O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, outubro 02, 2012

NAS ASAS DE MAAT


Por Maat

 
Ah, meu amor alado…tu vieste quando eu já não esperava nada…

Há muita coisa que disseste e eu não quis entender. Coisas que ressoaram estranhamente no meu ser, tão implacáveis umas e outras certeiras, outras que talvez ainda me venham a acordar lembranças que eu não quero. Coisas novas e velhas deste e doutros tempos que ecoam sub-repticiamente na minha memória… Eu sei que há coisas alojadas na nossa carne, desconhecidas de nós…coisas que não sabemos ainda…e tantas vezes fazemos tudo por ignorar…fugimos da dor encoberta por tantas mentiras e desculpas que nos demos ao longo da vida ou de muitas vidas… Eu sei que essa mentira está alojada nas nossas células, como dizia a Mère, e poucos são aqueles que se dão ao trabalho de as arrancar de lá. As nossas defesas são crostas que escondem feridas abertas. Às vezes é preciso tirá-las e elas voltam a sangrar…sim, nós temos couraças tremendas, medos que não ousamos enfrentar.
Coisas que só a Magia do Amor pode curar.

 Ah! Como as palavras podem ser poderosas! Sim, as palavras são poderosas e mágicas…elas tanto têm o poder de evocar o Nome como de trair a Verdade quando te enleiam em teias de mentiras, criando um mundo falso de artifício que tu tomas e defendes como verdade...

Elas tanto podem ajudar a construir um ser como a desferir um golpe de misericórdia…elas podem destruir completamente alguém quando as dizes cheia raiva…e ódio…

As palavras, meu amor, podem elevar o teu coração ao céu ou enviá-lo num ápice para o inferno. Elas podem ser salvíficas se forem justas… mas também podem ser terríficas quando as usas intrepidamente como espadas… elas ferem ou matam…

Elas podem ser música para o teu coração, se doces e ternas, acariciar-te a alma e redimensioná-la… mas as palavras também nos comprometem ou aprisionam ao pensamento dual…e podem por convicção ser bombas na tua boca como eu posso ser a suicida que se mata a alma amarrada a elas…por um ideal ou uma causa cega. As palavras podem ser néctar na tua língua se eivadas de amor e também podem ser viscosas, veneno puro, letal para quem as ouve, se de ódio…

Ah, mas as palavras, como eu as adoro ouvir de ti…e as que mais gosto…é as que proferes entre o silêncio de dentro e a música das esferas, quando exalas um suspiro íntimo e profundo e as calas e eu sinto debaixo da tua pele o teu coração que bate ao ritmo do universo… Tu vieste e transformaste a poesia em realidade, e cada palavra mágica que dizes viaja nas minhas células à velocidade da luz…

É então que eu voo nas tuas asas Maat, e sinto o teu amor real e eterno.

rosaleonorpedro
ESCRITO EM 2009
 

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