O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, janeiro 31, 2013

DE ONDE NASCEM OS NOSSOS MEDOS...


 
O Principezinho e a Serpente…
De vez em quando vejo num canal televisivo onde estão a passar uma série de desenhos animados do Principezinho...e a Sua Rosa...E ele vai de planeta em planeta escrevendo à Sua cativa rosa com a sua raposa igualmente cativa todas as suas aventuras. Em todos os planetas em que ele vai há sempre terríveis dramas e problemas muito graves que ele ajuda a resolver...e entre todas as peripécias da aventura do bem e do mal em que ele é o Heróis incontornável, adivinhem quem é a Grande Inimiga, a grande malvada da série, a pérfida e intriguista, a sórdida e bestial inimiga de tão maravilhosa personagem como é para todas nós "O Principezinho" e a sua moral representante da nossa "criança"?

Adivinham ou não adivinham?

POIS A INIMIGA NÚMERO UM DO PRINCIPEZINHO, (aquele menino doce e lindo e louro) a grande causadora de todos os males em todos os planetas...
E são milhões de crianças no mundo que verão essa série, meninas e meninos de tenra idade A AMAR O PRINCIPESINHO E A SUA BONDADE e que vão eles aprender e sentir senão esse medo visceral e o ódio incontido pela GRANDE SERPENTE?
E esta é uma história actual difundida largamente para crianças de todo o mundo.
Como acham que essas crianças quando crescerem vão olhar para uma serpente?

Não se passou com todas/os nós em geral  a mesma coisa quando eramos crianças e adolescentes...esse medo das SERPENTES  e a ideia de mal associado a elas e à mulher como uma sua aliada...Esse medo passou através de gerações e gerações de forma subtil, inconscientemente ou de forma deliberada ...
E que mais podemos nós  mulheres agora fazer senão reaprender tudo e estar bem alerta a essa perseguição da Serpente e da Mulher? E resgatar um novo sentido da vida natural e instintiva...da terra e dos animais...no fundo resgatar o mundo ctónico e a nossa ligação a Terra Mãe...
É que a Grande Serpente é o símbolo da nossa origem remota, da nossa natureza ctónica e das forças telúricas e da terra e é ela que nos liga ao céu...

Pensem e vejam a relação que há entre o catolicismo e toda a acultura patriarcal que coloca há milénios a mulher como o mal ao lado da serpente e como ela a enganou e tentou etc. e depois a mulher ser a culpada da Queda do mundo e da saída do PARAÍSO...etc. e como esta historinha para crianças em pleno sec. XXI faz o mesmo...e tantas outras tal como os filmes de caça as Bruxas, mulheres perversas e más...e assim é a própria feminilidade e a mulher a ela associada que sofre igualmente do efeito desse medo e desse ódio que vem da criança ao  homem...por isso matar uma serpente (ou um gato) e ter medo dela é quase o mesmo do que o medo inconsciente que têm da MULHER profunda e ctónica. NO fundo é esse medo ancestral e profundo, inconsciente, que domina o homem comum  e que o leva  à continua violência doméstica e agressão social à mulher ou mesmo a violar  e matar mulheres...porque elas são sempre as culpadas da sua infelicidade, infortúnio ou falta de amor... etc.
PENSEM BEM NISTO...

 rlp

0 PORQUE DO MEDO DAS SERPENTES?



O MEDO DAS SERPENTES...
Muitas mulheres e homens têm um medo visceral de serpentes...
Eu compreendo. Não é fácil gostar de Serpentes...embora haja mulheres que as sentem e estão muito perto da sua essência...e que, tal como eu que nunca tive medo delas, não sei como é evidente, como reagiria numa situação de "perigo"...diante de uma ao vivo...
Ando há imenso tempo para escrever sobre isso. Mas não é fácil desmontar nem compreender esse medo ancestral por um SER mítico que nos foi sempre representado com o Mal e um terror...

 A Grande Serpente...

Ela está presente em todas as civilizações antigas mas foi perfeitamente denegrida pelo cristianismo secular e aos poucos se transformou num monstro de sete cabeças...tal como Lilith afinal de contas...Não sendo por acaso que está sempre associada a ela…Desde o Mito bíblico da Queda quando Lilith/Serpente resolveu tentar Eva…e dar-lhe de comer a maçã do Conhecimento…do qual podemos deduzir seria ela a detentora (?) até hoje ela aparece sempre como um mal e uma ameaça...
Assim desde os tempos mais remotos até aos nossos dias a ideia e a imagem da serpente perturba os nossos sonhos associada ao pecado e a desejos sexuais recalcados e, de acordo com psicanálise, simbolizando o falo e os desejos eróticos das mulheres… uma lógica muito redutora…como se só a mulher, a pecadora por excelência, tivesse sonhos eróticos e fálicos…

Ora a Serpente é muito mais do que um símbolo sexual ou de mal…

A Serpente para os orientais, hindus e egípcios, e não só, sempre representou muito mais do que uma vaga alusão sexual…pois a vida tinha uma dimensão muito maior do que a mera sexualidade humana, e não existia a visão da mulher como culpada,  que foi e é ainda a obsessão dos ocidentais de formação judaica ou cristã quer seja  dos seus psicólogos como dos seus  filósofos e  teólogos.
A associação da Serpente ao sexo, À MULHER e ao mal, dada como símbolo absoluto do falo para os freudianos é uma forma absolutamente redutora dos nossos tempos de psicanálise de superfície...
Os mitos abordados na perspectiva freudiana e dos seus seguidores  são a forma linear do pensamento patriarcal em que o falo é princípio dominador (o masculino) e em que se assenta o poder do homem e da sua expressão dada com o único sentido e origem da existência do Homem em que a mulher conta pouco ou quase nada...
Essa visão é, além de ignorância profunda da nossa origem ctónica, uma deformação do Sagrado Feminino e do seu Princípio, de acordo com os interesses fomentados pelos patriarcas através das suas religiões e culturas até hoje.
Mas passemos a uma visão mais alargada do Mito e do Símbolo...

rlp

“A Serpente edénica por outro lado é nossa aliada, amiga da humanidade, nos revela o conhecimento e desmascara o pretenso deus. A Serpente é um símbolo sagrado em diferentes tradições, inclusive na tolteca, lá ela é Quetzalcoatl, a serpente de plumas, a serpente emplumada. No Juremal a serpente é uma constante, usando a árvore como proteção e tornando-se miticamente sua guardiã.
O próprio nagual fez extensas pesquisas sobre o tema não encontrando nenhuma referência sobre os voadores em outras culturas mas o tema do voador ou do predador está na essência de uma das primeiras estórias bíblicas, bíblia que é a matriz cultural de nossa civilização, civilização de predadores, bíblia de voadores. E, por sua vez, a história da queda é matriz cultural que dá forma ao padrão de comportamento básico de nossa civilização, o padrão do pecador.

 (…)A Serpente representa a consciência da Terra, é a consciência do mundo natural, feminina e ecológica, representa o eterno poder do feminino, e como somos filhos da Terra, essa consciência também se expressa em nossos corpos, em nosso corpo ela é a serpente Kundalini dos iogues. O objetivo da consciência da Terra é nos conectar com ela para que nos libertemos da mente do predador. O uso sábio e sóbrio de plantas de poder é uma forma de nos conectarmos a essa consciência e promover o despertar da serpente Kundalini. Muitos caminhantes do Xamanismo de plantas de poder não ignoram a capacidade de estimular a Serpente Kundalini de plantas de poder como a Ayahuasca. Algo que exige do praticante grande equilíbrio ao lidar com esta Força. Não é à toa que a serpente é o clássico símbolo da medicina, pois Ela é a medicina contra o parasita que é o predador. Ao nos conectarmos com a consciência da Terra adquirimos a harmonia e a paz interior que implica na cura da mente doentia do predador."

(…)in pistas do caminho

sexta-feira, janeiro 25, 2013

SAUDADE DA MÃE...

 

ASSIM COMEÇA A EDUCAÇÃO DA MENINA NA NOSSA SOCIEDADE FALOCRÁTICA, COMO OBJECTO SEXUAL...E ESSA NÃO É A "MULHER PODEROSA"...MAS A MULHER ESCRAVA E SUBMISSA DOS PADRÕES MASCULINOS


Como diz Ana Vieira,

"Toda a mulher traz nela a saudade de um sentimento permanente, caloroso e terno que lhe transmita a segurança do seio materno. Essa busca leva a que muitas mulheres mudem regularmente de parceiro sexual pensando encontrar essa segurança uterina no homem...ora nada é mais impermanente do que a sexualidade..."


(…)
"penso que há no processo de maturação da menina, um momento extremamente difícil, que se passa de forma brutal e sem compensação: trata-se da separação com a mâe. Nas nossas sociedades, a menina não vive em promiscuidade com as outras mulheres da sua família, o que não acontece noutras culturas. Ela vai à escola, deve-se comportar como um individuo neutro, praticamente como um rapaz. Ela deixa de encontrar o abrigo que é a relação com a mãe. Esta relação arcaica, ela não a encontra de imediato na relação amorosa, porque o marido, ou o parceiro sexual não está lá para servir de mãe. Na relação erótica há eventualmente aspectos carinhosos, de sedução, mas que contêm a sua parte de agressividade e de violência, quando mais nâo seja o acto sexual, este, não se passa como no seio materno.... Tenho a impressão que contráriamente aos homens, a mulher vive de forma mais dolorosa a multiplicidade dos parceiros; isso existe claro, passamos todos por isso, mas é muito mais esgotante para a mulher. Os sentimentos de solidão e de abandono intervêm mais facilmente. Existe a troca de objecto que é a base perversa da sexualidade humana. Perante essa troca de objecto permanente, a mulher sente-se mais ameaçada , ela fica mais próxima da depressão que o homem, este acabando por se sentir um conquistador. (...) Ela conserva nela esta nostalgia de reencontrar uma estabilidade, de se sentir acolhida, de encontrar uma permanência, um lar que represente de forma arcaica a relação perdida com a mãe.”


Excerto da psicanalista JULIA KRISTEVA

"COISAS DE MULHERES"

 
A MULHER QUE NÃO FOMOS E PODIAMOS TER SIDO

ESTÁ NA ORIGEM DE TODOS OS NOSSOS MALES...



Isto pode parecer cruel...e acusatório, mas não é...pois é através da consciência das causas do mal estar endémico da mulher  e das suas ditas manias e esquisitices, as famosas “coisas de mulheres” que sempre nos apontaram como marcas de uma debilidade qualquer…que nós podemos perceber o que está em causa nas nossas vidas e foi o drama das nossas avós e mães tias e até irmãs…para começar, esse recalcamento da verdadeira natureza da Mulher condicionando-a assim a ser mãe apenas ou esposa dedicada e anulada para os seus sentimentos emoções e desejos, foi uma educação de milénios…e que ainda sofremos dela…mesmo que julguemos que não.

No fundo oculto das nossas dores e são tantas e têm tantos nomes – depressão, histeria, esquizofrenia, mialgias, bipolaridade, cansaço, sindromas vários e inexplicáveis…- está a a nossa divisão intrínseca de mulheres fragmentadas, básicamente  em duas espécies viradas umas contra as outra… a esposa legítima a do contrato e a outra a amante a puta de epíteto…excomungada acusada afinal porque representa o oposto da sua frigidez de dona de casa…E mesmo que agora as donas de casa virem prostitutas assim como as prostitutas virem donas de casa ou doutoras…só mudam os utensílios e o sado masoquismo…Daí o sucesso estrondoso (não, não é cordel, é de bordel) do livro pornográfico ou pseudo erótico da "escritora de bordel" E.L. James:
 
De um dia para o outro, As Cinquenta Sombras de Grey tornou-se sensação entre o círculo das mães jovens e atraentes e chegou ao top dos bestsellers do New York Times. Este romance erótico pôs as gravatas cinzentas no primeiro lugar da lista de compras de muitas esposas, na esperança de que os respectivos maridos viessem a imitar a personalidade obsessiva, imperiosa e intimidante de Grey, com muitas a admitirem que o livro lhes despertou um desejo intenso por sexo com os companheiros.”

E agora "as donas de casa desesperadas" querem todas ter a ousadia das prostitutas que odiavam ou tanto invejavam…mas isso não é senão inverter as coisas…não há integração das duas mulheres antes divididas entre a santa e a puta, há uma mera inversão de valores, mas a dicotomia permanece dentro delas nem que seja só no inconsciente.

Ah! Acreditem-me: o ódio ancestral das mulheres umas contras as outras está bem vivo…ele é patente nuns casos disfarçado noutros desencadeado na injúria e no ódio visceral a mulher que exprime a sua sombra e é o prazer e a liberdade de ser…

Os arquétipos de Maria madalena e a Virgem Santa são as duas coordenadas desse "guerra santa" que o catolicismo criou entre as duas mulheres…a amante…e a mãe que o homem comum ainda mantêm…na mulher que "respeita" em casa e na mulher que “deseja" e despeja... o ódio, fora do lar…

Não se atrevam a dizer-me ou a murmurar que não é assim…porque é mesmo assim…que se passa e ao vivo dentro desta espiritualidade “nova era” e dentro das casas de artistas e intelectuais média - classe…
RLP

REPUBLICANDO

quinta-feira, janeiro 24, 2013

A DIVISÃO INTRÍNSECA DA MULHER



“…o Eu existe apenas num estado de potencialidade latente – ao longo da maior parte da nossa vida, ele permanece adormecido dentro de nós e tem de ser devidamente despertado a fim de se tornar o factor orientador das nossas vidas. Este despertar do Eu é como um nascimento – em termos míticos, o nascimento da criança divina.”
(…)
In A RODA DA LUA
de M. Elsbeth & K. Johnson

 

Antes da criança divina nascer eu defendo que tem de dentro da Mulher renascer ela mesma…porque a mulher dos nossos dias, fragmentada e dividida em si, tem de se reencontrar com a outra mulher, a mulher ancestral que foi apagada da história e da vida de todas as mulheres, e fazer as pazes com uma parte de si vital, com as mães e as filhas, com as anciãs, e deixar de considerar a mulher como a eterna rival a esgatanhar e a quem repele quando em luta pelo homem…Esta é uma questão de fundo que poucas mulheres e menos ainda os homens querem considerar como relevante…

É verdade que na maior parte das mulheres e dos homens o Eu verdadeiro, o Eu de profundidade, está adormecido ou alienado e é substituído vulgarmente pelo Ego…que serve a persona (máscara) em vez da pessoa, aliás a pessoa é quase sempre a persona, por isso devia dizer o ser essencial ou a alma…É com essa persona, esse eu aparente, que normalmente os seres humanos negoceiam a sua vida do dia-a-dia e fazem as suas permutas durante uma vida a esse nível superficial…Passa-se isso com o ser humano em geral, mas as mulheres nesta sociedade estão particularmente sujeitas e amarradas a essa máscara ao pintar os vários rostos que lhes são atribuídos pela montra das crenças e das modas e agora do cinema patriarcal, conforme a sua “evolução” e as épocas. Mas se a mulher avançar para um questionamento sério sobre si própria ou se questiona em busca desse eu mais profundo, se se permite entrar em processos de aprofundamento do seu ser, na procura a sua verdadeira identidade, a mulher à partida esquece ou não sabe sequer que uma parte de si foi banida da história e parte para a aventura psicológica ou espiritual perfeitamente mutilada de uma parte importantíssima de si… que é a sua sombra, a mulher sensual tomada como fatal… transformada na megera, perigosa para os homens e a sociedade…ou parte como a muito casta e obediente donzela dos mitos, à espera de ser desperta pelo príncipe! …

Creio que é tempo de termos em conta que a mulher em particular se encontra separada do seu eu verdadeiro, mais do que o homem, por ter sido cindida em duas (a santa e a puta) pela religião católica e consequentemente em todo o mundo ocidental, e por isso mesmo afastada do seu ser de profundidade, enquanto essa divisão específica não se dá no homem. Nunca tivemos o homem dividido entre o santo e o homem puta…só tivemos os cobardes ou os santos e heróis! Sendo assim, a mulher, dividida em duas, em permanente luta consigo própria, sem qualquer consciência da sua cisão interna, na afirmação de um dos lados do seu ser (e eu não digo que a mulher tenha de ser puta e santa, mas integrar a essência dessa divisão que se faz entre a mulher sensual e a mulher frígida) não pode representar uma totalidade e acaba por ser uma imagem vazia de essência e desse modo também não reflecte ao homem a sua anima, o seu potencial inato que está ligado à natureza Mãe, à Terra e por isso não lhe espelha o seu Feminino Sagrado. O lado pagão da mulher, da mulher livre e sensual que foi censurada e reprimida pela igreja de Roma ao longo dos tempos.

Essa situação da mulher, em termos psicológicos, sexuais e afectivos, impede a mulher de se conhecer a fundo e cria uma maior dificuldade para a realização dos seus opostos complementares o que tem também reflexos ao nível do relacionamento amoroso, num amor recíproco. É por esta razão que a mulher é considerada estranha, neurótica ou histérica. Por esta mesma razão, na realização espiritual, não se trata simplesmente de a mulher e o homem se encontrarem com o seu outro lado, porque enquanto a mulher estiver separada de uma parte substancial de si mesma, ela não pode encontrar a sua sombra relegada para o inconsciente, a que não tem acesso dentro da sociedade patriarcal que a afastou da Deusa Mãe, da Rainha da Noite, a Mãe da Discórdia e por isso não lida com a verdadeira mulher.
O problema da mulher e do homem na nossa sociedade não se resolve se cada um encontrar um caminho espiritual mesmo que este inclua e eleve a mulher, se esta por si mesma não se encontrar primeiro com essa parte de si sonegada e a integrar antes de partir para a sua caminhada espiritual. Ela estará sempre longe da sua essência, porque a sua cisão é mais ao nível da sua essência e não da sua persona, como no homem…
A mulher não é superior ao homem nem o homem à mulher, como se fez crer ao longo dos séculos, mas em quase todas as tradições, que não as patriarcais, é a mulher a iniciadora do homem, tanto como mãe que o dá à Luz, como amante que lhe revela a Deusa, o princípio feminino e é essa amante iniciadora do homem que falta nos processos iniciáticos modernos, para além do Tantra que depende da mulher…
Essa divisão interior da mulher, que não acontece no homem, ao não ser considerada à partida, priva-a da consciência da mulher como matriz, faz com que se perca em teorias e práticas sem dimensão cósmica ou telúrica (se ela não for essa mediadora) e assim se repete o erro do catolicismo…a mulher submissa ao homem e dependente, entregue ao seu herói…ao seu astrólogo, guru ou médico…
O homem quer chegar ao Céu e à realização espiritual (como os santos e os padres abominavam mulher!) sem a totalidade da mulher e sem a iniciação sexual …ou com uma mulher diminuída a metade, feita à sua imagem...uma mulher mais homem do que mulher!
Rosa Leonor Pedro
(escrito 2010)

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Entrevista Joumana Haddad | Revista O Grito!


O que você pensa des­tas mulhe­res que, em pleno século 21, esco­lhem ser “mulhe­res obje­tos” e sim­ples sím­bo­los sexu­ais?

Para mim elas não são dife­ren­tes das mulhe­res que usam a burca e dizem que é esco­lha delas. Elas acei­tam ser sub­mis­sas aos valo­res de um sis­tema patri­ar­cal que quer eliminá-las e falta res­peito à sua iden­ti­dade femi­nina. São as duas faces da mesma moeda, a da falta de dignidade.

Entrevista Joumana Haddad | Revista O Grito!*
(*ver na íntegra)

(...)
Você tem von­tade de tam­bém atin­gir o público mas­cu­lino e fazer com que ele mude sua visão das mulhe­res?

Claro, pois eu acre­dito em uma mudança que só é pos­sí­vel em con­junto, com plena cum­pli­ci­dade entre homens e mulhe­res. Não deve exis­tir separatismos.

Na sua opi­nião, a mulher árabe tem mesmo von­tade de mudar ou ela está aco­mo­dada no seu papel de mulher sub­missa e repri­mida?

Existem os dois mode­los, infe­liz­mente. Claro que tem as mulhe­res que são como eu e que lutam para as coi­sas muda­rem, mas tam­bém tem as que são cúm­pli­ces con­tra elas mes­mas e que estão envol­vi­das no jogo da auto vitimização.

Você defende a mulher libe­ral e inde­pen­dente, mas tam­bém a femi­ni­li­dade. Como você lida com isso no dia a dia?

Não acei­tando a chan­ta­gem que ten­tam fazer comigo no coti­di­ano. Também não acei­tando esco­lher entre minha inte­li­gên­cia e meu corpo, entre minha força e minha feminilidade.

O que você pensa des­tas mulhe­res que, em pleno século 21, esco­lhem ser “mulhe­res obje­tos” e sim­ples sím­bo­los sexu­ais?

Para mim elas não são dife­ren­tes das mulhe­res que usam a burca e dizem que é esco­lha delas. Elas acei­tam ser sub­mis­sas aos valo­res de um sis­tema patri­ar­cal que quer eliminá-las e falta res­peito à sua iden­ti­dade femi­nina. São as duas faces da mesma moeda, a da falta de dignidade.

Qual é sua rela­ção com o Líbano e a cul­tura liba­nesa?

Tenho uma rela­ção um tanto pro­ble­má­tica com meu país natal, pois só vi dele, desde de minha infân­cia, vio­lên­cia, guerra, morte e medo. Me per­gun­tam mui­tas vezes por que eu não me mudo para outro lugar. Na ver­dade o motivo da minha insis­tên­cia em viver aqui não resulta das coi­sas que me agra­dam, mas daque­las que não me agra­dam e que eu gos­ta­ria de con­tri­buir para mudar. Me fal­ta­ria cre­di­bi­li­dade se eu cri­ti­casse de fora.
(...)

 

Igual a mim e fiel a LILITH...


Às vezes penso se as mulheres percebem o que as leva ainda a exacerbar os seus ideias e crenças em vez de viver a realidade a partir de si mesmas e do que são capazes na prática em vez de se alienarem em projecções incríveis que nada têm a ver com a sua vida em concreto. Sim as mulheres preferem ainda idealizar mundos e fundos...para fugir a si mesmas e aos seus abismos...Quando não vivem para a moda e para o “amor” de um homem que há-de vir, o príncipe sapo ou o marido ideal, elas preferem, as mais “religiosas”, projectar ou “canalizar” imaginando mundos maravilhosos e totalmente idealizados com um senhor no céu…um extraterrestre que as vem salvar…Ou então se são intelectuais…continuam a acreditar nos filósofos e nos psicólogos que formataram as suas mentes e as tornam dependentes de um Falo…sem o qual nada são, como diz Lacan…
No que me concerne, talvez porque sou mais velha, escrevo e falo de acordo com a minha realidade e em geral tento viver com os pés bem assentes na Terra e olhar em meu redor em vez de especular sobre deuses ou mesmo a Deusa ou sobre o que quer que seja.
Talvez seja por isso que não granjeio muita popularidade e até sou acusada de ser céptica e derrotista...
Pode ser verdade...mas para mim é muito mais importante cada passo dado no chão térreo da nossa vida do que mil passos dados no ar a sonhar...em nome de milagres e deuses/as ou crenças e de outros mundos que não nos servem para nada senão para nos iludir e afastar do nosso caminho pessoal...
Eu me pergunto porque preferem as mulheres toda essa idealização, a fantasia dos mitos e dos seus heróis, a projecção de deuses e anjos, doutros mundos e de coisas fantásticas e inacreditáveis, inverosímeis, que nunca acontecem em vez de acreditarem em si mesmas, em vez de procurarem ser elas mesmas...
Sim eu pergunto porque será assim há centenas de anos, dezenas de anos e elas continuam a acreditar no Pai e no Filho...e renegam a Mãe e a Filha, renegam-se a si mesmas e às outras mulheres, rivalizam entre si, odeiam-se visceralmente, repelem-se umas às outras, e aquelas que lhes dizem as pequenas e insignificantes verdades...Continuam a disputar o macho...a odiarem-se por isso...miseráveis, infelizes, inseguras...fragmentadas…
Sim, eu entendo…porque não gostam de me ler…lembro-me como eu detestava o que a minha mãe me dizia...quando ela me chamava à realidade e me dizia certas verdades a contrabalançar as minhas crenças de adolescente e o meu idealismo de mulher jovem, os meus sonhos e as minhas fantasias sobre o futuro...

 Sim, um dia eu havia de ver com os meus próprios olhos...mas a diferença entre mim e a minha mãe...é que eu pude ver a Mulher que eu sou em essência e em vez de procurar no homem a minha felicidade/escravidão como ela ou seguir os padres, os ídolos e os mestres do passado...e ficar escrava da sexualidade do predador, do medo e do pecado e viver toda a vida como ela, em luta e conflito em dor e em depressão, presa a um casamento infeliz (porque uma mulher separada ou divorciada era uma mulher condenada moralmente e as mais pobres à prostituição...) ou então presa nos filhos e depois nos netos, sem vida própria sem afecto ou auto-estima, presa ao ciclo que se repete há milénios. A grande diferença é que eu sou livre e Sei hoje quem sou...

EU SOU MULHER e não preciso de mais ninguém para Ser... nem de deuses para me elevar aos céus...eu sou Mulher Terra e barro e alma e espírito encarnado...eu Sou Eu...e a Vida pulsa em mim em todas as veias e artérias e o meu coração rejubila na exactidão do que sou...aqui e enquanto viver na terra não reconheço mais deuses nem poderes que não os da Grande Deusa e da Grande Mãe...
Quando será que as mulheres caminharão na terra sem promessas de céu nem de amores ou de prazeres e se focarão em si mesmas como fonte de um poder que nem sonham ainda qual seja...Um poder que lhes daria a força e o ânimo – a força da alma - e a certeza de que não estão sós e a Grande Mãe está com elas...e que enquanto se desconhecerem em essência continuarão devotas de mestres e guias e a acreditar no Pai que as vai salvar e levar para um lugar seguro...longe daqui...

A Mãe está na Terra, Ela é a Terra, ela é cada árvore e cada pássaro e cada formiga...Ela é cada grão de areia, cada lágrima...Ela é cada mulher que se olha nos olhos e firme sabe que a Mãe é a Vida e a Morte e não tem que buscar mais do que a si mesma e ser-lhe fiel por dentro e por fora...E que quando isso acontecer, naturalmente a Paz virá e a Harmonia e o Seu Coração Supremo reinará sobre o medo e os abismos...e uma Nova Terra nascerá...

 rlp

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Na mulher repousa a forma de todas as coisas,




A mulher criou o universo,

O universo tem a sua forma;

A mulher é a fundação do mundo,

Ela é a forma verdadeira do mundo,

Ela é a forma verdadeira do corpo.

Qualquer forma que ela tome

Seja a de um homem ou de uma mulher,

É a forma superior.

Na mulher repousa a forma de todas as coisas,

De tudo o que se move no mundo.

Não há jóia mais preciosa do que a mulher,

Nenhuma condição superior à sua.

Não existe, jamais existiu e jamais existirá

Destino igual ao de uma mulher;

Não há reino nem fortuna

Comparável a uma mulher.

Não existe, jamais existiu e jamais existirá

Lugares santos que se assemelhem à mulher.

Nenhuma oração se iguala a uma mulher.

Não existe, jamais existiu e jamais existirá

Yoga que se eleve ao nível de uma mulher,

Fórmula mística nem ascetismo

Que tenha o valor da mulher.

Não existe, jamais existiu e jamais existirá

Riquezas com mais valor do que o da mulher.

 

SHAKTISANGAMA TANTRA
KALI – A FORÇA DO FEMININO

 AJIT MOOKERJEE

 

 
Com efeito, o mito celta da Mulher pode iluminar-se a uma outra luz se tivermos em conta ao mesmo tempo a importância dada pela psicanálise à identificação com a mãe e a recorrência dos temas das filiações uterinas em todos os textos literários bretões ou irlandeses. Juridicamente, a família celta é agnatícia, mas não de modo absoluto. Os privilégios reservados às mulheres provam-no e são o testemunho duma hesitação entre a família agnatícia e a família cognática, ou seja, aquela que repousa inteiramente sobre a mulher, centro incontestado de toda a filiação e de toda a sucessão.

Esta nostalgia, pois disso se trata, da época cognática exprime-se no direito irlandês, no direito britónico e no mito em geral. Trata-se do testemunho dum recalcamento do desejo secreto de regressar ao antigo sistema, senão nos factos, pelo menos numa espécie de metafísica eivada dum erotismo muito subtil a que somente a psicanálise pode dar uma explicação satisfatória.

Dado que os celtas são, apesar de tudo, Indo-Europeus, consideremos em primeiro lugar a noção de feminilidade dos antigos Indús. O princípio feminino é chamado, na terminologia dos Veda, Shakti. Ora, parece que toda a mitologia bramânica repousa sobre o facto que a divindade masculina nada pode sozinha, e que é necessário que uma divindade feminina a complete para que haja acção. Não existe aqui um deus macho único e cioso das suas prerrogativas. Tal deus também não existia para os outros Indo-Europeus, pelo menos nos tempos primitivos. Podemos resumir simplificadamente a teogonia védica do seguinte modo: no princípio existia Brahma, o Todo indiferenciado, o Absoluto. Mas o Absoluto, sendo absoluto, é incapaz de acção. Esta constatação hegeliana conduz à suposição duma forma relativa de divindade absoluta e indiferenciada: será Shiva. É em Shiva que se concretiza uma das faces de Brahma. Shiva é o ser relativo, mas não podemos conceber um ser sem o seu oposto – ou o seu complemento – e Shiva, que é masculino, que é o legislador característico duma sociedade paternalista, não pode efectivamente sê-lo sem lhe opor um princípio feminino pelo qual ele existe; caso contrário, ele tornar-se-ia Brahma indiferenciado e absoluto. Este princípio feminino, esta Shakti toma a imagem da antiga deusa pré-ariana Kali, ou o rosto de qualquer outra deusa: ela é a esposa de Shiva, ela é etimologicamente “a energia em acção, o dinamismo do tempo”. Shiva está sentado em contemplação interior, fora do tempo e portanto do espaço. Ele é pois o lado passivo da eternidade. E é Shakti que o põe em movimento: a deusa é por consequência o aspecto activo da eternidade.

Para melhor compreendermos, os papéis estão invertidos. Os homens, que se os dominadores do mundo e os reguladores da ordem estabelecida, não imaginam por um instante que o seu poder não é senão passividade e que o poder da mulher, que eles desprezam (mas que também temem e invejam), é o poder activo. Assim se explica que em algumas línguas que conservaram a lembrança de épocas anteriores, o germânico, o celta e o semita, para não falar senão destas, o sol seja feminino e a lua masculina. O Sol representa com efeito o calor activo que se derrama sobre o mundo e que dá vida à Lua, astro estéril que não é fecundado senão pelo Sol. No folclore do mundo inteiro, contam-se histórias a propósito da Lua que engravida as mulheres, advertem-se as mulheres para não urinarem diante da Lua, estabelece-se uma relação entre a Lua e o ciclo menstrual. Este último ponto é de resto muito importante, pois ele indica os períodos de fecundidade da mulher: o que significa que a fecundidade feminina solar precisa do seu contrário lunar, contrário passivo e frio. Isto não é senão um raciocínio dialéctico, mas a história de Tristão e Isolda que fez as delícias de todas as exegeses do amor ocidental, se baseia nesta oposição (…).

Não é preciso referir que a concepção de Shakti, princípio activo da divindade está na origem das numerosas representações de uniões sexuais nas fachadas dos templos bramânicos: todas essas representações evocam, em diversos graus, a união de Shiva e de Shakti. Trata-se do hierosgamos, para o qual tendem inconscientemente todas as criaturas, por sentirem que desta união nasce a maia, o mundo da ilusão, o que significa claramente para um Europeu, o mundo das realidades aparentes, ou ainda o mundo da relatividade.

É para este hierosgamos que tendem todos os heróis das epopeias celtas (…). Porque o herói, mesmo tratando-se dum herói de cultura, e portanto dum herói de ordem masculina, é a imagem de Shiva: nada pode fazer sozinho. Ele não é senão passividade.

É por essa razão que descobrimos nas lendas celtas uma identificação do filho com a Mãe. A identificação do filho com a mãe, como a do amante com a amante, é uma espécie de hierosgamos. Daí provêm todos os estranhos casais da mitologia antiga: Mabon e a sua mãe Modron, depois Owein-Yvain e a sua mãe Modron; Rhiannon e o seu filho Pryderic (…). O casal constituído pela mãe e pelo filho, demasiado chocante e provocador numa sociedade paternalista, foi substituído pelo casal dos amantes no qual se produz entretanto a mesma identificação. O amor que une dois seres como Tristão e Isolda, como Diarmaid e Grainé, como Étain e Mider, é a peripécia simbólica pela qual os amantes acedem à natureza divina: o tema, já muito antigo, é o do mortal que obtém os favores da deusa e por consequência acede ao estádio do divino, sendo a deusa simbolizada pela Mulher Amada, a Amante Ideal, a Amante fatal, a Fada de múltiplas faces, aquela que é cantada pelos trovadores, a Senhor todo-poderosa e soberana.

Jean Marckale, “La Femme Celte”  

sábado, janeiro 19, 2013

A VOZ MATERNA




(…)
“Ouvimos a nossa voz com a garganta.

Ouvimos a voz dos outros com os nossos ouvidos.

A literatura define o que nos permite ouvir a voz do outro com a garganta. Por seu intermédio, o que não se pode partilhar é recebido, comunicado directamente de mundo íntimo para mundo íntimo.
É assim que a comunicação literária passa através da voz irreconhecível.
A literatura, à superfície social do tempo, certamente, mas também na profundidade vertical da experiência íntima, está ligada à impossibilidade de reconhecimento.
Sugiro, por fim a que a oralidade silenciosa corresponde provavelmente à voz impossível entre os vivíparos. A voz impossível é a que pertence ao corpo do primeiro mundo, a que nada na água do ventre materno, ignora o ar atmosférico, ignora o sopro que nesse ventre começa a erguer-se, ignora a pulmonação que nesse ventre ocorreria, ignora o ritmo que, a partir dessa saída para o ar inverosímil, galgaria o pulsar do seu coração.
O pequeno vivíparo não tem capacidade de emitir voz no sopro: Por isso ouve. É mera obediência. Ouve sem nunca ter pensado em falar. Ouve a voz materna, que não pode voltar a captar.


A literatura e a voz da garganta, a voz que passa directamente de garganta apra garganta, de angústia para angústia, a voz sem lábios nem ouvidos, ou ainda a oralidade sem pulmões, a "psique anaeróbica", tem a ver com a mulher impossível de conhecer, a mulher, por isso mesmo, irreconhecível, a mulher que precede, a mulher que espera um filho. A mulher grávida, a mulher gorda, a mulher cada vez mais gorda das grutas do Paleolítico, tem a ver com a mulher invisível: é a mulher da cena final. Por outras palavras, a mulher-cepa tem a ver com a mulher de Outrora, quando copulava com o pai. Ora, ninguém viu a cena que o gerou, para poder afirmar que reconhece os traços dos rostos que se uniram e a que os seus próprios traços tão estranhamente correspondem.”

In Histórias de amor de outros tempos
Pascal Quignard

sexta-feira, janeiro 18, 2013

A MÃE DO MUNDO

 
 
Não. 
 
Hoje, não vou fazer prosa nem poesia...
não vou falar do fogo nem da paixão,
da fé e de devoção...
Ou da extrema solidão d' alma
que me enche o peito...
...
Não vou falar de Lilith...
ou da Imaculada Concepção...

Vou falar da dor que me atravessa
como uma espada de  sete pontas
o corpo da cabeça aos pés
que se crava no meu coração...
Ela não sangra...mas é vermelha
e cobre-me há muito 
como um manto iniciático...
 
Eu conheço-a desde que me lembro...
Era eu ainda criança...quando ela se anunciou
e nunca a vida inteira me deixou.
Não conheço companhia mais leal...
nem amiga mais fiel...
E sempre que me dizem: ri-te,
eu choro por dentro,
porque me lembro dela desde que nasci...
e nunca, nunca a trairia...
Ela é uma amante sagrada a que tenho...
A Mãe do Mundo
Colou-se a mim na sua dor infinita
e nunca me deixou "ser feliz"...
2013
rosaleonorpedro
 

MUDANÇA DE PARADIGMA...



"SONHOS, ILUSÃO E OUTRAS REALIDADES"
de Wendy Doniger O' Flaherty



..."O processo de mudança de paradigmas está intimamente relacionado com o processo de conversão religiosa:
Estes factos...foram frequentemente usados para mostrar que os cientistas, meros seres humanos, nem sempre conseguem admitir os seus erros, mesmo quando confrontados com provas rigorosas. Eu argumentaria, pelo contrário, que nem a prova nem o erro estão aqui em questão. A transferência de lealdade de paradigma é uma experiência de conversão que não pode ser forçada.
Esta experiência de conversão surge muitas vezes a meio da noite ou mesmo durante o sono."

quarta-feira, janeiro 16, 2013

PORQUÊ ESTE ÓDIO À MULHER?




"Os ídolos imemoriais foram derrubados e foi preciso destruir, junto com eles, seu suporte: a mulher-mãe, a mulher-deusa, a mulher-fêmea, a verdadeira mulher.

As pessoas cultas denunciam hoje as atrocida­des do colonialismo recente: os indígenas aniquila­dos, os feiticeiros africanos extintos, as civilizações negras martirizadas. Mas não falam de nossos anti­gos totens, que foram derrubados! De nosso Deus, que foi aviltado e perseguido! De nossas sacerdoti­sas, que foram exterminadas! De nossa mulher, que nos foi subtraída! A velha Europa também foi colo­nizada e desfigurada. Sim, senhores, ouso dizê-lo. Do ponto de vista puramente antropológico em que me situo, a história da Igreja cristã é a história de uma guerra empreendida pelo estrangeiro contra um cul­to nativo muito antigo, muito poderoso, muito pro­fundamente arraigado e de um crime bem-sucedido contra toda a raça humana fêmea. Nós perdemos nossa metade, senhores. Como demonstrarei, ela foi morta."


 
HÁ DIAS ASSIM...
 

Eu hoje Vejo e Sinto o sofrimento das mulheres na minha pele, pesam-me as dores das mulheres do mundo inteiro…sinto no corpo as dores acumuladas de gerações e gerações de mulheres, de mães e filhas e avós e tias e mães e irmãs e filhas, e mães e amantes, e filhas escravas e meninas escravas e concubinas velhas, todas usadas em sofrimento visceral, violadas sexualmente, abusadas emocionalmente, desrespeitadas como indivíduos, tratadas como servas e animais de carga no mundo inteiro…
Eu hoje vejo  e sinto o sofrimento das mulheres e crianças e como sempre foram e são sacrificadas ainda ao prazer malévolo e satânico dos pais pederastas, bispos e padres…sempre as mulheres e as crianças alimentando as bestas…
Eu hoje vejo…a dor a roer as mulheres por dentro: no seu silêncio amargo...
no ódio recalcado, na fibromialgia, na bipolaridade agora na moda mas já antes na histeria e na esquizofrenia…e no cancro e na depressão e na angústia pessoal que sofrem diariamente milhares ou milhões de mulheres no mundo…e nada muda…
Hoje acordei assim…com o peso no corpo de todas as dores…e pensei como as mulheres são impedidas de viver por si mesmas de respirar...impedidas…de serem elas mesmas…
E vejo como as mulheres são pressionadas e julgadas todas por tudo e por nada e são elas sempre os bodes expiatórios de todos os males e de todas a guerras…como o são em casa no trabalho e na rua…
E vejo como o cinema e os filmes e as telenovelas as retratam…o abuso a violência e o crime perpetuado ad náusea…
Vejo a campanha denegridora da mulher diariamente em todo o mundo…igual na China na India e na América ou no Brasil, na Europa e Portugal, cada vez mais violência contra a mulher…cada vez mais crimes e mais mortes…violações e abusos...repito-me sim...
Ainda ontem vi o anúncio de uma nova telenovela portuguesa "Destinos cruzados"? E o destaque era: duas mulheres a puxarem-se os cabelos a eterna luta pelo macho, desgrenhadas e agredirem-se violentamente uma à outra...esse é slogan, o anúncio macabro de uma nova história de horror e miséria, à portuguesa, mas as brasileiras e mexicanos também não variam como não variam as americanas...
 
LI EM TEMPOS QUE SERIA ASSIM, MAL A Mulher começasse a despertar, o perigo de violência contra ela aumentaria e a mulher seria ainda mais perseguida E de forma brutal como o foi na India a jovem abusada e morta por 6 muçulmanos...e também o é de formas subtis através de propagandas dissimuladas contra o mal…subliminarmente ministradas na publicidade e no cinema e nas telenovelas…

TODOS OS DIAS E EM TODOS OS CANAIS...

Há Uma campanha INVISÍVEL para a destruição maciça do SER MULHER…passando pelos químicos há muito ministrados, os comprimidos e as pílulas e as vacinas e por fim as operações mundiais contra a mulher ditas de “prevenção contra o cancro do colo do útero” que não são senão um atentado a esse poder interior do útero da Mulher começando por anular nas jovens a sua força em expansão e a sua liberdade que os ameaça. E este movimento das forças involutivas ou do governo mundial da Sombra…o que seja essa realidade que agora destrói economias e Países, cria a crise artificial e não quer a liberdade nem o Amor – Magia de que a Mulher e só a Mulher é capaz.
A mulher é a Mediadora por excelência das forças cósmico telúricas, a mulher tem esse poder de ligar a Terra ao Céu e libertar a Terra desta escravidão se ela ACORDAR PARA SI...

rlp

A serpente tentadora é também redentora...



"Os filhos dos deuses não se enamoraram pelas mulheres da Terra? E isto não foi a queda dos anjos? O amor terreno é incompatível com o amor celeste? Quem pode conciliar em si o céu e a terra em tremenda alquimia?

Jesus morreu por causa da paixão, não só por Madalena, mas pela humanidade. Maria Madalena expressa a humanidade com todas as suas qualidades. Paixão sublime e paixão humana em cruz. Morte na cruz, símbolo da união entre o masculino e o feminino, entre o falo e o útero, a paixão crística, o caminho gnóstico.
 
Adão e Eva morreram por causa da sedução da serpente ao serem expulsos do paraíso por um deus que os impediu de provar da árvore da vida, geradora do fruto da eternidade. A partir daí eles geraram filhos e filhas e por isto que o primeiro livro chama-se gênese. Gênese da queda, da morte e da dor da separação. Gênese 3, três, a Imperatriz do Tarot, a geratriz.
 
A serpente é o símbolo clássico da libido, da força geradora, da energia criadora. Em sua forma de Ouroboros é o símbolo da eternidade. A serpente tentadora é também redentora, pois caímos por onde se pode subir. A paixão nos precipita e nos arrebata.
 
Aqui há mistério, há desafio, arcanos dentro de arcanos: Morte, Temperança e Diabo; 13, 14 e 15. 13 + 14 + 15 = 42 = 6. Os Amantes, os Enamorados, Adão e Eva diante da escolha entre o vício e a virtude, entre a serpente tentadora e a serpente redentora. Só a consciência unificadora da dualidade permite uma escolha precisa, equilibrada e vitoriosa, pois as duas serpentes são uma só força.
 Quem poderá compreender isto?"
(...)

fernando augusto - in pistas do caminho

sexta-feira, janeiro 11, 2013

O PERIGO DA IMPORTÂNCIA PESSOAL...


OS NOSSOS DEMÓNIOS...

(...)

 
 
 
- "Quem são esses oponentes?
Demónios, seres perigosos de outros mundos?
Os mais perigosos estão em nós, são eles que podem abrir a porta da fortaleza quando o exterior tenta atacar. Se eles forem vencidos os exteriores perdem seu poder. Aos que buscam o conhecimento quatro já foram apresentados: O medo, que paralisa, a clareza que cega, que gera a arrogância de tudo saber, esquecendo que num mundo em expansão o aprendizado é constante, o Poder que fascina e aprisiona criando marionetes que se julgam entes poderosos quando na realidade servem os que julgam dominar e a velhice, compreendida como a incapacidade de por em atos o que sabemos. São inimigos constantes, nunca totalmente vencidos, sempre prontos a voltar e tomar o controle da situação. A importância pessoal é apontada como sua principal arma.

Há uma estratégia fundamental nesta luta: Desmontar as rotinas da vida, para estar atento a cada momento, sem entrar no "piloto automático". Apagar pouco a pouco a história pessoal. Essas são as práticas mágicas ensinadas ao aprendiz. E embora pareçam a alguns tolas, quem ousa realizá-las compreenderá que esteve tecendo sua capa mágica, que esteve forjando sua arma mágica, que se chamará Implacabilidade e também esteve trabalhando seu escudo, a ausência de importância pessoal, que tem sua chave na ausência de piedade por si mesmo. Quando a estratégia da ação abrange o ser implacável, paciente, astuto e gentil sabe o aprendiz que chegou num ponto decisivo. Sua energia acumulada expulsa sua percepção da condição "normal" que até então era mantida."

 (...)

 nuvem que passa - in pistas do caminho

 

É PRECISO SENTIR...

 
 
“É preciso sentir para dar significado à experiência. E é o significado que leva a escolhas e percursos no imaginário e no real.” - António Coimbra de Matos

Mais amor menos doença - Climepsi

É preciso acreditarmos que tudo o que conhecemos faz parte desse sentido pessoal que damos às nossas experiências e que elas, por vezes, são mais fortes do que nós e não se permitem ser alcançadas.
É precis
o acreditarmos que mesmo que nos pareçam indecifráveis, resta-nos aumentar o nosso campo de consciência e pelo contato com os nossos sentimentos, poderemos captar o gozo pleno das coisas. E na existência da dor, deixarmo-nos confrontar com o significado desse sofrimento, em vez de o evitar. É preciso sentir. É esta procura de um encontro individual consigo próprio, que espreita de um lugar intuitivo e instintivo, mas que nos permite a segurança interior das escolhas.««« 


Publicado por cristina simões - in incalculável imperfeição

quarta-feira, janeiro 09, 2013

O QUE AS SOCIEDADES DE HOJE
NEGAM ÀS MULHERES...
 
 
 
"No séc. XVII, desencadeou-se, como se sabe, uma campanha de extermínio contra estas mulheres, que passaram à história convertidas em bruxas. A natureza sexual dos jogos e círculos femininos foi também estudada a partir das letras das suas canções que chegaram até nós (1). O hábito quotidiano das mulheres se juntarem “para bailar”, e para se banharem, é ancestral e universal, e dá-nos um vislumbre do espaço coletivo de mulheres impregnado de cumplicidade e baseado na intimidad...e natural entre mulheres, que hoje apenas prevalece em recônditos lugares do mundo. Em África, existem aldeias onde as mulheres ainda se reúnem à noite para dançar (bailes claramente sexuais, como se pode ver numa reportagem do Sudão (2). A imagem das mulheres do quadro “o Jardim das Hespérides”, de FredericK Leighton (séc. XIX) é outro vestígio dessa relação de cumplicidade e de intimidade entre mulheres.

Os hábitos sexuais das mulheres remetem-nos para a sexualidade não falocêntrica das mulheres; para a diversidade da sexualidade feminina, e a sua continuidade entre cada ciclo, entre uma etapa e outra. Uma sexualidade diversa e que se diversifica ao longo da vida, cujo cultivo e cultura perdemos. (…) Vivemos num ambiente em que o sistema libidinal humano, desenhado filogeneticamente para travar relações humanas, está congelado. Hoje as mães vivem longe das suas filhas e as avós vão de visita a casa d@s net@s; a pessoa de família que nos dá a mão quando adoecemos vive no outro extremo da cidade, e mal conhecemos o vizinho ou a vizinha"
(…) -
 
Cacilda Rodrigañez BustosVer mais

segunda-feira, janeiro 07, 2013

NA ÍNDIA, AS MULHERES APRENDEM A DEFENDER-SE!

MAS, MAIS IMPORTANTE, ELAS DEFENDEM AS OUTRAS MULHERES DA VIOLÊNCIA DOS HOMENS...



Gulabi Gang:

Mulheres de cor de rosa lutam pelos seus direitos na Índia
 

"Para as mulheres da Índia, o medo é um companheiro constante. Haverá poucos lugares onde a vida seja tão curta e brutal como em Bundelkand, uma das regiões mais pobres da Índia.

Anualmente 200.000 mulheres são vítimas de violência na Índia. Mas esta é apenas a ponta do icebergue. As autoridades não registam os casos de violência contra mulheres. Sobretudo nas regiões do interior as mulhere...

s não sabem a quem se dirigir quando são vítimas.

Em Bundelkand, um grupo de mulheres resolveu lutar contra esta espiral de violência e silêncio. Em grupos, estas "Robin Hood" vestidas de rosa choque, dirigem-se à polícia, aos tribunais ou aparecem sem aviso nas famílias onde as mulheres são maltratadas. Entretanto, tornaram-se heroínas populares."


(Anwar Jamal Ashraf e Nina Haase acompanharam estas mulheres que formam o Gulabi-Gang. Um Contraste apresentado por Helena de Gouveia.) in facebook

sexta-feira, janeiro 04, 2013

"EU SOU MULHER, EU SOU VIDA".




UM EXCELENTE TEXTO ACTUAL ESCRITO RECENTEMENTE
POR ROSANE VOLPATTO
SOU BRUXA

 Graças a liberdade de expressão e a internet que nos oportuniza alcançar uma esfera maior da população global, posso nesse momento falar clara e abertamente sobre quem somos e o que fazemos.
Sinto-me no dever de informar a toda a sociedade sobre toda a verdade da Arte tão antiga quanto o próprio homem. Muito embora, as bruxas, nesses últimos séculos, tenham permanecido incógnitas e secretas, acho que tal atitude pesou contra todas nós, pois só quem fala ainda hoje sobre nós, são os que não nos conhecem ou nos odeiam. Portanto, é necessário que falemos de nós mesmas e a respeito de nós mesmas, pois nada mais temos para ocultar.
Eu sou uma bruxa que utilizo meus dons para curas psicoterapeutas, um misto de magia com ciência e tenho conseguido excelentes resultados. Assim como eu, existem muitas outras, que trabalham incansavelmente para cumprirem suas missões de ajuda solidária para com a humanidade.
Todas nós (bruxas), praticamos muitas das mesmas artes que serviram de base para cultura humana e que foram consideradas sagradas para a Deusa. Cozinhamos, costuramos, manipulamos ervas, hoje com o conhecimento científico de todas elas, fazemos fogueiras, instalamos altares, recitamos preces e cânticos, realizamos rituais de cura, tudo que nossas avós neolíticas já fizeram.
Meu propósito, com esse artigo, é também, trazer à percepção consciente aspectos da natureza feminina que foram deturpados, desvalorizados ou perdidos no inconsciente.

A DEUSA E O PATRIARCADO

A centralidade da mulher jamais poderá ser negada, pois só ela possui a capacidade de dar a luz, de produzir o leite para nutrir a vida e de sangrar com as fases da lua. Esses fatos, foram definitivos para que os observadores primitivos notassem que tanto a mulher quanto a natureza repartiam entre si o papel de Grande Mãe.
Os seguidores da Velha Religião acreditam que o universo foi criado em êxtase a partir do corpo e da mente da Grande Mãe.
Entre os celtas, originalmente, o sacerdócio era todo feminino e, tais sacerdotisas eram chamadas de druidas. A palavra "druida" é derivada do grego "dryad", uma "ninfa do carvalho". O termo também era aplicado às sacerdotisas de Ártemis.
O saber druídico foi transmitido oralmente, mas investigações contemporâneas nos levam a crer as práticas mágicas dos mistérios driádicos dos gregos, passando depois pelos druidas, manifestam-se hoje nos conjuros e sortilégios das modernas bruxas.
As sacerdotisas druidas da Grã-Bretanha estavam divididas em três classes. A classe mais alta vivia em regime de celibato em conventos. Essas irmandades alimentavam as fogueiras sagradas da Deusa e foram assimiladas na era cristã como monjas. As outras duas classes podiam casas e viver nos templos ou com seus maridos ou famílias. Com advento do cristianismo, foram chamadas de "Bruxas".
Com a chegada das religiões patriarcais, os Deuses solares tornaram-se heróis e as Deusas da Terra e da Lua passaram a ser as vilãs. A própria história da criação, que falava de nascimentos partenogenéticos e nascimentos de seres andrógenos, passaram a ser provenientes de uma fonte masculina. São vistas Deusas brotando das coxas e cabeças dos Deuses e não mais de um ventre feminino. Até a Eva, primeira mulher humana, agora nasce de uma costela de Adão. Em uma versão dessa lenda na Mesopotâmia, Eva dá à luz a Adão e faz dele seu cônjuge, de acordo com o mito Deusa/Filho. É bem mais sensata essa versão, já que o útero feminino é o local que reúne todas as condições de gerar vida e não um pedaço de osso de costela de Adão, concordam comigo?
Em alguns livros das Escrituras judaico-cristãs que foram rejeitadas do canône oficial, Adão admite que Eva lhe é superior:

 -"Ela ensinou-me a palavra do saber".
Num texto gnóstico, Eva é a Mãe de Todos os Viventes e foi quem realmente criou Jeová. Em outras versões, Eva repreende e pune Deus por Seu cruel tratamento dos seres humanos.
Nós Bruxas, achamos interessante o nome de Jeová ser formado por quatro letras hebraicas: Y0D-HE-VAU-HE. A primeira, "YOD", significa "eu", as três significam "vida" e "mulher". O nome de Jeová é portanto feminino e significa:

"EU SOU MULHER, EU SOU VIDA".

E, à medida que a concepção religiosa foi se afastando da Grande Deusa, tudo que estava associado à terra, corpo, sexo e mulher, tornou-se sujo, impuro e maléfico. Assim,a natureza humana como terrena, e o terreno, e com ele o feminino, passam a ser caluniados como repulsivos e envenenadoramente maus.
Pois é, mas tanta insensatez não para por aí, os historiadores da religião interpretando à luz de seus valores patriarcais, argumentaram que a evolução do politeísmo para o monoteísmo era uma marca do avanço da civilização. Mas, o que realmente aconteceu com a chegada de um único Deus, foi a degradação da Terra, da mulher e do sexo.
 Além disso, as culturas que se desenvolveram em torno de um Deus Pai autoritário oprimem todos os que não se enquadram a imagem do homem adulto e todo-poderoso: as crianças, os gays e as comunidades não-humanas da vida animal, vegetal e mineral com quem convivemos e compartilhamos o nosso planeta.
As incursões patriarcais só surgiram com o desenvolvimento da metalurgia, em 2.500 a.C, aproximadamente. Mas as culturas matriarcais, que eram devotas a Grande Deusa, não desapareceram de um dia para outro, mas foram lentamente erodidas pela própria natureza da nova guerra.
A revolução patriarcal da Idade do Bronze coincidiu com o início da "escrita". Entretanto, o patriarcado é um desenvolvimento bastante recente nos últimos quatro mil anos, comparada com as centenas de milhares de anos em que os seres humanos viveram as sociedades matriarcais.

 BRUXAS, COMO SÃO ELAS?
Cada cultura teve seus visionários. Eles são encontrados nas histórias da Suméria, de Creta, da índia, do Egito, da Grécia, da África, das Américas, etc. Na Europa ocidental, pareceram com os druidas, que eram sacerdotes e sacerdotisas da raça céltica cujas origens ainda estão envoltas nas brumas da história. Essa é minha descendência, pois minhas ancestrais vieram da Irlanda e da França, uma região onde a sabedoria e magia celta era muito difundida. E, ainda hoje, é dos costumes espirituais celtas que deriva boa parte da Arte praticada pelas bruxas modernas.
A própria palavra "bruxa" (witch, em inglês) é maravilhosa, pois traz lembranças até ao espírito mais cético. No anglo-saxão antigo, a palavra "wicca", referia-se a uma vidente, ou aquela que poderia prever o futuro por meio de magia.
A palavra "Witch", origina-se da antiga raiz germânica "wit", que quer dizer "saber". Novamente temos as bruxas associadas à pessoas de muito saber, ou seja, versadas em verdades científicas e espirituais.
Em muitas línguas, Bruxa é a palavra usada nos termos comuns e cotidianos para sabedoria. É a sabedoria que enriquece a alma, não apenas o espírito. E, quando o cérebro deixar de existir, somente a sabedoria da alma sobreviverá.
Nós bruxas, somos criaturas humanas, rimos, sonhamos, sangramos e vivemos nesse mundo. A magia que usamos é parte de uma sabedoria universal.
Nossa magia jamais foi usada para praticar o mal e todos nossos rituais são orientados para a fertilidade e para reverenciar o Deus Cornífero e a Tríplice Deusa com cânticos, danças, meditações. Nossa Arte é uma religião organizada, que nada tem a ver com o culto do diabo.
Talvez, a maior das missões das Bruxas desse século tem sido provar que as práticas pré-cristãs não se extinguiram com a chamada dos povos pagãos à Igreja e, ainda, mostrar de forma convincente que o Deus Cornífero de nossos ancestrais não era o Satã cristão.
Não é difícil distinguir a Feitiçaria do satanismo. As Bruxas usam o pentáculo com a ponta para cima. Os satanista invertem-no com a ponta para baixo, tal como invertem o crucifixo. As Bruxas jamais usam crucifixo para qualquer fim, seja na posição correta ou invertido.Nunca usamos o 666. Não sacrificamos animais para qualquer fim. Não dizemos o Pai Nosso de trás para diante, não celebramos Missas Negras ou de qualquer outra cor. Também não usamos crianças em nossos rituais e não projetamos danos físicos a quem quer que seja. Além disso, não recrutamos ou fazemos proselitismo. A Feitiçaria é uma Arte que todos praticamos, quando estamos em total harmonia com a Natureza, quando não permitimos que maltratem um animal ou quando impedimos de sacrifiquem uma árvore, pois nossa religião é ecológicamente correta e hoje a nossa maior preocupação é a preservação das espécies e de nosso planeta.
Muitos são os que dizem que hoje a bruxaria está em moda, talvez por influência de filmes como os de "Harry Potter", onde o arquétipo do Mago ressurge nesses pequenos aprendizes de magia, que estão encantando pequenos e adultos. Também a Trilogia do Senhor dos Anéis, com elfos, hobbits, magos,orcs e trolls, surgiu nas telas do mundo, para despertar o homem para o real estado das coisas e de nosso papel neste mundo.Talvez nem todos entenderam a verdadeira mensagem, mas que ela foi dada, ah..isso foi!
Nós bruxas, não só compreendemos, mas vivemos a visão espiritual dos nossos ancestrais, que reconheceram o poder divino na Terra e nos processos naturais. Todas nós possuímos conhecimentos e técnicas para realizar nossos próprios poderes divinos, tão necessários para viver em harmonia com a criação.

ROSANE VOLPATTO