O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, setembro 10, 2013

SOU RADICAL...



PORQUE GOSTAM TANTO OS HOMENS
DE FALAR DAS E  PELAS MULHERES?
(...)
“Aquilo que eu não percebo (entre todas de que falei sem conseguir percebê-las) é porque é que as mulheres que hoje têm 80 anos se elogiavam umas às outras com o mesmo à-vontade (e, se calhar, frieza) com que as mulheres mais novas cortam nas casacas (como se as mulheres tivessem tal coisa) umas das outras.
Parece-me, como humilde estudante, que a razão é a mesma: as mulheres têm medo umas das outras. Respeitam-se. Invejam-se. Enciúmam-se. Gostem ou não gostem.
O medo, o respeito, a inveja e o ciúme são independentes do afecto. É neste aspecto que nos falta, a nós, homens, o aperfeiçoamento genético, de Adão para Eva, que nos permita reter o melhor e o pior dos dois mundos. Há o mundo do que se faz e diz. E há o mundo do que se sente e acredita.
Nós temos de escolher entre os dois, a cada momento. Elas não. Elas têm o triunfo e o castigo de terem tudo ao mesmo tempo.
Incluindo nós.”
  - Miguel Esteves Cardoso - in 'Como é Linda a Puta da Vida'

 

Este texto é muito bonito...e muito autêntico, o autor muito sensível, mas ele não toca nem de perto nem de longe na origem dessa rivalidade entre as mulheres, dessa inveja, desse ciúme entre mulheres, nem querem ver a razão dessa cisão e dessa competição entre elas, independentemente das idades. E nenhum homem vai perceber...nem aceitar. E não basta amar ou ser amado/a para perceber ou saber népia nenhuma...irritam-me os homens que julgam saber da mulher...embora os prefira aos machistas...e não digo que não haja algum homem de facto honesto, porque os há,  mas não sabedor da mulher...
 

Há séculos que lemos  filosofias, teologias e montes de psicanalistas e psicanálises sobre as mulheres…lemos os seus manuais sexuais, as suas teorias e os seus romances: e eles disseram coisas horrorosas…ou coisas fabulosas, tudo sobre a mulher: como ela devia ser e comportar-se e porquê era assim e assado...que era uma coitada e uma megera, uma puta, uma bruxa ou um anjo etc. Uns por inveja outros por ódio disseminaram as mais variadas ideias e filmes sobre a mulher,  mas creio que estes que são muito "queridos e amantes" são os mais perigosos porque induzem as mulheres precisamente  no que eles pensam e querem...por isso o que eles dizem - sim sou radical - não me convence nada...Uns até se intitulam "feministas"...e  o que é facto e eles sabem disso, é que elas vão logo atrás desse amorzinho...no princípio são só rosas...e no fim, sinceramente, no fim, quando não dominam e não obtém o que querem, submissão completa, servilismo, seguidismo, odeiam e violentam a mulher...e quantos até não lhes matam os filhos…e a elas?
Creio que nenhum homem consegue escapar à regra secular e por lei, do seu domínio sobre a mulher e estes discursos só servem para entreter e comover a carência feminina, para preencher o seu vazio visceral. Desculpem as minhas amigas mais novas a velha matreira que sou...e que nunca nenhum homem enganou...Lembro-me no meu tempo, quando se dizia "ele enganou-a" - "pobre rapariga...a sua honra está perdida...e lá ia ela para a "linda" vida de puta..."

Não era este um filme dos anos 50/60 ainda?

Sim, graças à minha mãe que sofreu tudo o que tinha a sofrer, tal como quase todas as mulheres da sua geração,  e a um pai tipicamente macho, eu, sempre alerta, aprendi a ser eu própria. Por isso nunca fui na "cantiga do bandido"...também adolescente e já mulher  me apaixonei e desejei homens, mas cedo soube o preço a pagar pela minha liberdade e individualidade como mulher e esse é um preço muito alto...e sei que nem ainda hoje (passados 40/50 anos) as mulheres raramente estão dispostas a pagar, pois de algum modo teriam de renunciar a essa velha ilusão que reina do amor do homem e da sua protecção...mesmo com as estatística da violência doméstica e da morte crescente de mulheres assassinadas pelos "companheiros"...
E o que mais me enerva e irrita ainda e não aceito de maneira nenhuma, é que uma mulher dos nossos dias  me venha com a conversa do feminino sagrado ou do amor incondicional ou seja qual for a “tantra” ou a treta da actualidade, quando está completamente manipulada por um homem que faz dela o que quer, que a violenta e ofende...que a vampiriza e ela se submete como uma gueixa...sem uma queixa...pelo "prazer" ou pelo "amor" dos filhos ou o que seja a sua desculpa para manter-se prisioneira da "besta"...e já nem falo das intelectuais, das "eruditas" porque essas têm a teoria toda invertida e são quadradas...
 
A coisa mais certa que o autor diz neste texto é que ele não sabe nada de mulheres…e não sabe, porque na verdade nem as mulheres ainda sabem de si…Esse é que é o drama  e uma  verdade a que temos de fazer face, cada uma de nós, com a maior honestidade… se não quisermos continuar a ser divididas e vivermos umas contra as outras...em defesa do homem...contra as filhas ou a mãe, as noras e as amigas, sempre potenciais rivais na luta pelo amante marido ou pelo filho macho, no Reino do Deus Pai...
rlp

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