O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 28, 2009

AS MULHERES ESQUECIDAS E AS MÃES...

NÃO É PUBLICIDADE AO LIVRO


Querida Mãe (livro)

“Querida Mãe reúne cartas de Lord Byron, Edgar Allan Poe, Gogol, Baudelaire, Flaubert, Dostoievski, Tolstoi, Rimbaud, Oscar Wilde, Proust e Fernando Pessoa às suas mães. Estes escritores revelam nesta correspondência as suas angústias e as suas conquistas, disputas e reconciliações, desgostos e alegrias e, acima de tudo, o seu profundo amor filial. Na sua maioria inéditas em português, estas páginas íntimas constituem, graças às biografias que as acompanham, um documento valioso para o conhecimento da vida e obra de alguns dos maiores vultos da literatura mundial. Uma homenagem a todas as mães do mundo.”
*
Como a minha amiga referiu no seu email, parece que não se regista nenhum texto, carta ou documento escrito por mulheres endereçadas a suas mães…
Será que em toda a Literatura europeia e mundial não há um só livro ou carta em que uma escritora falasse da Mãe?
Porquê esta ausência de amor confesso das mulheres pelas mães?
O que é que se passa no universo feminino para que as mulheres não amem as mães e só os homens reconheçam o amor da mãe como algo de grandioso e belo?
*
Será que todas as mulheres são mães e não há filhas?
Será que é precisamente esse facto, o facto de as mulheres e as mães ao longo dos séculos preferirem os filhos rapazes, os homens e não darem quase importância às filhas que criou esta enorme lacuna, senão na falta de textos, poemas ou cartas de mulheres para as mães, pelo menos esta total omissão da mulher escritora neste livro dedicado às mães dos homens?
Não há mães das mulheres?
Parece que não…parece que nem no Sec. XXI ainda se vislumbra sequer uma resposta a esta secular ocultação do amor da mãe pela filha e vice-versa. Será que a mulher não confessa o seu amor pela mãe? Ou a mulher está zangada com a Mãe?
O que se passa na realidade e esta é mais uma prova cabal do que eu digo, as mulheres no patriarcado são as filhas do pai e isso é que conta para elas… esta é a aberrante herança católica que dividiu a mulher em duas e antagonizou a mãe e a filha…
*
Nota:
Queria pedir às minhas leitoras que se encontrarem qualquer texto, poema ou carta de mulheres escritoras dedicadas às mães me enviem por favor…

No meu caso que tenho escrito livros de amor à mãe e à mulher sei que isso não conta para nada. Não sou famosa…e nem sequer aqui, notem bem, onde há muitas mulheres a ler o que publico, são raras as mulheres a comentar. Neste momento reparo com grande espanto que são quase só homens que comentam o blogue Mulheres & Deusas… Homens especiais é certo, mas não deixa de ser estranho que as mulheres não tenham vontade nem disposição para dizer qualquer coisa… uma palavra de incentivo, uma palavra de conforto e isto quer dizer muito do nosso estado actual ainda em relação a uma Consciência do SER MULHER.
Por mim tenho imensa pena…é uma enorme dor no coração…que as mulheres não se unam e dêem as mãos por uma causa comum, a da sua identidade verdadeira no mundo, e continuem ignoradas e divididas, esquecidas da sua verdadeira irmandade. Esquecidas da suas mães e da Grande Mãe…
rlp

4 comentários:

anfibia disse...

olá rosa querida
não conheço mesmo cartas às mães endereçadas por filhas.
parece-me que as filhas normalmente estão mais preocupadas em culpar e exorcizar suas mães, recusando o modelo que ela lhes apresenta. o homem não se sente tão ameaçado pela mãe, pois bem ou mal, ela serve a ele... já a mulher anda considerando o modelo materno como ofensa, embora isso seja um absurdo, não é?
quanto à visitação feminina no seu blog, continuo sempre por aqui e prezo sua trajetória, à qual só tenho a agradecer.
um grande beijo!

Anónimo disse...

Rosa, não encontrei (!)
Mas não resisto a deixar este link, extenso mas interessante, apesar de puder discordar de uma ou outra transcrição lá existente.
http://www.sbpa-rj.org.br/maefilha.htm
E já que falamos disso remeti-me a duas recordações de anos atrás numa estadia minha na terceira cidade do país: a na altura jovem mae de um casal de filhos era de uma injustiça flagrante com a rapariga, a quem agredia fisica e mentalmente em todas as situaçoes possiveis e inimaginaveis. protegia e rodeava o filho rapaz de todos os mimos e carinhos. o pai das crianças assistia impassivel e quando era ele a agir sempre tratava filha e filho de modo rigorosamente igual.
A medida que a rapariga saiu da infancia e entrou na adolescencia o comportamento da mae piorou proporcionalmente para a rapariga, mantendo a benovelencia e ternura p/ com o rapaz. O casal era classe media, informado, progressista e razoavelmente culto.
Outro caso que me ficou na memória foi outra mae igualmente de um casal de filhos que descarregava as frustraçoes da vida diaria na... filha adolescente quase exclusivamente: atitudes de dominio sem contexto até à agressão física completamente despropositada... Já com a sua cria masculina, dois anos mais novo, o comportamento era diametralmente oposto sendo que o desiquilibrio emocional da mãe raramente o atingia... Casos isolados? Talvez nem tanto, lamentavelmente. Mais p/ amostragem de um padrão indesejávelmente possivel de ser encontrado. Não estabelecerei nenhuma relação causa-efeito até porque há, evidente, mães espectacularmente competentes e justissimas, amadas e admiradas p/ suas filhas, mas... ficam 2 depoimentos de uma realidade observada bem mais vezes
Marian

Anónimo disse...

sou suspeita pra falar...
e sou filha do pai confessa...
só tenho filho homem, por isso não sei... se seria diferente...
há boas mães de filhas mulheres, mesmo minhas irmãs tem opinião diferente da minha, receberam tratamento diferente tbm...

mas quem sofre maus tratos na infância não esquece... e perdoar é muito dificil...

mas a verdade é q nesse ponto da história temos de romper o ciclo vicioso e criar laços de amor entre as mães e as filhas...

entre as muitas mudanças q temos de levar a cabo, e é pena q aqui não haja mais mulheres mobilizadas nesse sentido, em trabalhar nessa conscientização feminina...

sinto-me pronta a trabalhar... mas não sei o q fazer nem como nem onde...

então eu faço como tu disseste, vou cuidando de mim mesma...

até aparecer a confluência necessária, pq vai ver q ainda estou em preparação, e q as coisas terão um momento mais apropriado de acontecer...

enfim... mais um comentário...
mais ou menos... mas tô sempre marcando presença...

Anónimo disse...

Creio que já respondi a todas publicamente mas quero agradecer a presença de vocês aqui as fiéis amigas de Mulheres & Deusas.

um grande abraço

rleonor