O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, maio 01, 2010

EVOCANDO ÍSIS E MAAT...

E TODAS AS FORÇAS DA TERRA...

Hoje é dia 1 de Maio supostamente o dia eleito como dia internacional dos trabalhadores em todo o mundo…

Já foi a Festa da Terra chamado Beltane,
um festival ligado às nossas origens pagãs, na celebração da energia primordial, do fogo, do sexo e da fertilidade. Era sobretudo um dia evocativo da Deusa Mãe e da Natureza instintiva… Tratava-se de uma festa em que se evocavam as forças primordiais, na manifestação dos seus oposto complementares, a união entre o Athame - Falo e o Cálice - Útero realizado nos rituais de Beltane, como forma de consagrar o acto sexual e fecundo entre uma sacerdotisa representante da Deusa e o homem escolhido para representar Deus para estabelecer a ligação entre a Terra e o Céu, normalmente o rei…
Era união das forças cósmico-telúricas, a união das águas de baixo e as águas de cima…
Era o anunciar também da mudança da estação, a morte do inverno e o semear dos frutos para o renascimento da vida na Terra.
Era a Festa da Grande Deusa e de tudo o que vive e vibra ao cimo da Mãe Terra e que nos dá abundância e de comer…
Era a festa da alegria e das danças à volta das fogueiras…

Nesse tempo as mulheres e os homens eram livres e dignos, davam-se as mãos e não havia divisão entre os seres e os sexos ou prostituição… não havia propriedade privada, não havia salários em atraso… Também as mulheres que amassem as mulheres eram livres de se amarem sem preconceitos e os homens que amavam os seus irmãos, sem precisarem de se mascarar, nem operar para mudar de sexo…

Mas esse espírito da Terra e da Natureza viva, esse espírito pagão, porque é de paganismo que se trata, perdeu-se nos tempos e foi apagado da face da Terra como “fonte do mal” morta a Serpente, pelo cristianismo dogmático e prepotente dos padres misóginos e o que temos hoje é meramente a manifestação de uma suposta “igualdade” e “justiça social” nas reivindicações de direitos forçados e mais-valias, sempre como valores estritamente materialistas, sem qualquer dimensão espiritual nem consciência ontológica, nem de união dos seres ou e de verdadeira fraternidade.

Há neste país hoje, como em tantos outros países, manifestações por todo o lado, nomeadamente em Lisboa, que são reminiscências deste antigo ritual e os que desfilam nas ruas não têm a menor ideia do seu significado original e por isso não há festa nem alegria: são as vítimas do sistema que desfilam, os mais infelizes e os mais afectados, traumatizados pelo medo e pela injustiça social, as vítimas directas de um Sistema que vive há séculos da sua exploração sem que ninguém se aperceba das contradições inerentes a uma sociedade que cria vítimas e depois quer “dignificar” as consequências e os frutos dessas anomalias; vemos assim toda a gente a reivindicar a sua forma particular de… “doença”, a sua mutilação interior, o seu rebaixamento humano, em nome da “igualdade”, querendo um lugar visível na sociedade que só aceita os que têm poder e dinheiro…ou os que obedecem ao seu programa tripartido de produzir, consumir e morrer.

São os escravos do Poder, sem o saber, os que se julgam livres, os mais pobres, os trabalhadores, os homossexuais e as prostitutas a exigirem respeito e mais contrapartidas sociais…contra os políticos, sem ver que eles apenas servem os ricos e poderosos que detêm toda a riqueza da terra.

Ninguém quer ser descriminado, é justo, mas ninguém vê o problema de base, de onde vem a injustiça, do que deriva, ninguém que equacionar a causa do seu problema e defende por isso o seu estatuto de vítima querendo parecer saudável…ninguém percebe onde começa o drama humano.

Nesta sociedade alienada e corrupta, defendem-se os “direitos humanos” para os que sofrem todas a humilhações sem a compreensão de que o direito mais humano a reivindicar à partida seria simplesmente o de SER-SE HUMANO antes de tudo!
Assim, as prostitutas querem ter uma “reforma digna” e aumento de “salários”…
Queixam-se das estrangeiras – emigrantes ou traficadas – mais infelizes do que elas, que levam menos dinheiro ao “cliente”…e que estão a afectar o “mercado de trabalho”…e odeiam-nas, como em geral as mulheres competem e se odeiam entre si e essa é a praga mais criminosa gerada e herdada do legado patriarcal.
Elas não percebem, mas nem os intelectuais, nem os jornalistas, nem os líderes percebem que a condição de prostituta é a primeira e mais antiga das injustiças sociais e humanas sobre as quais o sistema vigente se fundamenta ao instituir o casamento como forma do homem “possuir” a mulher perante as leis e a que não for casada está condenada a ser prostituta… sendo toda a mulher dividida entre a “boa e má” a “santa e puta”, mesmo as mais “evoluídas” e integradas na sociedade.

Ninguém percebe e quem me ler vai achar-me radical e injusta, reaccionária até, e não percebe que a única reivindicação plausível seria exigir de facto a dignidade da Mulher, de toda a mulher, a que é violada, a que é espancada, a que é vendida nos mercados de trabalho - como as marroquinas pela união europeia - e as escravas em todo o mundo, seja como escravas sexuais, seja na forma como vivem as mulheres sem recursos e sem marido, sem condições de vida, às vezes mães solteiras, que são forçadas a trabalhos indignos ou sujeitas a qualquer trabalho com salários inferiores aos dos homens!

A televisão dá cobertura a toda esta miséria humana, a todo este lixo, explorando-a, assim como à ignorância e á falta de consciência, induzindo-nos a aceitar as suas expressões as mais vulgares, como no caso da prostituição, como se ela fosse legítima e promove as prostitutas a “trabalhadoras do sexo”, como se fosse natural que as mulheres vendessem o sexo e o corpo na maior abjecção…
Dão destaque aos homossexuais que querem casar e adoptar crianças, aos homens que querem ser mães…e às homossexuais femininas que querem constituir “família”…mesmo podendo ser naturalmente mães, querem também ser pais… Eles querem fazer alarde das suas opções e manifestá-las em público como o direito à “ternura e ao afecto” (como se alguém os impedisse disso), de forma ostensiva e agressiva, ou mascarar-se como se fosse carnaval sempre!
E ninguém percebe que este é o quadro aberrante da maior e mais gritante alienação da sociedade e é o resultado de um Sistema que divide e descrimina os seres humanos quando não fazem parte do regime e obedecem aos padrões agonizantes de uma sociedade doente e completamente decadente em que já ninguém consegue perceber o que é natural e legítimo.

Pouco falta, ou não, para serem os bêbados a pedirem mais dinheiro para o vinho, e acharem isso justo e livre, os drogados a pedir mais “justiça” para comprar droga e o direito a matarem-se, faltam, ou não, os criminosos a pedir condições justas e “direitos humanos” e regalias na prisão (comida saudável e todas as regalias, mesmo os que violam e matam mulheres e crianças…todos querem ter uma “vida digna”, quando afinal são criminosos porque a sociedade nunca lhes deu isso…)

Sim, Ninguém percebe nem Ninguém reivindica a verdadeira condição de SER HUMANO, ninguém reivindica o direito de SER LIVRE como SER EM SI, independentemente de características pessoais; não se enxergam como as vítimas desta sociedade na expressão dos seus desvios, os mais variados e mais graves, na inversão de todos os valores, os mais elementares da condição humana e que são o espelho de uma miséria moral e decadência que é pertença de uma sociedade de si mesma injusta, quer na sua estrutura quer na sua constituição, tanto como o é toda a sua cultural que a mantém e promove: nas escolas, nos livros, no cinema, na televisão e nos jornais…

O que vivemos hoje nesta sociedade e ela nos espelha em tudo é o fruto da maior alienação do Ser e da Humanidade desde os tempos mais remotos…
Tudo o que se promove e vende é a alienação do ser.
Ela anuncia porém o fim de uma Era, a Era da escuridão, o fim de Era de domínio do mais forte, do homem e da guerra, da sua injustiça, da sua cegueira, da divisão do ser e da morte…

E eu espero que em breve possamos festejar na Terra uma Nova Aurora no vislumbrar de um novo Mundo de verdadeira Justiça e Paz entre as todas as Mulheres e Homens de Consciência elevada e de boa vontade…

- Não espero um novo céu, nem uma outra dimensão, nem extra-terrestres ou a ascensão, mas uma Nova Terra em que a Mulher e o Homem, a Mãe e a Vida sejam respeitadas pelo seu valor intrínseco, pela sua Consciência. Mesmo que morra e tenho de voltar a nascer para ver...

Rosa Leonor Pedro

2 comentários:

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Que tal tempo chegue logo...Você pode dizer que sou jovem com toda razão mas não creio que estarei viva quando esse tempo chegar a não ser que em outra encarnação!

Abraços

rosaleonor disse...

A Mãe natureza trabalha rápido...em 3 dias ela parou os aviões na Europa...ela não vai ficar por aqui...o vulcão deitou de novo lava! e a mancha negra na América vai destruir a fauna e flora marítima...Não que isso seja bom, mas é preciso acordar para os valores da terra e da natureza...e o homem só aprende assim.
Talvez tenhamos a chance de ver muita coisa ainda!

abraço

rleonor