O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, setembro 03, 2008

ONDE NASCE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA?

A violência doméstica, tenho aqui dito repetidas vezes, não deriva apenas de um factor social económico ou mesmo de um factor de educação, mas sim de uma “religião e moral”, resultado final de um desvio cultural histórico a partir do qual as sociedades patriarcais ascenderam ao poder, suprimindo a divindade feminina, nomeadamente o poder religioso, ao destronarem o culto da Deusa Mãe, deusa da fertilidade. Ela começou depois de terem sido destruídas as bases em que a Mulher era honrada, consagrada à deusa e o seu amor sacralizado, e ao ser alterado para outro, que é ainda o dos nossos dias, um culto único de um Deus-Pai todo-poderoso, castigador e opressor baseado na repressão da mulher. Aí começou a violência doméstica e social que se repercute nos nossos dias e em todo o mundo!

Porque esse espírito patriarcal castigador e dominante é ainda difundido e cultivado através das catequeses e os seus padres e de uma educação generalizada em que as ideias machistas vigoram desde sempre e nunca as ideologias ou Governos de esquerda ou direita fizeram nada para minorar, aceitando ao longo dos séculos e das décadas a supremacia do homem e a inferioridade da mulher, mas principalmente a divisão da mulher em duas, a esposa legítima, propriedade do seu senhor e abençoada pela igreja e a mulher que não se sujeita aos seus códigos e leis, a prostituta, criando uma dicotomia interna e externa na mulher cindida em santa e puta… Ainda recentemente o Cardeal de Lisboa, tal como a anterior Papa, falava com grande ambiguidade da “santidade” como condição excelsa e única via para o amor da mulher…Da mesma maneira o Governo socialista fez tábua rasa das mulheres socialistas e elevou-as à máxima insignificância dentro do aparelho de Estado. Estes são factos bem evidentes em estados e governos do Mundo inteiro. Além de que o cinema e os media continuam a retratar a mulher com um ser de segunda sem sequer se aperceberem dessa descriminação.

Depois da Inglaterra é a primeira vez que a Alemanha elege uma mulher 1º ministro…Mas a senhora Tatcher considerada a Dama de Ferro, era sem dúvida, tudo menos uma “mulher feminina” na acepção ontológica do termo...assim como a senhora Merkel, que agora governa a Alemanha …
Os Estados e Governos continuam a servir-se da mulher como isca para os seus interesses e manobras políticas manipulando o eleitorado feminino, como na América com Mac Cain.
As mulheres activistas, as da primeira linha, sejam elas feministas, jornalistas artistas ou escritoras que se consideram mais independentes e que ousem expor as suas ideias são normalmente ridicularizadas tal como o foram as feministas da geração dos anos 60, e a sua intervenção acaba sempre minimizada quer pelos políticos quer pelos intelectuais e tudo se resume a uma aparência de igualdade. E tudo anda à roda de uma pretensa paridade, ou da legalidade da interrupção da gravidez ou da prostituição, porque as mulheres aceitam este estado de coisas para defender os poucos lugares a que têm acesso sem que nunca sejam verdadeiras líderes: ministras, directoras de empresas ou de bancos. E as que singram na vida ou são “meretrizes” como eles dizem ou têm “cabeça de homem” e são-lhes fiéis no trato e nos gestos, ingressando na política de forma agressiva e dura ou indo para a vida militar, assim como o foram activas na tortura no Iraque.
rlp
(continua)

4 comentários:

Anónimo disse...

O mal da humanidade tem sido o domínio pela força, as competições constantes entre os sexos, enfim, a completa ausência de amor. O emocional é desprezado por força dos preconceitos e, assim, homens tornam-se carrascos das esposas para sustentarem a tradição machista imposta por estes conceitos, muitas vezes bíblicos. Bíblia esta que, todavia, foi escrita pelas mãos masculinas e não femininas. E tudo isso faz com que as coisas sejam tais quais têm sido até agora. A mulher oprimida, diz-se liberada e só a vejo pagando alto preso por uma independência que, ao meu ver, mais a escraviza do que propriamente liberta.

(Aguardo a sua continuação.)
Uma boa tarde, Rosa.

Anónimo disse...

Agora "violência doméstica", será para desviar a atenção dos cidadãos?

Agora, quando este país está "a ferro e fogo" sob a mira do ataque de violentos "gangs", que estão dispostos a tudo para conseguir os seus ganaciosos intentos de obter dinheiro fácil, foi o Governo se lembrar o drama da "violência doméstica". Ela existe e continuará a existir sempre mas nada tem a vêr com o que foi no passado ou existe noutros países.

Os amantes das estatísticas gostam muito de comparar realidades entre os diversos países. Será que são capazes de comparar o que se passa em Portugal com o resto do mundo? ou com o que se passava há 30 anos?

Em Portugal, frequentemente são postos em liberdade, a aguardar julgamento, assaltantes violentos, traficantes de droga, de armas e até assassinos, colocando em risco vítimas e testemunhas, por isso não julgo ser essa a altura para tratar da questão e fazer sair leis com vista a por em prisão preventiva os homens ACUSADOS de "violência doméstica". Há crimes que estão na ordem do dia e que exigem uma resposta urgente. resposta.

Os acusados de "violência doméstica" também têm direito à presunção de inocência; ou não? A inovação não poderá até levar a esquemas perversos para por fora de casa um qualquer companheiro que se queira por fora de casa. E depois que fazer mesmo que não se prove nada?

Qualquer pessoa reconhece que a "violência doméstica" já foi muito pior em Portugal do que é hoje e há que acrescentar outras formas da tal "violência doméstica" muito pouco referidas. Para além da do HOMEM VERSUS MULHER (a tipíca), há a praticada contra os idosos, familiares deficientes, crianças, dos filhos contra os pais e até de mulheres contra homens: sabendo que aqueles não lhes podem "tocar", desprezam-nos, praticam adultério e mesmo quando não têm qualquer ocupação profissional, há mulheres que não se ocupam dos trabalhos domésticos, havendo casos em que é o marido que depois de chegar do trabalho tem que fazer a comida para a família, arrumar a casa e tratar de roupa (se quizer), para além de resolver qualquer problema tradicionalmente executado por homens, como pintar a casa, reparar o candieiro avariado, por uma lâmpada no tecto, desentupir o lavatório, colocar uma telha, sei lá... É FAZER E CALAR, SENÃO RUA E PAGA A PENSÂO PARA OS FILHOS QUE FICAM INVARIAVELMENTE COM A MULHER MESMO QUE O HOMEM CONSIGA POVAR A SUA INOCÊNCIA (o que é sempre muito difícil de provar); DE CONTRÁRIO ATÉ AQUELA TEM DIREITO A UMA PENSÃO PARA SI. Se a questão monetária não importa para quem ganha alguns milhares de euros, o mesmo já não acontece aos menos afortunados.

Zé da Burra o Alentejano

Anónimo disse...

Mário aí tem a 2ª parte do texto que já fora publicado em tempos e que agora estou a compilar com outros para lançar um livro do Blogue em Novembro...
Obrigada pelo seu apoio fraterno...

rosa leonor

Anónimo disse...

Meu amigo alentejano...falo de uma violência e das suas causas milenares a incidirem antropologicamente sobre a mulher até antes de ela se exercer também sobre os homens...
Não me interessam as estatísticas nem casos isolados, mas a generalidade dos casos, assim como as causas de toda a violência e ela começa na Mãe...não discuto contextos nem minorias...é a Mãe da humanidade e a origem do nosso equilíbrio que está em causa no Planeta e não aqui na nossa província...
O mundo está num caos, a violência crescente é planetária,lá chegou ao nosso quintal...a causaé a falta de amor e de respeito pela Mulher!!!
Se quiser ver veja se não quiser ninguém o obriga.

obrigada pelo seu interesse

rosa leonor