O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Uma mulher simboliza a terra, que dá protecção




Na foto:
Vinod Verma, Bióloga da Reprodução na Índia, Professora de Neurobiologia da Universidade de Paris, especialista em Ayur Veda (medicina tradicional indiana) no estilo tradicional de Guru Sisya iniciada pelo Acarya Priya Vrata Sharma, da Universidade de Benares.
O PENSAMENTO
DE UMA MULHER INDIANA...
 
"A mulher é o núcleo da mais pequena unidade social e, quando não está bem predomina a confusão e o caos no presente e no futuro. Uma mulher é geralmente a força central da família, uma vez que é no seu útero que a família se reproduz.
Na gravidez, no parto e na amamentação, ela tem um papel exclusivo. Os seus pequenos dependem dela, agarram-se aos peitos e sentem-se seguros na sua vizinhança.
Uma mulher simboliza a terra, que dá protecção, alimento e segurança. É como uma grande figueira- de-bengala e cuja sombra fresca as crianças e o pai procuram conforto.
É generosa e opulenta.
Esta é sua Prakriti, a sua natureza geral, embora hajam excepções.
A generosidade da mulher não significa, porém, que outros à sua volta se sirvam dela sem a devida compensação.
A relação com uma mulher é como a nossa relação com a terra.
Em civilizações antigas, a terra e os seus atributos - os rios, lagos, montanhas, árvores e vegetação - eram adorados.
As pessoas mostravam a sua gratidão através de cerimónias; em caso de catástrofes tentavam apaziguar a sua ira de várias maneiras.
As pessoas das modernas civilizações industriais cometeram, porém, erros crassos irreversíveis em termos ambientais.
Após vários séculos de exploração, tomaram agora consciência da gravidade dos seus actos e iniciaram tentativas de sarar as feridas.
Há quem diga que as raízes da exploração, tanto da natureza como das mulheres, foram lançadas pelos pioneiros da ciência moderna.
Se os que rodeiam uma mulher se aproveitarem indevidamente de sua generosidade, se não lhe mostrarem a sua gratidão e respeito, ela torna-se presa do desconforto e de doenças, tal como a mãe terra.
Esta falta de bem-estar pode influenciar o futuro.
Má saúde e o infeliz estado mental de uma mulher afectam adversamente até ainda os filhos que estão para nascer, que podem vir a ser inseguros, mães frustradas propensas a problemas mentais.
A felicidade e a saúde de uma mulher são importantes para o nosso presente e nosso futuro.
Falar do bem-estar das mulheres não implica negligenciar o dos homens e o das crianças.
Mas se uma mulher for ignorada e viver em condições de dor e desconforto mental, as crianças e o pai também sofrem.
A natureza básica do homem e da mulher diferem por causa da proporção das componentes feminina e masculina neles presentes.
Há sempre uma grande discussão acerca deste assunto em todas as sociedades civilizadas.
Em muitas culturas são atribuídas características esteriotipadas a um ou a outro sexo, prejudicando a delicadeza e a flexibilidade de quase todas as relações.
Existem componentes masculina e feminina tanto no homem como na mulher, mas a proporção varia de um para o outro - bem como dentro do mesmo sexo.
Expressões como "um homem feminino" ou "uma mulher masculina" são muito vulgares em muitas línguas e usam-se para descrever indivíduos em que se considera que essa proporção é demasiado desequilibrada.

Há mais Sattva e Tamas do que Rajas na componente feminina.
Na componente masculina, predomina o Rajas, enquanto o Sattva e o Tamas são menos importantes.
É a proporção destas qualidades que torna as componentes masculina e feminina diferentes umas das outras.
Uma mulher com 20 por cento da componente masculina e 80 por cento da componente feminina, terá 26 por cento de Rajas e 37 por cento de Sattva e Tamas.
Um homem com 80 por cento da componente masculina e 20 por cento da componente feminina terá 44 por cento de Rajas e 28 por cento de Tamas e Sattva.
Mas podem existir variações.
Os atributos inatos das mulheres e dos homens emergem das diferentes proporções das três qualidades.
Os atributos masculinos implicam actividade, acção e movimento.
Os atributos femininos são tranquilidade, espiritualidade, criação, assistência, etc.
Estas características podem observar-se prontamente em crianças pequenas.
As meninas são normalmente mais pacíficas mais estáveis e mais calmas do que os meninos, que saltam e se mexem muito.
Frequentemente, as meninas brincam com bonecas tomando conta delas, dando-lhes assistência e pondo-as a dormir.
Há quem diga que estas características são resultantes da imposição de normas sociais pelos pais.
Não é verdade. Se assim fosse, todas as mães que estivessem exaustas por causa do comportamento travesso dos seus meninos conseguiriam manipulá-los facilmente.
Portanto, como se assinalou anteriormente, uma mulher tem mais Tamas e Sattva dentro de si do que Rajas.
É a qualidade dominante Tamas com um pouco de Rajas que dá à mulher o desejo de fazer um lar e de estar num mesmo lugar e desejar ter uma família.
A livre expressão e compreensão das qualidades um do outro são essenciais para o companheirismo entre a mulher e o homem.
Só com compreensão, paciência e generosidade de uma para com os outros é que os homens e as mulheres podem levar uma existência harmoniosa.
Por exemplo, uma mulher não deve ser excessivamente afirmativa mas deve deixar o homem exprimir a sua qualidade de Rajas participando em acontecimentos que envolvam acção e movimento.
Se a sua expressão de Rajas for excessiva deve subtilmente envolver o homem em práticas que tragam sossego à mente.
Por seu turno, um homem deve compreender o desejo de uma mulher de ter família e um lar, e ainda assim encorajar, e não suprimir, o Rajas dela.
Se o Rajas que há nela for suprimido, o Tamas aumenta, levando a angústia, a depressão e por vezes a erupções de ira.
Também deve compreender a gentil qualidade de maternidade dela e não ficar zangado com ela por ser indulgente para com os filhos."


Na foto:
Vinod Verma, Bióloga da Reprodução na Índia, Professora de Neurobiologia da Universidade de Paris, especialista em Ayur Veda (medicina tradicional indiana) no estilo tradicional de Guru Sisya iniciada pelo Acarya Priya Vrata Sharma, da Universidade de Benares.
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Rajas,Tamas e Satva são as gunas ou cordas da natureza material.

Raja é o principio da acção que quando desequilibrada origina ira ou fúria, tamas é o aspecto da natureza sólida e estável, paciente que quanto desequilibrada origina doença, cansaço extremo.

Satva é o principio da união, da compreensão e da bondade, esta guna não tem equivalência em desvirtuação porque não é desvirtuável.


Ananda K. L.

 

 

 

2 comentários:

ME disse...

Esta definição das mulheres pela biologia e daí derivar o seu lugar na sociedade faz-me confusão. E o que é aquela indicação de que "a mulher não deve ser afirmativa", deve fingir que tem menos Rajas do que o tem efectivamente? Negação, mais uma vez, do uma mulher efectivamente pode ser, e que este modelo hindu não capta na totalidade. Quem é que dá direito a "especialistas" a dizerem que uma mulher não está bem se for diferente daquilo que os seus protocolos definem? Pensam que sabem perfeitamente o que a Mãe é, e que até sabem as percentagens dos 'gunas' que cabem a cada ser...

rosaleonor disse...

Tudo é relativo minha amiga e os pareceres e vivências também se inserem nos seus contextos e culturas ou tradições. Por isso cada parecer vale o que vale mas são sempre um contributo para uma diferente e mais amplas visão do feminino no Mundo...
Creio que em cada cultura temos de adoptar um comportamento que não nos ponha em risco...Se a mulher se afirmar na sua totalidade e poder neste sistema patriarcal é esmagada como sempre foi por se temer justamente essa liberdade do Feminino profundo...
Quanto a esse fingir...penso que qualquer mãe para salvaguardar o filho de algum perigo...pode fingir ser menos qualquer cosia do que aquilo que é. O importante para mim é que a Mulher saba quem é o que vale e o seu poder interior...depois ela deve gerir isso com todo o cuidado...e quanto a mim não se deve expor...mas esta é a minha visão de "velha"...já não quero enfrentar as bestas...mas isso não quer dizer que as receei ou que compactue com elas...
Não sei se me faço entender?

beijinhos

rleonor