O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, dezembro 22, 2008

TÃO LONGE ESTAMOS DO MUNDO...REAL.


- Tão longe estamos do mundo que não tarda que comecemos a não saber quem somos, nem nos lembrármos sequer de dizer-nos como nos chamamos, e para quê, para que iriam servir- nos os nomes, nenhum cão reconhece outro cão, ou se lhe dá a conhecer, pelos nomes que lhes foram postos, é pelo cheiro que identifica e se dá a identificar, nós aqui somos como uma outra raça de cães, conhecemo- nos pelo ladrar, pelo falar, o resto, feições, cor dos olhos, da pele, do cabelo, não conta, é como se não existisse, eu ainda vejo, mas até quando.*


A ORIGEM DO MAL…

O Estado deu 400 milhões de euros para a educação…milhões de euros para investir na Internet e tecnologia…
Há meses atrás o Governo distribuía eufórico, milhares, creio, de computadores às crianças das escolas…Como se a Internet fosse a nossa salvação, como se a Internet contivesse nela o conhecimento salvífico.


Poderíamos pensar que somos um país civilizado, que caminhamos para o progresso, que vamos a caminho de uma verdadeira educação…e isto no momento exacto em que neste País pacato, de brandos costumes, bandos desatam aos tiros nos Bairros problemáticos e os crimes violentos aumentam, vertiginosamente crescem os assaltos e roubos a Bancos, Tribunais, caixas de multibanco e postos de gasolina, carjeking… etc. Em qualquer lado, todos os dias acontecem, assaltos e roubos à mão armada, em pleno dia e nos transportes públicos. São bandos de jovens, homens, pretos e ciganos, drogados ou imigrantes, brasileiros ou de leste…às vezes franceses…mais sofisticados!
Estas são as notícias de todos os dias ao almoço e ao jantar, enquanto os criminosos são soltos. Um homem que matou a namorada regando-a com gasolina e deitando fogo, foi solto ontem, apanhou 20 anos mas só cumpriu três. Um crime doméstico não é nada. A Justiça é cega de nascença! São mortas por mês seis mulheres, mas isso é de somenos importância. Agora o importante é os computadores e a educação…virtual!

Ah! A educação, as escolas e as Universidades como solução, até parece, sim até parece que é isso que falta.
O pior é que os professores se queixam da violência dos jovens também nas escolas. E os universitários batem nas namoradas. Os jovens brancos, dos melhores bairros, com carros, telemóveis, dois e três e pais educados…E justamente agora era o que mais faltava… Computadores, Internet, para todos aprenderem como roubar e matar melhor, como sequestrar, como violar, como ganhar dinheiro, como burlar, ser vítima de pedófilos, como se prostituir, como filmar a bater na professora ou nos colegas, etc. Mais computadores e Internet? Como se os meios valessem de alguma coisa quando os conteúdos são o que são, quando os professores são o que são, quando os ministros são o que são…quando as pessoas não são nada…

Eu não nego a utilidades da Internet nem dos computadores, mas o problema está nos conteúdos e onde estão eles? A televisão também podia ser um poderoso meio de educação, ainda mais poderoso do que a Internet, mas onde estão os conteúdos? Crimes e assassínios em séries, filmes de terror, telenovelas estupidificantes, cómicos e palhaços, políticos e crises mundiais, catástrofes e queda das bolsa, mais nada, alienação pura…

Já Sócrates dizia, quanto mais aprendo mais sei que nada sei ou coisa que o valha, mas este Sócrates não estudou Platão…

Ele não sabe que quando as crianças não têm as mães (nem os pais) em casa e tudo trabalha, dia e noite, dois empregos ou nenhum e a prestação da casa por pagar e o carro e as crianças à deriva, não há nada que se aprenda depois. Porque ninguém quer ver-se a si próprio e ver que o que falta é o amor, o afecto. E nessa base, a grande falta de respeito pelo próximo… Mas o nosso filósofo ignora, como todos os filósofos, que o mal é caseiro, que é em casa que se educa e casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, lá diz o povo e sabe-o bem.
Quando para o Estado só a Economia é que conta e o deficit, ele que é autista e se diz socialista, não vê onde está a origem do mal…e o mal é de todos, é aquilo que ninguém quer dizer ou assumir: é sim a falta de amor que gera essa falta de respeito que há em todo o lado e começa entre ministros e na própria Assembleia da República. E nem sequer os professores, formados para educar, nada podem porque também eles se preocupam é com a sua economia caseira, querem lá saber dos estudantes e das matérias…E depois já ninguém tem mão neles, nas crianças e nos jovens, nem escolas, nem polícias, nem tribunais e voltamos àquele fado em que o futebol é que induca e a droga é que mata a sede…
Tudo de-mente meus senhores, tudo só mentiras e sorrisos neste mundo em que se quer fazer o que não se sabe, porque nem todos os meios atingem ou justificam os fins…Porque o mal não está na falta de…internet, mas na falta de bases da família, na falta de amor e afecto das mães…insisto sim, porque a educação começa em casa, no respeito pela mãe e pela mulher. Aquilo que a criança vê em casa é o que ela faz na rua e o que ela vê em casa não são já sequer os exemplos da mãe e do pai, mas a televisão e os vidio-games, toda a violência e crime nas séries e filmes americanos…essa é a educação de base dos Bairros pobres e também dos médios e mesmo nas barracas, porque toda a gente está prisioneira da ficção e ninguém sabe distinguir a ficção da realidade! Nem os senhores ministros, pelos vistos…

A realidade são o produzir e consumir, é ter, é competir…é guerra…Todos querem ter dinheiro, mais dinheiro e carros de alta cilindrada e roupas de marca, plasmas e armas como os americanos…chegar à escola e pum, pum…vingança de adolescentes como vingança de exércitos, americanos e russos, eles invadem e matam milhares de pessoas e destroem tudo e depois a reconstroem como um leggo…

Ninguém sabe bem como se deflagrou esta insanidade. Mais parece uma Peste mental, vinda do virtual… É como se um vírus se espalhasse, como se uma psicose colectiva nos atingisse a todos e paulatinamente se infiltrasse em todos as mentes, como se uma epidemia invisível atingisse a humanidade que pode estar em vias de auto-destruição… Como se o sentido único da vida fosse a Economia, o Petróleo e o Dinheiro…
O que é certo é que parece que os homens enlouqueceram de vez, atingiram o grau máximo de alienação. Eles olham para um buraco negro, um ecrã, sem discernimento ou capacidade de ver o essencial…incapazes de olhar para dentro de si ou à sua volta! É a cegueira colectiva e global…
Depois de destruírem o Planeta, a fauna e a flora, os homens começam a destruírem – se uns aos outros e a si mesmos…

“Apesar da "epidemia" chegar a um grau tão extenso, acabando por atingir toda a população do local, a mulher do médico é a única pessoa que ainda consegue enxergar e assim registar todo o horror e provação que os cegos enfrentam.”*
*
In O ensaio sobre a cegueira de J. SaramagO
rosa leonor pedro - artigo publicado no Espaço & Design

3 comentários:

Desambientado disse...

Por obséquio,
Faça um presépio,
Tenha um Natal,
De amor fraternal.
Mantenha os petizes,
Cobertos de amor,
Protegidos, felizes,
Sem eleição de cor.

Nesse seu presépio,
Deite o seu menino
No aurículo ou ventrículo
Do seu coração.
Um Natal a sério,
Também é um hino,
Ou um bom estímulo,
À fraternal comunhão.

Votos de que neste Natal o egocentrismo entre em crise e que haja uma pandemia de saúde.

Anónimo disse...

também são esses ps meus votos meu amigo.

rleonor

Anónimo disse...

A pobreza não justifica a criminalidade: Há 50 anos os portugueses eram bem mais pobres do que o são hoje e a criminalidade violenta era praticamente inexistente entre nós, em particular ao assalto com extrema violência sobre as vítimas. Se mais pobreza implicasse mais criminalidade, então não teria sido assim. Se a criminalidade não é ainda maior nas estatísticas em Portugal é porque muitas vítimas já nem se queixam porque já nem esperam ver os criminosos punidos, mesmo que seja apanhados.

Já há algum tempo um Mayor de Nova Iorque decidiu que não se deveria menosprezar a pequena criminalidade nem os pequenos delitos, porque a sensação de impunidade se instala nos jovens delinquentes, estes vão facilmente progredindo para infracções cada vez mais graves até que a situação se torna incontrolável.

Implementou então a célebre "Tolerância Zero" que, como se sabe, deu óptimos resultados, reduzindo num só ano a criminalidade em Nova Iorque em cerca de metade. Até os comboios que andavam todos sujos com "grafittis" andam hoje impecavelmente limpos.

A actual política portuguesa de manter na rua os criminosos, mesmo depois de várias reincidências, faz (como dizia o Mayor) crescer a sensação de impunidade: o criminoso continua com as suas actividades criminais, vai subindo o nível dos seus delitos e serve de exemplo para que outros delinquentes mais jovens sigam o mesmo caminho.

Esta política errada está a atrair ao nosso país a criminalidade europeia, que se apercebe dos nossos cada vez mais "brandos costumes". Não podemos tolerar que isto aconteça, na esperança de que os criminosos sejam um dia capturados noutro qualquer país da UE e que aí cumpram pena.

Dificultar a obtenção de uma licença de porte de arma não tem qualquer efeito sobre os criminosos violentos. Quem acredita que eles tiram uma licença de porte de arma e a compram num armeiro legal? Não! Compram-na nos mercados do submundo do crime e muitas delas são até superiores às das polícias. O tempo em que os delinquentes faziam sobretudo uso de armas furtadas já lá vai, por isso dificultar a obtenção de uma arma legal serve para o criminoso se sentir mais seguro e impede a autodefesa da vítima, que pode sentir arrombarem-lhe a porta mas nada poder fazer porque não tem com que se defenda. Há um ditado americano que diz: "mais vale ter uma arma e nunca precisar dela do precisar de uma e não a ter".

Os partidos de esquerda parece terem ficado traumatizados pelos regimes totalitários, pois desculpabilizam até à exaustão a criminalidade com as dificuldade económicas e com isso estão a desorientar o seu eleitorado natural: os mais pobres que são também os mais desprotegidos face à criminalidade. Têm por isso muita responsabilidade relativamente ao crescimento da extrema direita que tem um discurso bem mais sensato sobre o combate crime.

Obama promete ser implacável no combate ao crime e defender ao mesmo tempo os mais desfavorecidos. Não me parece incompatível.

Zé da Burra o Alentejano