O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, janeiro 04, 2013

"EU SOU MULHER, EU SOU VIDA".




UM EXCELENTE TEXTO ACTUAL ESCRITO RECENTEMENTE
POR ROSANE VOLPATTO
SOU BRUXA

 Graças a liberdade de expressão e a internet que nos oportuniza alcançar uma esfera maior da população global, posso nesse momento falar clara e abertamente sobre quem somos e o que fazemos.
Sinto-me no dever de informar a toda a sociedade sobre toda a verdade da Arte tão antiga quanto o próprio homem. Muito embora, as bruxas, nesses últimos séculos, tenham permanecido incógnitas e secretas, acho que tal atitude pesou contra todas nós, pois só quem fala ainda hoje sobre nós, são os que não nos conhecem ou nos odeiam. Portanto, é necessário que falemos de nós mesmas e a respeito de nós mesmas, pois nada mais temos para ocultar.
Eu sou uma bruxa que utilizo meus dons para curas psicoterapeutas, um misto de magia com ciência e tenho conseguido excelentes resultados. Assim como eu, existem muitas outras, que trabalham incansavelmente para cumprirem suas missões de ajuda solidária para com a humanidade.
Todas nós (bruxas), praticamos muitas das mesmas artes que serviram de base para cultura humana e que foram consideradas sagradas para a Deusa. Cozinhamos, costuramos, manipulamos ervas, hoje com o conhecimento científico de todas elas, fazemos fogueiras, instalamos altares, recitamos preces e cânticos, realizamos rituais de cura, tudo que nossas avós neolíticas já fizeram.
Meu propósito, com esse artigo, é também, trazer à percepção consciente aspectos da natureza feminina que foram deturpados, desvalorizados ou perdidos no inconsciente.

A DEUSA E O PATRIARCADO

A centralidade da mulher jamais poderá ser negada, pois só ela possui a capacidade de dar a luz, de produzir o leite para nutrir a vida e de sangrar com as fases da lua. Esses fatos, foram definitivos para que os observadores primitivos notassem que tanto a mulher quanto a natureza repartiam entre si o papel de Grande Mãe.
Os seguidores da Velha Religião acreditam que o universo foi criado em êxtase a partir do corpo e da mente da Grande Mãe.
Entre os celtas, originalmente, o sacerdócio era todo feminino e, tais sacerdotisas eram chamadas de druidas. A palavra "druida" é derivada do grego "dryad", uma "ninfa do carvalho". O termo também era aplicado às sacerdotisas de Ártemis.
O saber druídico foi transmitido oralmente, mas investigações contemporâneas nos levam a crer as práticas mágicas dos mistérios driádicos dos gregos, passando depois pelos druidas, manifestam-se hoje nos conjuros e sortilégios das modernas bruxas.
As sacerdotisas druidas da Grã-Bretanha estavam divididas em três classes. A classe mais alta vivia em regime de celibato em conventos. Essas irmandades alimentavam as fogueiras sagradas da Deusa e foram assimiladas na era cristã como monjas. As outras duas classes podiam casas e viver nos templos ou com seus maridos ou famílias. Com advento do cristianismo, foram chamadas de "Bruxas".
Com a chegada das religiões patriarcais, os Deuses solares tornaram-se heróis e as Deusas da Terra e da Lua passaram a ser as vilãs. A própria história da criação, que falava de nascimentos partenogenéticos e nascimentos de seres andrógenos, passaram a ser provenientes de uma fonte masculina. São vistas Deusas brotando das coxas e cabeças dos Deuses e não mais de um ventre feminino. Até a Eva, primeira mulher humana, agora nasce de uma costela de Adão. Em uma versão dessa lenda na Mesopotâmia, Eva dá à luz a Adão e faz dele seu cônjuge, de acordo com o mito Deusa/Filho. É bem mais sensata essa versão, já que o útero feminino é o local que reúne todas as condições de gerar vida e não um pedaço de osso de costela de Adão, concordam comigo?
Em alguns livros das Escrituras judaico-cristãs que foram rejeitadas do canône oficial, Adão admite que Eva lhe é superior:

 -"Ela ensinou-me a palavra do saber".
Num texto gnóstico, Eva é a Mãe de Todos os Viventes e foi quem realmente criou Jeová. Em outras versões, Eva repreende e pune Deus por Seu cruel tratamento dos seres humanos.
Nós Bruxas, achamos interessante o nome de Jeová ser formado por quatro letras hebraicas: Y0D-HE-VAU-HE. A primeira, "YOD", significa "eu", as três significam "vida" e "mulher". O nome de Jeová é portanto feminino e significa:

"EU SOU MULHER, EU SOU VIDA".

E, à medida que a concepção religiosa foi se afastando da Grande Deusa, tudo que estava associado à terra, corpo, sexo e mulher, tornou-se sujo, impuro e maléfico. Assim,a natureza humana como terrena, e o terreno, e com ele o feminino, passam a ser caluniados como repulsivos e envenenadoramente maus.
Pois é, mas tanta insensatez não para por aí, os historiadores da religião interpretando à luz de seus valores patriarcais, argumentaram que a evolução do politeísmo para o monoteísmo era uma marca do avanço da civilização. Mas, o que realmente aconteceu com a chegada de um único Deus, foi a degradação da Terra, da mulher e do sexo.
 Além disso, as culturas que se desenvolveram em torno de um Deus Pai autoritário oprimem todos os que não se enquadram a imagem do homem adulto e todo-poderoso: as crianças, os gays e as comunidades não-humanas da vida animal, vegetal e mineral com quem convivemos e compartilhamos o nosso planeta.
As incursões patriarcais só surgiram com o desenvolvimento da metalurgia, em 2.500 a.C, aproximadamente. Mas as culturas matriarcais, que eram devotas a Grande Deusa, não desapareceram de um dia para outro, mas foram lentamente erodidas pela própria natureza da nova guerra.
A revolução patriarcal da Idade do Bronze coincidiu com o início da "escrita". Entretanto, o patriarcado é um desenvolvimento bastante recente nos últimos quatro mil anos, comparada com as centenas de milhares de anos em que os seres humanos viveram as sociedades matriarcais.

 BRUXAS, COMO SÃO ELAS?
Cada cultura teve seus visionários. Eles são encontrados nas histórias da Suméria, de Creta, da índia, do Egito, da Grécia, da África, das Américas, etc. Na Europa ocidental, pareceram com os druidas, que eram sacerdotes e sacerdotisas da raça céltica cujas origens ainda estão envoltas nas brumas da história. Essa é minha descendência, pois minhas ancestrais vieram da Irlanda e da França, uma região onde a sabedoria e magia celta era muito difundida. E, ainda hoje, é dos costumes espirituais celtas que deriva boa parte da Arte praticada pelas bruxas modernas.
A própria palavra "bruxa" (witch, em inglês) é maravilhosa, pois traz lembranças até ao espírito mais cético. No anglo-saxão antigo, a palavra "wicca", referia-se a uma vidente, ou aquela que poderia prever o futuro por meio de magia.
A palavra "Witch", origina-se da antiga raiz germânica "wit", que quer dizer "saber". Novamente temos as bruxas associadas à pessoas de muito saber, ou seja, versadas em verdades científicas e espirituais.
Em muitas línguas, Bruxa é a palavra usada nos termos comuns e cotidianos para sabedoria. É a sabedoria que enriquece a alma, não apenas o espírito. E, quando o cérebro deixar de existir, somente a sabedoria da alma sobreviverá.
Nós bruxas, somos criaturas humanas, rimos, sonhamos, sangramos e vivemos nesse mundo. A magia que usamos é parte de uma sabedoria universal.
Nossa magia jamais foi usada para praticar o mal e todos nossos rituais são orientados para a fertilidade e para reverenciar o Deus Cornífero e a Tríplice Deusa com cânticos, danças, meditações. Nossa Arte é uma religião organizada, que nada tem a ver com o culto do diabo.
Talvez, a maior das missões das Bruxas desse século tem sido provar que as práticas pré-cristãs não se extinguiram com a chamada dos povos pagãos à Igreja e, ainda, mostrar de forma convincente que o Deus Cornífero de nossos ancestrais não era o Satã cristão.
Não é difícil distinguir a Feitiçaria do satanismo. As Bruxas usam o pentáculo com a ponta para cima. Os satanista invertem-no com a ponta para baixo, tal como invertem o crucifixo. As Bruxas jamais usam crucifixo para qualquer fim, seja na posição correta ou invertido.Nunca usamos o 666. Não sacrificamos animais para qualquer fim. Não dizemos o Pai Nosso de trás para diante, não celebramos Missas Negras ou de qualquer outra cor. Também não usamos crianças em nossos rituais e não projetamos danos físicos a quem quer que seja. Além disso, não recrutamos ou fazemos proselitismo. A Feitiçaria é uma Arte que todos praticamos, quando estamos em total harmonia com a Natureza, quando não permitimos que maltratem um animal ou quando impedimos de sacrifiquem uma árvore, pois nossa religião é ecológicamente correta e hoje a nossa maior preocupação é a preservação das espécies e de nosso planeta.
Muitos são os que dizem que hoje a bruxaria está em moda, talvez por influência de filmes como os de "Harry Potter", onde o arquétipo do Mago ressurge nesses pequenos aprendizes de magia, que estão encantando pequenos e adultos. Também a Trilogia do Senhor dos Anéis, com elfos, hobbits, magos,orcs e trolls, surgiu nas telas do mundo, para despertar o homem para o real estado das coisas e de nosso papel neste mundo.Talvez nem todos entenderam a verdadeira mensagem, mas que ela foi dada, ah..isso foi!
Nós bruxas, não só compreendemos, mas vivemos a visão espiritual dos nossos ancestrais, que reconheceram o poder divino na Terra e nos processos naturais. Todas nós possuímos conhecimentos e técnicas para realizar nossos próprios poderes divinos, tão necessários para viver em harmonia com a criação.

ROSANE VOLPATTO

Sem comentários: