O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 29, 2008

A NOSSA RESPIRAÇÃO, O NOSSO PODER

"Quando menstruo fica instaurado o meu tempo sagrado de mulher”

"É tempo de se falar, mostrar e compartilhar o conhecimento das mulheres. É tempo de as mulheres descobrirem e reconstituírem seus próprios mistérios – seus processos de menstruação e nascimento e os ciclos de suas emoções. "O que é isto que estou sentindo?" "O que diria aos outros se explicasse o que é ser mulher?" A Deusa interior é aquela que sabe que leva informação de um sistema para o outro.

Pela Deusa, foi concebido às mulheres o dom de criar (gerar) e nutrir. É necessário, para caminhar com beleza e saúde, se alinhar com as forças cósmicas, as mesmas forças que as medicinas tradicionais nativas reverenciam, nos identificando com os elementos da natureza (ar, fogo, terra, água e éter) que está em tudo. Este alinhamento com a natureza nos traz o shakti-prana, ou a respiração da Grande Mãe, que se move em cada célula de seu corpo. Esta energia permeia os dois chakras inferiores localizados perto do períneo e do osso sacro. O shkati-prana tem de estar em equilíbrio para que o aparelho reprodutor feminino, órgãos genitais, útero e abdômem estejam sadios. Em outras palavras, a mulher necessita tomar conhecimento de seu poder de criação.

A saúde e o bem-estar da família, da sociedade e da cultura giram ao redor da mulher e dependem em grande parte de sua própria saúde, ou seja, se a capacidade de manter o fluxo de suas energias criativas estão em dia.

A característica mutante da mulher presente desde a pré-história revela hoje ser a grande chance para a reintegração das perspectivas femininas no pensamento da corrente dominante. E é claro que a consciência ecofeminista é a via política e ativista para garantir a consciência dos ciclos femininos. (…)


O Dia das Mães cai em dias diferentes de acordo com o país. No Brasil, será dia 11/5/08.

Que um milhão de mulheres celebre a sua menstruação em 2008!


Em Portugal ainda não sei que dia calha, porque é mesmo ao calhar que por aqui acontece...

a rosa secreta


"A característica mutante da mulher presente desde a pré-história revela hoje ser a grande chance para a reintegração das perspectivas femininas no pensamento da corrente dominante. E é claro que a consciência ecofeminista é a via política e ativista para garantir a consciência dos ciclos femininos."
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SENDO consciente das realidades inerentes à sociedade patriarcal, ENQUANTO ELA SE MANTIVER COMO TAL, eu não posso acreditar que a mulher tenha chances de reintegrar as suas perspectivas, justamento aquelas que lhe foram negadas ao longo dos séculos, pelos detentores do poder, no pensamento da corrente dominante a curto ou a longo prazo.

- Para a mulher poder reintegrar-se na sociedade a partir das suas próprias perspectiva e valores e das suas qualidades inerentes, ela tem de as reintegrar nela primeiramente associando-se ao Princípio Feminino, dentro da dimensão do sagrado. Só a partir de uma consciência renovada através do conhecimento da sua história no mundo, antes e depois de se ter tornado um ser subalterno, no resgate da sua dignidade, a começar pelo seu corpo, do seu sangue, dos seus ciclos, da sua alma, da sua mediunidade, da sua Visão e mistérios, ela terá um lugar no mundo. Doutro modo será sempre uma metade negada a remar contra a maré, quase sempre ridicularizada, votada ao descrédito...
Só numa mudança de paradigma, num refazer das estruturas sociais, políticas e económicas à medida de uma revalorização interior do seu SER integral a partir desse trabalho interior e só, é que a mulher vai conseguir afirmar-se nas suas qualidades essênciais no seu potencial máximo, mas nunca na afirmação dos seus valores perante uma sociedade que lhe é adversa como a patriarcal e que os nega na sua própria constituição.

Também não creio que a consciência ecofeminista, só por si, no olhar a Natureza sem a sua interiorização associando-a à sua própria natureza de mulher e enquanto via unicamente política, sirva a sua real necessidade se não houver pois essa consciência da dimensão do sagrado feminino. Qualquer movimento feminino sem essa dimensão está votado ao fracasso pois foi essa consciência que sempre faltou às mulheres activistas, que em geral, sendo materialistas, dialéticas ou não, positivistas ou comunistas, não possuíam a mínima consciência da sua dimensão ontológica ao ponto de, como algumas feministas intelectuais famosas o fizeram, a negarem.
Será que as mulheres de hoje não vêem esse paradoxo? rlp
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Não se pode continar a confundir o Sentido do Sagrado da Vida e da Natureza, e a sua manifestação divina, ou o que lhe queiram chamar, com as religiões que opondo deus à mulher e à natureza tudo deturparam e destruiram...

segunda-feira, abril 28, 2008

SANGUE DE VIDA E NÃO DE MORTE

Os Mistérios do Sangue
POR BROKE MEDICINE EAGLE

Os mistérios do sangue ensinam que o sangue menstrual e o sangue do nascimento é o mesmo sangue, é o sangue universal, sangue do poder, sangue curativo.
Os mistérios do sangue ensinam-nos recordar que vida e saúde são vindas de à mulher, à mulher sábia, à mulher que sangra e sangra. E não morre.
Os mistérios do sangue revelam que o sangue menstrual e o sangue do nascimento são universais, cheio de potencial, cheio de vácuo, que devem ser usados para curar. O sangue do amor, sangue da abundância, o sangue que cura a terra.
Os mistérios do sangue recordam o imenso poder da mulher, o poder do sangramento. Quando nós sangrarmos na terra (na realidade ou o fantasia) nos reencontramos com o poder, enquanto nosso sangue corre através do chakra pessoal da raiz e na terra.
Sangrando na terra, sangrando livremente, nos como mulheres, como nutridoras da vida, como doadoras, nutridoras dass plantas, doadoras da nutrição universal - nosso sangue do tempo da lua :
"Eu sou mulher que dá a nutrição para assegurar a vida deste planeta. Com meu poder do tempo da lua, meu sangue, com meu poder do nascimento, meu sangue, eu alimento a terra alimenta a todos. Cada mês eu recordo: Eu sou mulher. Eu sou terra. Eu sou vida. Eu sou nutrição. Eu sou mudança.
Eu sou inteira. Eu sou mulher. Eu sei a vida, a morte, a dor, e a saúde em meu meu útero. Eu conheço os lugares sangrentos: o espaço estreito entre a vida e a morte, o lugar de nascimento sangrento, o fluxo sangrento da vida nutridora, o fluxo sangrento de deixar a vida ir. Eu sou mulher. Meu sangue é poder. Poder calmo. Sangue calmo.
Meu sangue é nutrição integral. Meu sangue nutre o feto crescente. Meu sangue transforma-se em leite para a criança nova. Meu sangue flui na terra como o nutrição para a Grande Mãe Gaia, a Mãe Terra.

Gaia, cujas manifestações são sangrentas. Mulher, cujas expressões são de verter sangue. Mas sangue da nutrição. Sangue menstrual vertendo, sangue sangrando do nascimento. Sangue da paz, sangue nutridor. Sangue de saúde, não do sacrifício. A tradição sábia da mulher é uma mulher que sangra como dádiva.
A saúde está mudando sempre. A vida é misteriosa, movendo-se nas espirais da mudança. Espirais que movem-se completamente para o vácuo. A mudança que faz a abertura que nos permite ver o presente saudável .
Sente-se, irmã, no musgo verde macio, e dê-se seu sangue sagrado da lua à terra, à espiral da vida. Deixe o fluxo vermelho do sangue do seu útero juntar-se ao verde e marrom da terra. Sente-se aqui. Relaxe e feche seus olhos e deixe as visões virem. Descanse agora e entregue seu sangue da lua para nutrir a mãe que nos nutre. Relaxe e deixe as visões virem."
O periodo do fluxo menstrual, de acordo com a tradição da mulher sábia, é um momento das visões. Toda a mulher que prestar atenção a estas visões encontrará o poder dos xamã, das bruxa, sas mulheres medicinais.
Adicione um pouco de folhas vermelhas a suas misturas herbais, com exceção da hera. Evoque o poder do sangue menstrual. Isso fará à medicina.
Estes são os poderes naturais de mulheres menstruando, e em menopausa, e em início de menopausa:
Ligação com a terra como uma presença responsável e nutridora

* Comunicação com as plantas, animais, equilíbrio
* Criar o tempo
* Deslocar a forma
* Invisibilidade
* Comunicação com fadas, devas, elfos, elementais
* Prever futuro
* Aguça olfato, o paladar, a escuta, a visão, o tato.
* Cura

LER TAMBÉM O Poder do Sangue : http://www.xamanismo.com.br/Poder/SubPoder1191323717It004

A IMPORTÂNCIA DO SANGUE


QUEBRAR O TABU MILENAR RELIGIOSO

"A menstruação é parte integral do desenvolvimento da espiritualidade das mulheres, tanto no plano individual como no coletivo. Para as mulheres, enquanto indivíduos, a valorização do poder da menstruação é fundamental para a nossa capacidade de atingir essa "Velha que sabe", essa Deusa Interior. É importante renovar nosso espírito, reescrever a celebração do poder da Mulher que, enraizada em seus mistérios, sana sem mais demora as feridas na terra, promove igualdade entre os povos e a Paz por meio da cultura.

Esse novo corpo feminino que se molda e vem surgindo em movimento de valorização dos aspectos e protagonismo femininos revela um enorme potencial das mulheres em mudar o curso da história. Algumas já voltaram a se organizar em círculo (forma de troca de informação sem hierarquia e democrático) para discutir sobre direitos da mulher, da Terra e de seus filhos; para encorajar mulheres a voltarem a ter seus filhos com um mínimo de dignidade, se sentido empoderadas tendo parto natural; outras sabem que amamentar é um ato de amor e que trazer os filhos pertinho, no sling forma seres seguros; há as que já preferem e sabem que menstruar significa uma grande arma de poder que é utilizada para sua evolução e para o planeta e o fazem de forma ecológica, utilizando almofadas menstruais reutilizáveis, sem poluir seu corpo nem a natureza. Tudo em um movimento de conservação planetária, de cura da Terra, de cura da sua comunidade, da cura de si mesma. Ahow!!
Ode ao processo de criação de uma nova cultura de poder e real beleza!! Ode ao engajamento na jornada interna que leva à profunda transformação dos registros do patriarcado na psiquê feminina.
QUANDO?
Na segunda-feira antes do Dia das Mães (5 de maio)... Porque a menstruação vem antes da maternidade... E, geralmente, depois dela também.
POR QUÊ? Para:
Recuperação do Ciclo de Sangue feminino como arquétipo positivo da identidade de gênero.
* criar senso de humor sobre a questão da menstruação
* encorajar as mulheres a se empoderar de sua saúde reprodutiva e menstrual
* criar uma maior visibilidade sobre a questão da menstruação, em filmes, na mídia impressa, na música e outros meios de comunicação
* aumentar a honestidade em relação a nossa menstruação em nossos relacionamentos
ONDE?
Na sua sala,no seu quarto, na sala de aula ou no seu apartamento, na casa das amigas, em um parque ou qualquer outra área aberta, na sua faculdade, no centro das cidades, em bares ou restaurantes, qualquer lugar!
COMO?
* Dê uma festa chamada "Segunda Vermelha";
* Use roupas vermelhas;
* Coma alimentos vermelhos;
* Dê rosas vermelhas;
* Conte sobre sua primeira (ou última) menstruação a alguém;
* Faça artesanato na cor vermelha para expressar seu relacionamento com o ciclo menstrual;
* Discuta questões de saúde com outras mulheres;
* Convide outras mulheres para jantar massa com molho vermelho
QUANDO EXATAMENTE?

O Dia das Mães cai em dias diferentes de acordo com o país. No Brasil, será dia 11/5/08.
A Segunda-Feira Vermelha será no dia 5/5/08.
Que um milhão de mulheres celebre a sua menstruação em 2008!

"Quando menstruo fica instaurado o meu tempo sagrado de mulher”
Criação e organização
DeAnna L'am
http://www.deannalam.com/

Clã dos Ciclos Sagrados
http://www.cladosciclossagrados.com/
Colaboração, apoio e tradução
Danielle Sales

sábado, abril 26, 2008

A VOZ DAS MULHERES

É URGENTE A CONSCIÊNCIA DE UM NOVO FEMININO
(...)
"Buscamos movimentos de consciência. A energia feminina, portadora da magia e da intuição, concordou em abdicar dessas qualidades – energia feminina significando não apenas os seres fisicamente femininos, mas a consciência feminina.

O movimento patriarcal nos últimos cinco mil anos afastou-se completamente do processo do nascimento para poder dedicar-se ao desenvolvimento de armas e ao contínuo aniquilamento dos seres humanos.

As mulheres estão com um “nó na garganta” porque concordaram, há quatro ou cinco mil anos, manter silêncio acerca da magia e da intuição que representavam e conheciam como parte da chama gémea. A chama gémea consiste na energia masculina e feminina coexistindo num só corpo, quer seja ele fisicamente masculino ou feminino.

Durante este período de mudança, será necessário que as mulheres desatem o “nó da garganta” e se permitam falar.

Chegou a hora.

in Mensageiros do Amanhecer
BARBARA MARCINIAK, Ed. Ground, São Paulo, 1992
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A VOZ DO ÚTERO OU A VOZ DO ORÁCULO
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O Prémio Nobel, José Saramago, pediu há dias desculpa às mulheres por o seu novo livro não ter intriga amorosa, certamente por pensar que é SÓ o romance que interessa às mulheres...Era como se dissesse, este livro é demasiado importante e portanto só para homens. E se calhar é... A pena é que um escritor lúcido como ele, do ponto de vista tanto humano como social e político, não tenha consciência da Verdadeira Mulher seja como Musa ou como Oráculo, ou ainda da mulher como fonte de Sabedoria inata...nisso ele não deixa de ser português e machista. Com a mulher que têm devia ser mais esclarecido sobre o feminino, mas como ela pensa como ele, defenda as mesmas causas, ele não sabe o que perde dessa dimensão da Alma quando já tinha idade para se render àquilo que o transcende. O Ensaio da Cegueira é global...
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Ao contrário dele, outro Prémio Nobel de uma forma actual o autor das "Duas Vozes", William Golding, descreve o conflito social que se origina nessa separação entre A Voz do Oráculo tendo a Deusa como fonte e depois de o Oráculo ter sido desvirtuado por Apolo para que este obedeça à voz da intriga e interesses políticos, com a mulher ao serviço dos Deus Pai, sem poder pessoal, como um papagaio, tal como hoje se comportam as mulheres na política.
E diz esta coisa fantástica que denota um conhecimento e respeito profundo pela natureza integral da Mulher que ele redescobre...
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“As mulheres por vezes ficam histéricas e fazem e dizem as coisa mais estranhas. Mas esta observação vai dar a volta e morder a própria cauda: talvez a verdade da vida e do viver resida nas estranhas coisas que as mulheres fazem e dizem quando estão histéricas"
in “ As Duas Vozes”- de William Golding (Prémio Nobel de 1983).

sexta-feira, abril 25, 2008

"dia inicial, inteiro e limpo"

O 25 DE ABRIL
EU TAMBÉM ESQUEÇO...


(...)
Porque antes da democracia a esmagadora maioria dos portugueses vivia mal. Havia miséria como não há, nem por sombras, hoje. Havia pobreza como não há, nem por sombras, hoje. Há gente a viver mal hoje, idosos com reformas miseráveis. Mas antes da democracia não havia sequer reforma garantida para todos - lembram-se? E podia não haver carjacking - não havia sequer carros que chegassem para isso - mas havia tropa obrigatória, lembram-se? E minas nas picadas, e emboscadas na selva. Quantos portugueses morreram, obrigados, na guerra? Quantos voltaram deficientes? Quantos tiveram de fugir para não serem enviados para África? Quantos fugiam, "a salto", para tentar uma vida melhor no estrangeiro? Quantos morriam de medo de dizer alguma coisa errada que os levasse a serem considerados anti-regime, a perder o emprego, a serem presos? Era seguro, ser português? Era seguro, viver numa ditadura?
Há, claro, sonhos que se perderam e traíram. Não somos todos felizes - mas só nos cartazes das ditaduras toda a gente sorri. Os amanhãs cantaram, mas desafinados para muitos ouvidos. Desafinam ainda, e ainda bem - porque agora depende tudo de nós, e cada voz canta diferente. Sobretudo, não me digam que "há medo de falar" nem usem a palavra "fascismo" a torto e a direito. Porque é ridículo, demasiado ridículo, mas porque, sobretudo, é um insulto a todos os que realmente souberam o que era ter medo e viver num regime totalitário, todos os que no "dia inicial, inteiro e limpo" de Sophia se sentiram, enfim, inteiramente inteiros. "

in DN Fernanda Câncio

É verdade Fernanda, obrigada por me lembrar; também eu tive medo e nem sequer se podia falar e acabei por fugir à Pide ao ser perseguida por dizer poesia nos comícios quando da luta para que as mulheres pudessem votar...Sim nesse tempo as mulheres nem tinham direito a voto...
É que eu às vezes também esqueço apesar dessa abissal diferença, e no meu caso ter liberdade de expressão e poder escrever o que quero...é a grande liberdade.

Sim, lembro-me bem do medo onde quer que fosse...e lembro-me do terror da minha mãe quando a Pide foi a minha casa investigar-me...felizmente já não estava!

quinta-feira, abril 24, 2008

ABSOLUTAMENTE PRECIOSA A NOSSA LÍNGUA

"Se há algo absolutamente precioso", "obra de todos", esse algo "é a língua portuguesa". Como "responsáveis pelo seu destino", "temos a obrigação de a trabalhar mais e melhor" - sempre que a falamos, sempre que escrevemos, porque sem ela "não somos nada ou muito pouco".

Foi com a defesa da identidade que a língua confere que José Saramago terminou ontem a sua intervenção na inauguração oficial d'A Consistência dos Sonhos, mostra de carácter intimista que o Palácio Nacional da Ajuda (PNA) M.J.in DN


Ainda não me pronunciei aqui sobre o Acordo Ortográfigo, mas a língua não são as vírgulas, nem os acentos...não são os pronomes à direita ou à esquerda...a Língua que falamos é a nossa Pátria e a sua história marca a diferença. Não são pois acordos políticos e económicos que devem decidir mudanças estruturais mas quem a fala de nascença e a ela é fiel e às suas origens.

Não são os políticos nem os economistas que tem que dar a última palavra sobre o assunto, mas os poetas e escritores que a vivem na pele como uma respiração de alma e coração.

Respeito aqueles que a falam à sua maneira e as suas difrenças e as suas influências estrangeiras. Mas não creio que hajam alterações que devam ser feitas respeitando os erros de semântica e outros que traiam a sua essência...

Voltarei ao assunto que temo de risco...

rlp

A TERRA É UM SER VIVO


“A Aura da Terra não é sempre a causa dos grandes cataclismos que destruíram a face do Globo.”


“A TERRA ESTÁ DOENTE, A TERRA está cansada de alimentar homens que se matam uns aos outros, a Terra está cansada de alimentar seres que não podem passar uma hora da sua vida sem emitir um pensamento nefasto. As pequenas criaturas verticais que aí vivem tomam-se por reis da Criação sem mesmo compreender o seu funcionamento. Elas nem sequer se aperceberam que o corpo humano e o seu encéfalo emitem vibrações que são captadas por tudo o que as rodeia.
A Terra está saturada de absorver as correntes negativas engendradas pelo ser humano e é isso que a perturba na sua vida profunda, é disso que ela sofre. É todo o ódio contido pela raça humana que ela rejeita na sua triste Aura. Se os homens persistirem neste caminho que escolheram até ao momento presente, a luz do planeta tornar-se-à cada dia que passa em maior obscuridade, até à saturação completa. Uma catástrofe final será necessariamente a conclusão de tudo isso. A Terra dará UM SUSPIRO e partira para novas bases! Isso já aconteceu e corre-se o risco de que volte acontecer muito rapidamente.
(…)
Um corpo doente perde as suas defesas naturais, um organismo enfraquecido abre as suas portas às influências do exterior. Da mesma maneira, um planeta doente dá o flanco a todas as agressões vindas do cosmos. Da mesma forma, se ela estiver na plena posse das suas forças, ela não saberá resistir às influências dos cometas, dos enormes meteoritos, que o seu curso cíclico a faz periodicamente encontrar.
Pela acção dos homens, a Terra do século XX é obrigada a preparar-se para catástrofes de origem cósmica e ao mesmo tempo de origem terrestre.” (…)

Viagens no Astral
de Meurois Givaudan

A DUALIDADE DO SER

"Entre o Aborrecimento e o Êxtase desenrola-se toda a nossa experiência do tempo" EMILE CIORAN

OS ESTADOS CO-EMERGENTES...

"Quem quer que olhe com honestidade para a sua existência verificará que vivemos num constante estado de suspense e ambiguidade, que as nossas mentes estão perpetuamente a saltar da confusão para a claridade e vice-versa. Se nos mantivermos confusos durante todo o tempo...isso já seria uma espécie de claridade. O que é realmente mais surpreendente a respeito da vida é o facto de por vezes - apesar de toda a nossa confusão – também conseguimos ser sensatos, e isto mostra-nos o que é o bardo: uma contínua e enervante oscilação entre a claridade e a confusão, entre o espanto e o discernimento, entre a sanidade e a insanidade. Nas nossas mentes, tal como somos agora, a sabedoria e a confusão surgem simultaneamente ou, tal como nós dizemos, são “co-emergentes”, o que quer dizer que enfrentamos uma contínua situação de escolha entre duas e que tudo depende do que escolhemos. Esta incerteza constante pode fazer com que tudo nos pareça árido e quase sem esperança, mas, se olharmos com mais atenção, verificaremos que a sua própria natureza cria fendas, espaços onde estão constantemente a florescer profundas oportunidades de transformação, se as conseguirmos distinguir e agarrar."

In O LIVRO TIBETANO DA VIDA E DA MORTE
Sogyal Rinpoche

quarta-feira, abril 23, 2008

SARAMAGO: UM HOMEM LÚCIDO


Saramago: vida e obra em exposição
Coisas que ele disse em entrevista...
(...)
"Dá-me a ideia de que tenho uma vida coerente, embora ser coerente não seja uma qualidade. Há que perguntar: coerente em quê? Um assassino em série é coerente, os que revolucionam a economia do mundo são coerentes, mas eu chamar-lhes-ia ladrões", disse.
"Sinto-me no meu lugar com a diferença que posso entrar sem pagar."Não deixando de dizer que "este é um país de coisas negativas, mas é o meu País", revelou que em Lanzarote descobriu o português:
"Temos a língua mais bonita do mundo, ela é o ar que respiramos."
"Todos somos responsáveis por ela, a começar pela Comunicação Social. Leiam Fernão Lopes, Camões, Bernardim Ribeiro, António Vieira, Pessoa, Eça, Camilo, Antero, Almada Negreiros", aconselhou.
Tendo lido na imprensa a frase "Portugal é insustentável", comentou que talvez sim, do ponto de vista económico: "Preocupa-me, porém, a falta de espírito crítico que existe entre nós. Estamos um pouco aborregados", salientou, acrescentando: "Quando éramos um milhão de portugueses, nos séculos XIV/XV, pusemo-nos em movimento para o mar. Temos agora de nos invadir a nós próprios para conseguirmos perceber que devíamos continuar a andar pensando."
"Quando defendi a união Portugal e Espanha, os patrioteiros denunciaram a minha traição, a vergonha que era... Chamem- -me o que quiserem. A história continua. Se uma ideia vai contra a maré, não se condene a ideia, discuta--se a ideia", relevou.(...)
in dn. "Portugal está um pouco aborregado" ANA MARQUES GASTÃO

OS NOVOS HOMENS: A ESPERANÇA DO MUNDO


Um sobrinho-neto...que vai fazer treze anos, e que adora fadas e deusas e delas faz desenhos, é uma criança pacífica e sensível, com dificuldade de adaptação ao mundo do comum dos rapazes que gostam de jogar futebol e dizer barbaridades...pediu à mãe para levar o meu livro para a aula de português e sei que leu dele, na aula, um poema em voz alta ...

Este facto deixou-me muito tocada não pelo livro ser meu, e dele fazer publicidade, mas por ter um sobrinho-neto que caminha com a Deusa e anda de mãos dadas com os anjos e as fadas...

Espero e desejo que estes estejam sempre presentes no seu coração e na sua vida e que realmente acompanhem os seus passos, porque não é fácil para um menino seguir o caminho da Deusa e das fadas sem pagar caro a maldade dos que caminham no ódio e na violência de machos.

o espírito "cristóide"


“ Acredito na minha raiva. É o meu demônio favorito.
Ficar bravo e escrever caminham juntos.”
Hillman

Às vezes é mesmo assim, mas parece que temos medo dos nossos demónios...o preconceito ou o tabu inverteu-se e agora o que é errado e temente a deus já não é ser mau, é não ser positivo e feliz todos os dias e ter de ver apenas extraterrestres e anjos onde quer que vamos...

Claro que falo da raiva criativa a que liberta, aquela que faz com que rompamos barreiras e mentiras que criamos para nós próprias para nada fazermos e ficamos estagnadas na ideia superficial de bem estar e positivismo...Tudo para não se ir ao fundo de nós mesmas com medo de olharmos de frente os nossos demónios...as nossas bruxas...os nossos ódios que nos envenenam...

A falsa aceitação, submissão, pacifismo ou fé...às vezes são só cobardia e medo de avançarmos em frente. Não querer ver a nossa Sombra...é não querer ver a Luz...e quem não se enfrenta nos dois lados do SER é cego para sempre.rlp

terça-feira, abril 22, 2008

O "Dia da Terra" devia ser o dia de luto pelo Planeta...


Ontem Era o dia da Terra? Até há minutos...parece...que coisa estranha!

Não escrevi uma palavra, não me apeteceu dizer nada...para mim é um absurdo um dia da Terra como um dia da Mulher ou um dia da Deusa a que ninguém nunca se irá atrever...

A Deusa oficial, a Nossa Senhora dos cínicos e hipócritas está no Altar: é a Padroeira dos curas e padres, a Imaculada Concepção dos teólogos, a Virgem Mãe dos misóginos, a Serva do Senhor Seu Filho, isto é o repertório beato e católicos, que a usa para amedrontar com pragas e pestes os ignorantes pelo medo do pecado.

A Nova Era também tem beatice e dias santos...este era um deles...

A Terra Mãe...que todos os dias no dá tudo o que temos...que é o chão que pisamos e para o qual cospimos e cobrimos de alcatrão e as árvores que dão frutos e sombra e as derrubamos sem escrúpulos para construir casas e papel em que escrevemos a glória da porcaria das guerras que fazemos e nada é mais importante do que o petrólio que destrói o ar que respiramos e assim enredados à velocidade cega dos nossos carros queremos num dia salvar o que todo o ano destruimos e poluímos sem pensar...

Ontem devia ter sido assinalado Um dia de luto global pela mentira que alimentamos desde que nos levantamos até deitar...porque não há um só momento em que verdadeiramente cuidemos e amemos a Terra como nossa Mãe...

segunda-feira, abril 21, 2008

os símbolos da vida e da morte, face a face...

Na imagem vemos a Ministra da Defesa espanhola, Carmen Chacón, a passar revista à tropas no dia da sua posse, grávida de 7 meses. A notícia está, entre outros locais, aqui.
(...)(in Paulo Pinto, cinco dias )
Parece que a hierarquia militar não pestanejou e que já afirmou que a tratará com o mesmo respeito que com os seus predecessores. “Talvez com uma maior delicadeza”. Parece que há reacções dos sectores mais conservadores, a quem a imagem choca. A mim diverte-me e causa-me um profundo respeito, por constituir um inequívoco sinal de maturidade. Há algo de muito enraizado no fundo dos nossos genes greco-romano-judaico-cristãos que nos causa sobressalto. A sacrossanta função maternal e o sublime papel doméstico feminino misturados desta maneira com a suja, fera e viril arte da guerra?
«««««««««««««««
Não me parece que o problema seja este, por contraste, mas naturalmente por a função maternal se opor a função de matar...e nesse sentido também me choca. Só por isso, porque do ponto de vista social e político acharia também divertido uma mulher chefiar os exércitos...
Mas só ficaria contente mesmo se a imagem que vemos referisse um acontecimento de transformação na sociedade, em que uma mulher nesta posição significasse finalmente o RESPEITO PELA VIDA e a dissolução do exército... Aí sim, teríamos uma situação digna de nota, e a mulher grávida seria um seu símbolo perfeito, mas que uma mulher grávida como Ministra da Defesa, desfile diante de um exército, que significa a guerra...e a morte, já é de si paradoxal. E chocante.
Claro que me vão achar retrógada e reaccionária...apesar de eu não ser contra a mulher nas chefias, mas as mulheres na Guerra...é aí que eu vejo o paradoxo.rlp

a lilith ao sol...


"A opressão sobre as mulheres ainda persiste, e por vezes são as próprias mulheres que tornam o mundo ainda mais difícil para as outras mulheres. Mas este fenómeno tende a desaparecer, à medida que essas mulheres opressoras conquistem a sua auto-estima.
Do lado oposto a esta selva nasce um dia novo e gloriosos na terra, o dia em que as nossas filhas deixarão de ser julgadas pelas suas paixões ou postas de lado porque terão poder, força e amor."

in O VALOR DE UMA MULHER de MARIANNE WILLAMSON - 1993


“Senti-me sempre profundamente mulher. A mulher é muito diferente do homem. O criador não tem sexo, porém a criatividade não tem nada a ver com isso: há, no entanto, um carácter específico da personalidade feminina. Nisso sou exemplo típico. As mulheres são mais audaciosas. Mesmo caladas, e se analisarmos bem a História, são audazes. A mulher é muitíssimo mais forte, e eu sou uma mulher muito forte, porque faço da minha fragilidade força”.

ANA HATHERLY (entrevista)

O SONO DA LILITH...

“A Mulher, a Mulher autêntica, reintegrada a sua plenitude e poder faz medo a esses sub-produtos que são os homens numa sociedade paternalista.”
"Á força de rejeitar o que a Feminilidade traz como solução à angústia do homem, cria-se em todo o caso uma humanidade perfeitamente neurótica.
(...)
Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo à autoridade de um deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintivo que fazia o equilíbrio inicial: daí advém todas as neuroses e outros dramas que sacodem estas sociedades paternalistas.
(...)
Esta querela entre o natural-instintivo e a razão, nunca passou de uma falsa questão, sendo responsável pela cegueira desta sociedade que, querendo corrigir o instintivo, castrou o ser humano do que era a sua profunda natureza."
(...)

In LA FEMME CELTE - de Jean Markale

domingo, abril 20, 2008

Agentes de mudança


“ Para um Círculo de mulheres ser seguro ele precisa ser um útero para novas possibilidades, onde a mulher e o seu sonho possam ser sustentados enquando ainda estão com contornos pouco nítidos e ainda no escuro.
Quando a psique de uma mulher está gerando uma ideia do que poderá ser feito ou o que poderá realizar-se, ser ridicularizada aborta o que poderia emergir; a indiferença a mata de inacção.
Um círculo seguro sustenta, em confiança, o sonho daquilo que ela poderá vir a ser e alimenta a possibilidade.*
****

"Estar num círculo é uma experiência de aprendizagem e crescimento que incorpora a sabedoria e a experiência, o compromisso e a coragem de cada mulher que o compõe. (...) A versão atual deste movimento pode se autodenominar grupo de discussão, ou pode ser um círculo de oração ou de meditação, um grupo de estudo, de apoio ou pode, ainda, ser um grupo com um projeto ou uma causa. Qualquer que seja o nome, qualquer que seja a agenda, se for um círculo com um centro, os seus membros são testemunhas, modelos, e possuem conexões de alma entre si. Eles tornam-se agentes de manifestações de apoio psicológico e espiritual não palpáveis, tornando-se fiadores de uma realidade e de uma possibilidade. Grupos de apoio mútuo e aprendizado. Agentes de mudança.”*


*in o MILIONÉSIMO CÍRCULO – Como transformar a nós mesmas e ao mundo,

de Shinoda Bolen

CÍRCULOS DE MULHERES

“campos mórficos e arquétipos funcionam como se tivessem uma preexistência invisível fora do tempo e do espaço, tornam-se imediatamente acessíveis quando nos alinhamos à sua forma e então se expressam em nossos pensamentos, sentimentos, sonhos e acções.”*

"Como transformar a nós mesmas e ao mundo"

Às vezes penso que é quase impossível para nós, as poucas mulheres que vislumbramos a plenitude do caminho da Deusa, atingir um patamar significativo para a sua manifestação e a de uma nova consciência do feminino sagrado na Terra. Vendo como são raras as mulheres que conhecemos que se apercebem dessa dimensão em si próprias e dedicam tão pouco ou nenhum do seu tempo e energia à sua própria causa, às vezes quase que desanimo por completo.

Destaquei ontem aqui a mulher ou a actriz que se empenha nas causas da humanidade, como coisa rara mas, mais raras ainda são as mulheres que se procuram consciencializar de si mesmas, e isso não depende do dinheiro, mas sim da sua vontade, num empenhamento do seu SER total e não como a grande maioria que continua fiel às normas sociais e presas às leis da sociedade patriarcal, aceitando a sua fragmentação…a sua divisão interior em boas e más, em feias e belas…em pobres e ricas…e só lutem dentro desse contexto.
Eu sei que a minha experiência nestes Encontros no Feminino não é ainda conclusiva, mas não posso deixar de constatar quão poucas são as mulheres que vencem os obstáculos para aparecer e se darem de corpo e alma…ou simplesmente a sua presença! No entanto entre as poucas mulheres que se têm mantido fiéis pela sua presença a experiência da Deusa é inequívoca…mas esperava mais…confesso.

- Penso que se em vez de 5 ou 6 mulheres formássemos um grupo ou vários grupos de mulheres que se unissem e trabalhassem nesse sentido como sugerem os Círculos das Mulheres de Shinoda Bolen em o MILIONÉSIMO CÍRCULO, tudo podia acontecer muito mais depressa desde que cada uma de nós se dedicasse um pouco a si mesma…de alma e coração!

Porque este si mesma significa dádiva e empenhamento e não fechamento egoísta e vazio, em causas perdidas de vaidade e sucesso pessoal.

*in o MILIONÉSIMO CÍRCULO – de Shinoda Bolen

sábado, abril 19, 2008

HOMO SAPIENS

"Se um número suficiente de pessoas passar por um processo de profunda transformação interna, talvez seja possível alcançar um nível de evolução da consciência no qual possamos merecer o nome sumptuoso que demos à nossa espécie: HOMO SAPIENS.
STANISLAV GROF

Lealdade Feminina disse...

...Num documentário sobre da Nova Era, New Age, um estudioso do assunto relatava as características dos vários movimentos associados à Nova Era, e dizia uma coisa interessante a respeito o eletismo da Nova Era: que apenas quem tem elevado padrão cultural e financeiro pode participar e se desenvolver. Ou seja, haverá uma classe rica predominante também na Nova Era... pelo menos na falsa Nova Era dos Poderosos, muito ricos e famosos, os donos do poder, as bases de sustento financeiro do patriarcado, que agora vão pouco e pouco assumindo o poder também na Nova Era... não em todo lado, claro... Mas fica evidente, que a Nova Era se tornou altamente elitista e lucrativa...E agora???

-E AGORA?

À primeira vista isso é inteiramente verdade, mas, se não nos apercebermos que essa mesma perspectiva é a das pessoas positivistas (materialistas) que não estão dentro da verdadeira dimensão ou visão da Nova Era e que continuam a pensar e a formular juízos morais e racionais apenas, sem considerar os aspectos transcendentais que estão a ser activado para a evolução da consciência e que é e sempre foi um processo individual e interior. Sejam quais foram as ditas "alternativas", a grande alternativa não depende de ninguém, nem do dinheiro nem da cultura, mas só de quem segue a via do Coração. Esse é o Segredo...

A Nova era como uma onda ou uma moda é para quem não sabe discernir com o coração e sim apenas com a cabeça, o intelecto. Assim, se não for o coração inteligente a despertar e a escolher o caminho da Visão unívoca, ninguém chega a nenhum lado, sendo esse um ciclo vicioso em que ninguém sabe quem é verdadeiro. O Conhecimento e a consciência não precisam de (muito) dinheiro nem (toda a) cultura-informação, porque o saber e o sentir, a verdadeira Sabedoria é inata, mas se me perguntar e quem tem fome ou é doente, quem tem fome ou está doente não pode discernir nem pensar livremente…e portanto tem de se resolver esse problema primeiro e esse é a função negligenciada do Estado, que se ocupa de economias e de guerras e não dos seres humanos.
De qualquer modo há Leis que os Homens não controlam e desconhecem ainda; uma delas e que se propaga agora nesse meio alternativo é a Lei da Atracção, e que funciona dentro do mesmo espírito calculista para os que aí se situam e de forma iniciática e pura para os que sabem escolher. Temos também de considerar aquilo a que chamamos a Providência de uma outra perspectiva que não a católica, ou mesmo a noção de Destino (Lei do Karma) e não podemos continuar a pensar nos mesmos termos nem a misturar os planos, como na visão dualista do mundo materialista, de bem e mal, de ricos e pobres. Há ainda a nossa percepção extra-sensorial, sempre ligada a coisas de mulheres como coisas absurdas e a ideias negativas, como a intuição e a mediunidade, e que correspondem ao inactivo hemisfério direito (Princípio Feminino), assim como daí advêm novas formas de relacionamento com tudo o que nos rodeia: Só a partir de dentro, dessa Visão unívoca e interior, e só dessa Visão interior podemos verdadeiramente discernir e ter uma nova perspectiva das realidades.

A 3ª Visão é a visão que resulta da visão interior quando o nosso olhar se situa ao centro, quando os dois hemisférios ou os dois polos, feminino e masculino, estão integrados. Quando a pessoa humana atinge essa visão equanânime do exterior porque a completa com a visão e conhecimento interior, o Mundo é visto num anglo de 180 graus e não de apenas 90, como acontece no mundo da racionalidade.

A evolução da consciência é um processo individual. É um caminho interior. No caminho há sinais e há marcos que nos servem de guias, como podem haver também pessoas que estão um pouco mais à frente e sabem que há pedras do caminho, e podem avisar-nos que se cairmos nos magoaremos, mas somos nós que temos de caminhar por nós próprios, pois nesse caminho somos como as crianças a quem não adianta a mãe dizer não mexe aí porque dói...

Nesse caminho podemos ou não encontrar outros seres que lá estão para servir de obstáculo e nos fazer crescer e outros para nos enganarem na direcção...tudo faz parte do caminho. Porque o Caminho é a Vida de cada dia das nossas vidas e não há lugares nem pessoas especiais que nos facilitem o caminho, antes pelo contrário…e por vezes, aqueles que mais se dizem mestres e se acham grandes condutores de almas e colocam em pedestais, esses são os piores… são os mais fracos e cobardes…vivem da ignorância e do medo dos seus iguais e não os deixam sequer evoluir. São os fanáticos e os fundamentalistas, são as religiões do velho Mundo como podem ser as da Nova Era…Tudo continuará a ser igual, salvo para quem avançar por si só sem depender de nada nem de ninguém…nessa via do coração, ligado a uma consciência superior a partir de dentro, nessa Visão que não oscila entre os extremos opostos porque os sabe complementares.
No entanto há e sempre ouve falsos mestres e falsos profetas.
Pela árvore se conhece o fruto e isso é muito simples. Se vir melhores pessoas então acredite, senão não confie. De que serve ter guias e mestres se em nada se melhorar por dentro o indivíduo que o segue, se a compaixão não for a grande lição, e a vivência a do amor incondicional?rlp

sexta-feira, abril 18, 2008

"o medo do masculino dessa nova postura feminina"

ADENDA AO FEMININO NATURAL
Ao assumir essa busca associo dois tipos de postura explícitas que são, por um lado desmotivantes: o medo do masculino dessa nova postura feminina (que não me parece nova, apenas natural) porque não sabem o que fazer com uma mulher que eles não foram criados e orientados a conhecer...

Ressalvo e destaco as questões que você foca como "desmotivantes" a serem ou não uma opção válida da mulher pelo risco de perder o homem amante...mas se a mulher aceita continuara a viver como uma metade de si mesma só porque assim o homem não a teme nem rejeita e ela não viveria na tal solidão de que fala, então mais uma vez a mulher se negaria a ser ela própria para continuar a ser a ser OPRIMIDA ou a companheira submissa. Continuariamos a ter a esposa no lar e a puta no bordel...nas sua variantes modernas que são muitas...e disfarçadas.

Quanto a mim se o preço a pagar pela restruturação da Mulher e a Consciência do Feminino primordial, for de uma certa maneira, renunciar ao amor condicional do homem, então eu pago; se quiser o meu destino, ou as minhas escolhas já mo fizeram pagar e eu não lamento nada do que perdi...e perdi a família, o estatuto de senhora casada, de mãe de filhos e netos por esta altura, e quem sabe divorciada, ou viúva, uma choruda mesada se tivesse casado com o meu noivo que era rico... Sim, quando era jovem, troquei o casamento pela política...depois troquei o amor dos homens pelo Conhecimento (meditação) de um Guru e depois já mais tarde troquei tudo pela Mulher e Deusa...e não me sinto nada arrependida, nem sinto que tenha perdido grande coisa... Valeu a pena ter atingido este patamar e chegar sózinha à idade da Sabedoria, para não dizer que sou sexagenária, e sentir-me integra e bem na minha pele, tirando a "arterite" e as coisas próprias do envelhecimento do corpo... Não digo porém que não houve alturas dolorosas...nem difíceis, mas pelo que hoje sou e sinto não trocaria por nada deste mundo as minhas escolhas!

No entanto não preconizo para as mulheres a abstenção, mem o celibato, longe disso, apenas digo que só quando a mulher for una (não cindida) e senhora absoluta de si e souber viver esse centro mágico e estruturada, bem no seu corpo ao natural, então um parceiro igualmente estruturado no seu masculino/feminino respeitando-a como igual ao nível ontológico, poderá assim atingir a plenitude do desejo ou da paixão e viver em equanimidade o que antes disso não é provável...
A escolha será sempre nossa, a liberdade de Ser o que verdadeiramente somos ou a submissão ao amor de um homem que nunca nos ama por aquilo que somos, mas pelo que ele sonha e idealiza...ou odeia! rlp

O FEMININO NATURAL


A assunção desta mulher detentora dos próprios princípios formula um rompimento com os propósitos mercantilizadores da sociedade atual. Ao assumir essa busca associo dois tipos de postura explícitas que são, por um lado desmotivantes: o medo do masculino dessa nova postura feminina (que não me parece nova, apenas natural) porque não sabem o que fazer com uma mulher que eles não foram criados e orientados a conhecer e, num segundo plano, o reconhecimento feminino de seu lugar único e intransferível o que nos conduz ao sentimento de solicitude, um estado de presença-ausência do mundo e, principalmente, do convívio social comum, ordinário.

- Questiono-me: a mulher, reunida a este estado feminino natural, é a mulher a permanecer pouco alcançável e pouco atingível? Como regular essa mulher que é colocada fora dos parâmetros do patriarcado convivendo socialmente?

M. Cambará N.

- Você sintetiza muito bem a questão essencial…e eu agradeço a sua clareza e partilha. Vou tentar responder a esta sua principal questão.

Esse estado feminino natural que, quanto a mim, para o ser terá de se conectar com o princípio do Feminino Sagrado, encontrará aí um campo numinoso, um estado de fusão com o todo e com a Natureza mãe que lhe trará a força interior e a consciência para superar essa solidão no convívio social patriarcal enquanto ele predominar. Só através da força ancestral e intemporal da Deusa como uma corrente que atravessará o coração de todas as mulheres que se iniciarem no Seu amor, poderá a mulher encontrar o suporte para o seu isolamento da sociedade patriarcal. Portanto, essa dimensão do feminino natural só pode vivenciar-se a consumar-se num campo luminoso de energia manifestada da Deusa Mãe no sentido do sagrado, ainda que passando pelo profano (Portal de iniciação) muito mais próximo do conceito pagão do termo do que do cristão evidentemente!

Disso minha amiga eu tive ontem a prova concreta …

Estando francamente a sentir-me isolada e desalentada por essa solidão vivida nesse lugar, que como você tão bem diz é “o reconhecimento feminino de seu lugar único e intransferível” e ainda bem consciente desse estado de: “presença-ausência do mundo e, principalmente, do convívio social comum, ordinário”, quando magicamente, no convívio inspirado e focado de um pequeno grupo de mulheres conscientes desse feminino sagrado se deu o milagre…como se a Deusa estivesse presente ou se tivesse manifestado, essa energia abrangente e sumamente doce da ternura da mulher-mãe, invadiu-nos a todas e podemos viver momentos extraordinários de interiorização e cura de velhas feridas de abandono e rejeição da mãe para vivermos o amor da Mulher-Deusa ou da Deusa em cada Mulher...

Estou-lhe a falar de um círculo mágico onde no Centro a Deusa dança em cada mulher, e o centro é sem dúvida o nosso coração. Quando o coração está cheio de amor não há solidão, mas solicitude e compaixão em relação à humanidade filha/o da Grande Deusa Mãe…(O coração-mãe de certo modo opõe-se ao intelecto-pai...mas o equilíbrio de ambos é fundamental, embora a mulher precise tal como homem de em primeiro lugar dar ouvidos ao coração inteligente que foi subestimado...)
Portanto minha amiga, a resposta à sua pergunta é: no convívio são da mulher integrada, da mulher não cindida, unida no Amor da Deusa Mãe, as mulheres estarão protegidas em si mesmas porque dentro do útero sagrado que é a Terra inteira mesmo que aparentemente só caminhemos à superfície…
No fundo mais fundo da mulher existem os laços e os elos que a ligam à terra, como raízes e as ligam às plantas, às árvores, às flores, aos rios, ao mar, aos animais e a tudo o que é vivo e manifestação de beleza e força que abunda no Planeta e que os homens sem mãe e sem conhecer a verdadeira mulher destruíram por medo…e destroem ainda com ódio e violência contra as mulheres e uns contra os outros precisamente porque negaram a Mulher e a Mãe.
E porque, como você diz: “o medo do masculino dessa nova postura feminina (que não me parece nova, apenas natural) porque não sabem o que fazer com uma mulher que eles não foram criados e orientados a conhecer” voltou a surgir agora que a mulher se volta para as águas primordiais e acorda para a Nova Era como um ser integrado, senhora das suas águas, senhora do seu sangue, senhora de si mesma e já sem depender do macho provedor e castrador da sua essência que tanto o amedronta... rlp
Quadro: LENA GAL

Mulher: duzentas chibatadas...(Irão? Iraque?)


(o castigo por seres violada...)

amnistia internacional


"Eram catorze aquela noite, explanações da discórdia da vida, furor animal, desprezo por todas as investidas amistosa e fraternas. Fez o corpo, através de caráter fraco, alimento selvagem. Valer-lhe-iam por duzentas chibatadas. Era a marca de não poder partilhar, isolar-se ao próprio abuso. Invadiu seu regalo, sua santidade, seu corpo domesticado, coberto, livrado do mal. A moléstia veio por ripícola atitude, grosseiro e incerto parâmetro.
Foram catorze naquela noite, por várias vezes, sem cessar, sem acomodar, sem limpar. Era o sangue e o esperma no final, era o rubro e o branco, o triste o sólido. A dor concreta e maçante da desigualdade, da calúnia, da discórdia.
Receberia duzentas chibatadas. Não se manteve casta, fora exposta ao deleite alheio, por catorze aquela noite, várias vezes sem cessar, em contínuas estocadas até sangrar. Ate desistir do seu corpo, até fingir não estar presente.
A porta se fecha e a vida obscurece. O pensamento torna-se torpe e desigual. A cultura não sustenta o que as palavras não exprimem. O corpo é dela como é meu. O sangue é dela como é o meu. A invasão dói nela como em mim se faz. Anistia na oração, remissão nos pensamentos, indulto ao coração de todas elas. De todas. Catorze vezes na penumbra de casa. Duzentas vezes no julgamento da massa. É a mão do homem, é seu falo mau cheiroso, asqueroso, doente. A vida obscurece. A porta se fecha. "

escrevinhadora M. Cambará N.
in ilissos: http://ilissos.blogspot.com/

quinta-feira, abril 17, 2008

A VOZ DE UMA MULHER AFRICANA

“Vocês, do sul, não se preocupam com coisas importantes - a Maua volta à carga .
-Fazem amor à moda da Europa. Concentram toda a energia no beijo na boca, como se o beijo valesse alguma coisa. Dizem que pensamos apenas no sexo? Quantos homens do sul abandonaram os lares para sempre? Chamam-nos atrasadas. Vocês só têm livros na cabeça.

Têm dinheiro e brilho. Mas não têm essência. Têm boas escolas, empregos, casas de luxo. De que vale tudo isso se não conhecem a cor do amor? De que vale viajar para a lua para quem ainda não viajou para dentro de si próprio? Já fizeste uma viagem para dentro de ti própria, Rami? Nunca, vê-se pela amargura que tens no rosto. O paraíso está dentro de nós, Rami. A felicidade está dentro de nós. Vocês, do sul, ainda não são mulheres, são crianças. Seres reprodutores apenas. Por isso os homens vos abandonam a torto e a direito. A vossa vida a dois não tem encantos. Por isso, mal declararam a independência gritaram: abaixo os ritos de iniciação. O que julgavam que faziam?
(...)
Não tens culpa - comenta Saly. - Vocês do sul deixaram-se colonizar por essa gente da Europa e os seus padres que combatiam as nossas práticas. Mas que valor tem esse beijo comparado com o que temos dentro de nós? Depois trouxeram a pornografia, essa estupidez só para enganar os incompetentes e entreter os tolos ...
(...)
OS SEGREDOS DAS MÃES...
Sofrimento e dor

- Porque nunca me falou dos feitiços de amor, mãe?

- Foi por causa da religião, filha. Por causa da cidade. O teu pai é um homem de cidade e pouco ligou às tradições. Tinha os seus princípios e só falava português.

- Ensina-me alguns segredos, mãe.

Ela entra num choro silencioso. Um choro de lua e de seda, que me toca, que me fere, que me inspira. Um espectro de luz se abre, tão claro como um espelho, onde a minha linguagem se reflecte. Vejo a tristeza desta mulher à minha frente. Uma mulher triste como eu. Esta imagem de tristeza terão as minhas filhas, temos nós, mulheres de todas as gerações, de todo o universo.
Paro de falar para poupar-lhe mais dores no velho coração e estabeleço com ela um diálogo surdo.
Apetece-me dizer-te, mãe, que o teu problema ainda é mais leve do que o meu. Tens um carrasco como marido. Eu tenho um carrasco e um polígamo.
(...)
Por isso não te digo nada para não aumentar a tua dor, mãe. Mas, mãe, se tu sabias que era assim porque me trouxeste a este mundo, mãe? Será pela mesma razão que não me contaste as causas da morte da tua irmã querida, mãe?”

In NIKETCHE - Uma História de Poligamia
Paulina Chiziane

quarta-feira, abril 16, 2008

A MULHER-MULHER

A Mulher-mulher,
não precisa da mala vermelha para nada… A MULHER AUTÊNTICA, NÃO PRECISA DE SIMULACROS!


Mas “Para uma mulher chegar ao ponto em que pode apreciar o seu prazer como mulher será certamente necessário um longo desvio pela análise dos diversos sistemas que a oprimem

"A mulher tem órgãos sexuais por todo o lado. Experimenta prazer em quase todo o lado...a geografia do seu prazer é muito mais diversificada, mais múltipla nas suas diferenças, mais complexa, mais subtil do que se imagina - num sistema imaginário centrado demasiado num único e no mesmo.

"Ela" é infinitamente outra em si mesma. Esta é concerteza a razão porque é chamada de temperamental, incompreensível, perturbadora, caprichosa - para não mencionar a sua língua, em que “ela” dispara para todo o lado, e na qual “ele” é incapaz de discernir a coerência de qualquer significado. Palavras contraditórias parecem um pouco loucas à lógica da razão, e inaudíveis para ele, que ouve os filtros prefabricados, um código preparado antecipadamente. Nas suas afirmações, pelo menos quando ousa falar, a mulher redefine-se constantemente.”

IN ESCREVER O CORPO - Anne Rosalind Jones
In Género, Identidade e Desejo, Antologia Crítica do Feminismo Moderno

"As mulheres dizem, a linguagem que falas envenena a tua glote língua palato lábios. Dizem, a linguagem que fala é feita de palavras que te estão a matar. Dizem, a linguagem que fala é feita de signos que rigorosamente falados designam aquilo que os homens se apropriaram”

IN As Guerrilheiras, Monique Wittig
Imagens: TAMARA DE LEMPICKA: A MUSA DÉCO

O LISONJEADOR


ALERTA VERMELHO...



" O lisonjeador é o que há de pior no mundo. Podem estar certos de que, na primeira ocasião, vos dará um golpe, que se vingará de se ter inclinado perante vós. E como se inclina perante toda a gente… Os lisonjeadores são traidores, sem excepção. Desprezei-os sempre, mas não desconfiei suficientemente deles. Para nossa infelicidade, suportamos melhor alguém que nos elogia do que quem nos diz sobre nós coisas verdadeiras, portanto desagradáveis. Assim, somos nós mesmos quem favorece, quem encoraja, os nossos piores inimigos.
(…)
O lisonjeador não é um futuro caluniador; ele é um caluniador disfarçado; enquanto vos canta louvores, prepara os seus golpes.

EMIL CIORAN
fOTO: GATO É ANTÍDOTO PARA TODOS OS MALES...

terça-feira, abril 15, 2008

SIMULACROS

Todo o ser humano na posse ou sob o domínio de uma doutrina está condenado a viver e a actuar falsamente. Ser verdadeiro e viver na verdade quase nunca se encontram. É que o ser humano ficou para sempre pervertido pela "ideia", quer dizer, pelos simulacros.
(...)
O que falseou tudo foi a cultura histórica. Já ninguém se interroga sobre Deus, mas antes sobre as formas de deus, sobre a sensibilidade e a experiência religiosas e não mais sobre o objecto que as justifica.

EMIL CIORAN in Cahiers 1957-1972

A PERSEGUIÇÃO ÀS MULHERES

EM PORTUGAL, OS POLÍTICOS SÃO MESQUINHOS E INVEJOSOS, MAS DAS MULHERES ENTÃO NÃO SUPORTAM QUALQUER SOMBRA...
(…)
"A RTP contratou Fernanda Câncio para ela fazer aquilo que faz há anos com mérito: reportagens sobre questões sociais. A Câncio é repórter, já trabalhou em televisão (na SIC) e as questões sociais são a sua área de especialização. A RTP não a contratou para um cargo, mas para um trabalho. Por chicana política, por julgar que ganha pontos sobre o partido do Governo, um partido da oposição não se importou de insultar uma trabalhadora, enquanto trabalhadora. Rui Gomes da Silva insultou-a dizendo que a RTP a foi buscar "única e exclusivamente por razões que são de todos conhecidas". E que essas razões são "um relacionamento com o primeiro-ministro". Pois a mim mais natural me parece que se contrate Fernanda Câncio como repórter do que Rui Gomes da Silva para dizer coisas em nome de um partido. (...)
Num país de apêndices militantes, gente que se baba por frequentar os poderosos - e faz gala de o mostrar -- haja alguém como a Câncio que, se anda com o primeiro-ministro, não aparece. Essa é que era a frase, Rui Gomes da Silva: se não aparece, é. A Fernanda Câncio é." Ferreira Fernandesj ornalista

Enquanto em Portugal as mulheres são impedidas de exercer cargos e sofrem ataques de políticos imbecis e incompetentes que discutem ninharias o nível das comadres de bairro, em Espanha Zapatero elege Nove mulheres e oito homens no seu novo Governo.
(…)
"O dirigente socialista José Luis Zapatero apresentou ontem o novo Governo espanhol que, pela primeira vez na história do país, é maioritariamente feminino. Num total de 17 ministérios, nove são da responsabilidade de mulheres.
(...)
"O responsável socialista salientou o seu intuito "modernizador" e "força política" para ultrapassar os desafios que se colocam ao Governo. Entre estes identificou como prioritários "o crescimento económico", "as alterações climáticas" e a "igualdade entre homens e mulheres".
O primeiro e terceiro tópicos são temas de máxima actualidade em Espanha, com os indicadores a registarem o abrandamento do crescimento económico e a aceleração da inflação para valores máximos da última década. No plano social, a violência doméstica assume proporções alarmantes com 71 mulheres mortas pelos maridos ou companheiros em 2007 e mais de 80 mil sujeitas a medidas de protecção. "
- ABEL COELHO DE MORAIS

segunda-feira, abril 14, 2008

É UM PREVILÉGIO SER MULHER

A DEUSA DANÇA NO CENTRO DOS NOSSOS CORAÇÕES,
ESSE É O CÍRCULO MÁGICO...

"É um previlégio estar viva como mulher neste momento crucial de despertar. Você é parte desta re-emergência, eu também sou. Isto está acontecendo nos mais diversos contextos culturais. É um fenómeno global.

O processo de criação de uma nova cultura onde o poder, beleza e mistério coexistem não é algo que possa ser adiado. Para tal precisamos de nos comprometer na jornada interna que leva à profunda transformação do registo patriarcal na psique feminina. A arte atemporal de participarmos de círculos, articulada de forma essencial por Jean Shinoda Bplen, renova a visão e revela um caminho." May East

Quinta feira, 17 de Abril, mais um encontro...

clik na imagem para aumentar
UM CÍRCULO DE IGUAIS
Um círculo é um princípio e também uma forma.
Ele hage contra a aordem social, a compartimentação,
superior/inferior, a hierarquia que compara uma mulher às outras.
Sentada em um círculo, cada mulher tem uma posição espacial
que é igual a cada outra do Círculo.
Ela assume a sua vez e o Círculo gira,
ela fala e é ouvida.
Mesmo assim, velhos hábitos podem prevalecer,
até que a prática da equidade se torne a norma esperada.
Em qualquer círculo umas são mais eloquentes,
reagem e chegam a conclusões mais rapidamente que outras.
O equilíbrio é alcançado quando todas são ouvidas.
Jean Shinoda Bolen
O MILIONÉSIMO CÍRCULO

domingo, abril 13, 2008

Mulheres sem identidade

«Michelet dizia no séc. XVIII que as feiticeiras eram muito importantes e que a Inquisição, queimando-as, deixou aldeias vazias. Muitas mulheres diziam ser feiticeiras não sendo, porque era uma forma de aceder a uma identidade própria»

Se no século XVIII as mulheres se diziam feiticeiras não sendo para aceder a uma identidade própria, no século XXI as mulheres dizem-se o que quer que seja que esteja na moda e até se prostituem para ter uma identidade...A única diferença é que a Inquisição já não as queima, mas não deixa de as estigmatizar ou perseguir através de uma intervenção "moral" e política nas leis do Estado seu parceiro. Veja-se a sua inquietação face à despenalização do aborto, veja-se agora face às possíveis alterações do divórcio...
O que os preocupa sempre é a ameaça da liberdade da mulher...e o medo que ela recupere a sua verdadeira identidade e estrague o seu trabalhinho de séculos de fogueiras...rlp

"A concordância colectiva" com a degradação da mulher

O Poder, Opressão e Dependência
na Construção da Subjetividade Feminina Por Maria Alice Moreira Bampi

A sexualidade, como manifestação biopsicossocial do ser humano, sofreu através da história, toda a sorte de controlo por interesses diversos. Negada ou incentivada, a Igreja, o Estado e o poder económico sempre se valeram deste meio profundo do relacionamento humano (onde a afectividade e o prazer formam a base motivacional), para dominar, corromper, atemorizar ou lucrar. Actualmente a exploração comercial da sexualidade feminina, oferece uma ideia superficial, desvinculada do afecto, sustentada em modelos descartáveis, consumista, estereotipados e preconceituosos, com a imposição da estética e como prerrogativa exclusiva da juventude.
(...)
Com o prazer vinculado a um corpo que engravida, que gera, que culpa e martiriza, as mulheres protegem-se num contrato social definido por leis, que longe de garantir-lhe este almejado prazer, obriga-lhes após tantas expectativas frustradas, à manutenção da relação dependente, neurótica, sadomasoquista para fugir, da categoria pejorativa criada culturalmente para as mulheres que estariam desprotegidas destas leis. Seriam as"descasadas","mães solteiras", "largadas do marido", "as que estão em falta".
Estes preconceitos acompanham as mulheres pela história; Inventam as categorias e as mulheres vão aos poucos "incluindo-se "nelas, sem contestarem, com submissão e dependência. Nos tempos da Inquisição, criaram a categoria das bruxas e muitas mulheres comportavam-se como tal, porque havia esta categoria.
(...)
Mas, a quem interessa a permanência desta concordância colectiva?
Quem se beneficia de tudo isto?
Há interesses económicos na questão?
Certamente que sim, e em prejuízo da saúde psíquica de muitas mulheres, divididas em categorias: as que dão lucro, as santas e as outras...
Assim, conflituada entre opiniões maniqueístas, onde o bem e o mal se digladiam por um espaço reconhecido, as mulheres geralmente submetem-se às regras do jogo, geridas por poderes seculares diversos. Estes domínios rígidos sobre a sexualidade feminina, incorporaram um padrão comportamental que sobreviveu aos séculos, resistindo até mesmo às tentativas revolucionárias de alguns movimentos ditos feministas. (...)
(Excerto - republicando)

sábado, abril 12, 2008

PORTUGAL DOS PEQUENINOS...

DEZ MIL MULHERES VIVEM DE ALTERNE
DEZ MIL MULHERES VENDEM-SE EM BARES
(...)
As estimativas dos empresários do sector indicam que em Portugal há 30 mil mulheres a viver do sexo, mais de dez mil das quais são alternadeiras – uma média de 12 por cada um dos 884 bares existentes. As restantes praticam a prostituição em apartamentos (15 mil), na rua e à beira das estradas.
Os donos de uma dezena de bares que os jornalistas do CM visitaram durante três dias, nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Viseu, concordam em pelo menos dois aspectos: negam incentivar ou explorar a prostituição (o que constitui o crime de lenocínio), mas afirmam que os concorrentes o fazem. 'No mínimo, os bares de alterne são os preliminares da prostituição', diz um agente de autoridade da Beira Interior, que conhece o meio por várias razões, incluindo as profissionais.

Lívia, solteira, com três filhos (um deles maior de idade), que começou a alternar há dois anos, cansada dos 380 euros mensais que ganhava como ajudante de cozinheira e frustrada com o País encantado que lhe prometeram no Brasil e não encontrou, é um exemplo de como as duas actividades estão interligadas. Em pouco tempo as explicações de que o alterne é 'só diversão' para os homens desabafarem os seus problemas com as esposas, os negócios, a crise e a vida – daí considerar-se psicóloga – dão lugar a conteúdos eróticos, encaminhadores da prática de sexo. O nosso repórter fotográfico acabaria convidado a pagar uma 'saidinha' num carro estacionado junto ao Expresso Bar. Negou, mas antes não escapou a alguns apalpões directos ao assunto! (...)

ABÍLIO CRUZ E SOUSA (PROXENETA)

- 58 anos, gerente do Paraíso Tropical, em Represa

– O que acha da eventual regulamentação do alterne e da prostituição?

– O alterne devia ser regulamentado como as outras profissões, para podermos pagar impostos e fazer contratos escritos às mulheres, que assim são verbais. Os escritos não correspondem à profissão verdadeira. A regulamentação separava em definitivo esta actividade da prostituição, embora também entenda que a prostituição deveria ter uma regulamentação própria.
(...)
OS PREÇOS...
(...)
TABLE DANCE COM DUAS MÚSICAS: 40 euros
‘SOBE E DESDE' OU 'SAÍDA': Pode atingir os 250 euros
SEXO ORAL: 10 euros
VAGINAL OU ANAL: 30 euros
COM CASAIS: 60 euros

in CORREIO DA MANHÃ DE HOJE...

NOTA Á MARGEM: Já sei que há mulheres que me vão dizer que sou retrógada e que estas mulheres são livres de escolher...e nem precisam de mala vermelha...

ADENDA AO SEXO DO MEDO...

Apesar de nestas últimas décadas muito se ter discutido sobre a sexualidade ou não, uma suposta ciência e uma sexologia e psicologia do ponto de vista do homem, continuam presas do mesmo reducionismo e preconceito masculino sobre a mulher e a sua sexualidade, que é, grosso modo, esta funcionar como um sexo e o sexo servir apenas para o prazer que antes não podia ter.
O que a humanidade vive é uma sexualidade baseada no medo e na humilhação da mulher, na afronta de um sexo dominante e mecânico, em relações de consumo e desprezo, função obrigatória, num sexo sem alma nem coração...Mesmo quando tem prazer a mulher que se sente sente a dor dessa afronta e do desprezo inconsciente do homens que a usa, seja ela a esposa seja ela a puta...
Esta sexualidade que foi e é pecado e divide as mulheres é ainda a mais baixa expressão do Homem, porque só dele, redutora e não iniciática.

E porque a sexualidade devia se sagrada e ser ponto de partida para uma realização superior na ligação das almas e dos corpos a fim de uma elevação, uma iniciação à iluminação e ao êxtase dos seres humanos e não a expressão de um domínio aberrante e compulsivo, vivido em função de um prazer animalesco ou grotesco…com toda a gama de utensílios sexuais à venda nas sex shopes...a degradação das relações e da natureza atingem um ponto culminante de destruição e caos.
Estamos muito longe de um ponto de partida para uma sexualidade iniciática, libertária e que implicaria a liberdade interior da mulher, unidas em si as duas mulheres numa consciência integrada da sua essência, primeiro, e obrigatoriamente da sua dimensão espiritual enquanto amante-iniciadora do homem e mãe-iniciadora da vida, factos que foram corrompidos e adulterados pelo dogma religioso ao separar esses dois aspectos da mulher pela inveja e misoginia dos padres, pelo medo dos machos detentores do poder do poder inato da mulher. E assim continua até hoje…

Aqui eu falo e defendo uma consciência do SER MULHER integral, uma Mulher elevada à sua mais alta condição de Mãe e Amante, de Iniciadora e Deusa…nada mais...rlp

O SEXO DO MEDO...

Neste espaço dedicado a Mulheres & Deusas, poucas ou raras vezes falei da sexualidade da mulher…primeiro porque não é o meu propósito, depois porque a sexualidade é usual e infelizmente o único aspecto da mulher que é exaustivamente focado, quer por mulheres quer principalmente por homens…

Eu sei que a sexualidade é igualmente o foco principal da existência humana nesta cultura patriarcal e que a trata, tal com à mulher, de uma forma redutora e deformada. Nem os homens nem as mulheres conhecem verdadeiramente a sua sexualidade e estão longe de a aflorar sequer no seu imenso potencial, pois o que conhecem refere-se apenas a uma dimensão mecânica e orgânica, uma sexualidade primária e obscena sem dimensão espiritual, nem profundidade.
Primeiro que tudo porque não tendo a mulher acesso à sua essência nem consciência da sua dimensão ontológica não pode vivenciar para lá do que lhe é permitido - de bem e mal, de medo e de afronta - e consentido pela sua (de)formação e liberdade falseada e assim ambos os sexos estão muito longe e separados da sua real capacidade de amar.

O que a humanidade vive como amor é uma vaga manifestação de um potencial que foi completamente controlado pela Igreja e pelo Estado em função quer de preconceitos e tabus quer de vários interesses, o principal, manter a mulher prisioneira para assim a controlar melhor e a colocar ao serviço exclusivo da procriação e da propriedade privada. Sendo a sexualidade um Portal para níveis cósmicos e consciência transcendente do ser humano, também a invisível Matriz de Controlo, tudo fez, através DO TERROR, DO MEDO E DA PERSEGUIÇÃO das mulheres pelos seus dignitários religiosos, para a impedir de se expressar na sua totalidade e para isso dividiu a mulher em dois tipos de mulher criando os estereótipos da esposa e da prostituta. Ao dividi-las tirou-lhes todo o poder e pode assim controlá-la ao longo dos séculos…Assim, à prostituta tudo foi permitido e o que ela simboliza está obviamente ligado à ideia cristã do pecado e dissolução de uma moral de suporte da instituição casamento, dando lugar à exacerbação do sexo pelo sexo e consequentemente à pornografia ao deboche, ao sado-masoquismo, fora do lar, todos eles à custa de valores reais e da dignidade da mulher em si.

Esse fosso criado e mantido entre a mulher-esposa e a mulher-prostituta fez com que a cultura romântica e cinematográfica e não só, difundisse essas imagens da mulher sempre em oposição e conflito, sempre em antagonismo, até ao momento actual em que a mulher comum e a doméstica se aproximam mais dos valores da prostituta, do que da esposa, distanciando-se esta dos seus valores clássicos…Em nome de uma suposta liberdade sexual, onde se incluem então os artefactos e sucedâneos de prazer e estímulos com objectos e práticas fictícias do prazer verdadeiro, a mulher caminha para mais uma inversão do seu ser sem reunir as duas partes cindidas. E o problema não está na liberdade nem na afirmação sexual da mulher, seja ela qual for, nem dos valores que à partida a separa das outras mulheres, e que em si não são nada, mas no facto de essa liberdade não acordar a mulher para si mesma enquanto ser completo, nem a aproximar da sua verdadeira essência nem ao fim e ao cabo da sua verdadeira sexualidade. E aí se renova o drama…e estas mulheres que se julgam emancipadas através de simulacros do prazer e do amor livre ajudam o status quo…ajudam a continuação da sua divisão invertendo os valores que as dominam e para o Estado e a Igreja não faz a menor diferença, desde que a mulher não seja Ela Mesma nem tome posse do seu real poder interno. rlp