O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, julho 17, 2013

A RIVALIDADE DAS MULHERES...



AS MULHERES TÊM DE TER "RÉDEA CURTA..."

Há certos trechos que escrevo aqui que são baseados nos comentários que muitas vezes  faço no Facebook e depois desenvolvo no Blog Mulheres & Deusas...como é o caso de um último que aqui partilhei sobre as relações entre as mulheres serem potencialmente uma bomba sempre pronta a explodir...e que uma amiga brasileira publicou no seu mural, concordando, como dizia de "fio a pavio" com o que eu dizia. Depois, num comentário, um amigo seu disse que estava muito espantado com o facto de pela primeira vez ter lido  a culpa disso ser  atribuída aos homens deixando subentendido  um certo sentido de injustiça, quando ele, disse, sempre ter visto aquela inimizade ou rivalidade entre mulheres...e como se evidentemente o homem nada tivesse a ver com aquilo. O seu espanto era genuíno...
DE facto o homem olha para essa rivalidade entre as mulheres como se isso nada tivesse a ver com ele e até fica cheio de orgulho ao presenciar essa rivalidade quando há aquelas cenas de mulheres a puxarem os cabelos umas as outras por causa do ciúme ou a lutar por uma macho...e isso quase sempre aparece nas telenovelas ou filmes...

Mas, mais uma vez, e como eu digo sempre, ao mesmo tempo que a mulher menina cresce e é "educada" socialmente para o casamento, ela é esvaziada de si e de uma sua parte integrante, normalmente a sensual e sexual, e a sua potencial sedução que é olhada como crime quase. O que aconteceu entretanto é que a partir disto a mulher acabou por ficar dividida em duas espécies de mulheres em TODO O MUNDO.
Essa divisão interior da mulher em duas espécies de mulheres como eu retrato aqui tantas vezes, é bem visível e baseia-se  na cisão milenar da mulher em a "santa e a puta" - promovida e "consagrada" pela instituição casamento/religião -  acabando essa cisão por se reflectir e repercutir na vida pessoal de cada mulher até hoje, em termos sociais e psicológicos, em que na vida no dia a dia,  uma delas acaba sempre por projectar na "outra" a parte de si que reprimiu...e vemos e ouvimos isso nos nomes que se chamam uma a outra quando se esgatanham! - e embora o leque desses estereótipos sejam extensos e variados, (já não há só por um lado a ideia "da esposa fiel" e frígida e do outro a mulher da rua, ordinária e provocante etc...., mas muitos tipos de performances que se adaptam a um e ao outro termo, escuso de exemplificar), o facto, óbvio e evidente é que a mulher acaba sempre por virar-se contra a sua rival intima que ameaça "roubar-lhe" o marido o namorado ou o filho...e vou mais longe, donde é que julgam que vem o ódio das sogras às noras e vice-versa?
São sempre a mesma histórias: mulheres dividas entre si e dentro de si que se projectam no Homem como única razão de ser e querem-no possuir (o filho ou o amante) e manter como única razão que justifica a sua vida á priori: E a não ser que se descubram ou busquem a sua essência perdida, ou resgatem a sua verdadeira identidade, coisa que as feministas não fizeram ao defender uma pretensa igualdade dos sexos, sair  deste esquema é  muito difícil, pois as mulheres estão completamente presas nesta armadilha cultural e religiosa e numa total  ignorância de si mesmas. Dentro deste quadro muito dificilmente deixarão de ser prisioneiras no Sistema e deste esquema secular. 

Voltando ao ponto inicial do texto é curioso ver como também os homens evidentemente são ignorantes deste Sistema patriarcal e falocrático em que eles são os "beneficiados" dados como vencedores e dominadores e nem dão pela anomalia...a não ser quando essa regalia lhes é tirada ou se sentem ameaçados...
Porquê? Porque eles pensam que as mulheres são assim...naturalmente, ...estranhas, esquisitas, histéricas, ciumentas, possessivas, loucas, umas putas...ou umas santas...anjos puros ou perigosas...fatais e misteriosas, mas nunca inteiras nem coesas ou senhoras de si mesmas...mesmo se a mulher diz não...o que ela quer eles já sabem...e todas as receitas para as mulheres assim...é o Falo em riste...Assim, uma boa "queca" - e elas ficam logo domadas...e curadas!
Não, a mulher não é se fiar e o homem tem de ter nela "a rédea curta..." não vá ela enganá-lo ou traí-lo e aí...ele mata-a claro. Era permitido por lei...e ainda o é nas suas cabeças...quadradas!
Digam-me lá agora que já nada disto é assim??

rlp

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