hijos; es cosa de mujeres la responsabilidad de las denuncias falsas, mantener las relaciones vivas y sanas, la ropa y el cuidado de los animales y las plantas, los partos y los puerperios, asistir en agonías de los moribundos, velar los muertos.

Muchas cosas de mujeres que se hacen múltiples veces en el día, en todas las casas del mundo, casi todo en todas las culturas.

Pero nada de eso se valora, aunque ninguna sociedad podría subsistir sin las mujeres y sus cosas.
No se crece, ni se evoluciona pariendo, cuidando. Sólo son importantes los generales y sus guerras. Los políticos y sus leyes. Los bancos y sus monedas. Las iglesias y sus Papas. Sólo se iluminan los que pueden sentarse años en meditación, buscando la iluminación en la sombra de una cueva o monasterio.
No, las cosas de mujeres no son importantes."*


 

1 comentário:

Anónimo disse...

O que é ser mulher?