O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, maio 17, 2011

A VOZ NO SILÊNCIO...

A rosa tem de tornar a ser o botão, nascido da sua haste materna, Antes que o parasita lhe tenha roído o seio e bebido a seiva da sua vida.
A árvore dourada dá flores de jóia, antes que o seu tronco esteja gasto pela tormenta.
O aluno tem de tornar ao estado de infância que perdeu
Antes que o primeiro som lhe possa soar ao ouvido."

A VOZ DO SILÊNCIO...
Mm. Blavastky














Tinha vontade de te ver Mãe, de te dizer coisas
Que não digo a mais ninguém,
Coisas que não se dizem por palavras,
Graves, doces e amargas…
Coisas de almas solitárias, almas sem destino,
Como a minha…
Que vivem de espasmos de amor
Entre a terra e o céu, na esperança de um infinito...
Tangível...

Vontade premente de te dizer a ti Mãe,
Coisas que  nem a mim mesma confesso...
Falar-te como a um espelho mágico
E sem mácula,
Translúcido…
Perfeito…
Que me fizesse reviver vidas pressentidas
Na penumbra dos encontros falhados,
Dos abraços efémeros…

Memórias de viajante do espaço,
Itinerantes de corpo em corpo,
Sopro, homem mulher andrógino…
Encalhado nesta plataforma de sofrimento,
Esquecimento e dor...

Lembrar as encruzilhadas das nossas vidas
Que se entrecruzam nos cais e portos…
Entre um passado e um futuro
De que a presente vida é ponte frágil;

Libertar este grito dilacerante de toda a luta
Absurda e humana, rasgar esta carne…
E entrar em ti
Aplacar esta dor…
Que só a misericórdia divina
Ou uma consciência superior
Pode aplacar com a precisão de um raio lazer...

Era no Silêncio de dentro, caminho sem retorno…
Eu sei...
Mas eu queria entrar no teu ventre cósmico…
Tocar uma estrela longínqua…
(meu país de origem?)

Mas resiste em mim este sonho louco
De falar-te…
Da minha alma que viaja…
Que se agita ainda…
Que estremece de amor e ódio
De pele em pele, carne e osso,
No  oriente deste deserto,
Há tanto tempo esquecida de ti Mãe

Minha alma que viaja, errante,
De miragem em miragem
À procura de um Oásis
De encontrar o repouso eterno
Nos teus braços…

Ah! Tornar-me pequena, pequena…
Ínfima.
Encolher-me tanto até que me convertesse
De novo num feto…
Num átomo…
Numa célula…
E partir…
E dentro do teu ventre mais uma vez
(será isso “morer”?)
Voltar inversamente para o meu mundo de Luz
Que nunca esqueci aqui...

R. L. P. 26/5/2005

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