O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, agosto 14, 2008

DENTRO DE SI...

Ficar "fora de si" é continuar a olhar para fora e ver a ilusão e destruição do mundo apenas.
É por dentro de cada ser que as águas se separarão...e nada ou muito pouco será visível a estes olhos...

Quanto aos mortos..."deixe que os mortos enterrem os mortos..."

Sabe, só o Amor muda todos os cenários...sabe como quando está apaixonado? Para mim é isso que está a acontecer...amar-me a mim e amar os outros como a mim mesma, sem obrigar os outros ao que quer que seja...Nós só nos podemos mudar a nós mesmos e não ao Mundo e essa tem sida a nossa desculpa...odiar o mundo em vez de nos amarmos...



No meio destas duas frases eu coloquei uma frase fatal…

...."deixem que os mortos enterrem os mortos..."- uma famosa frase de Cristo,
dita por ele próprio, segundo consta na Bíblia…
Durante mais de 2 mil anos as pessoas interpretaram esta frase e não sei se alguma vez na vida alguém a entendeu. Talvez poucos, muito poucos como os iluminados ou os budistas mais precisamente os hinduístas…porque no Bagvagita há uma ideia semelhante. Krisna diz a Arjuna que vá para a guerra e não tenha medo de lutar contra os seus familiares porque eles já estão mortos…
Para os ocidentais e nesta época, isto parece horrível e desumano, mas os Mestres da Humanidade os maiores à partida disseram isso mesmo. Portanto resta-nos tentar perceber o que eles quiseram dizer…Nós com toda a nossa compaixão e piedade não resolvemos nada do conflito milenar e as guerras estão aí…sempre a ameaçar-nos…
Dentro de nós mesmos, dentro da nossa casa, com os nossos vizinhos…e depois com os outros países, às vezes da mesma língua…
Claro que não tenho a pretensão de querer responder à grande questão dos místicos e teólogos, nem dos filósofos… mas simplesmente dizer o que eu compreendo…Primeiro que tudo eles, os Mestres, não estão a dizer para se matar, nem que se deva matar…mas face à vida e à morte e ao inevitável cenário de luta de contrários que os homens exprimem na sua ignorância uns contra os outros e em extremo nas suas guerras não fazem mais do que dar expressão a sua própria dualidade e guerra interior. Daí o anunciado de que a Paz só pode ser conquistada a partir de dentro…
O Conhecimento “superior” está para além do bem e do mal, para além da dualidade humana. E é disso que se trata. A 3ª visão, a integração da dualidade na síntese dos opostos, permite ao ser humano uma compreensão mais elevada das causas e efeitos e ver-se a si e à realidade com “outros olhos”. Enquanto nós, pessoas comuns que lidamos com as duas faces de nós próprios, pensamos o mal de um lado e o bem do outro e assim a vida e a morte como coisas opostas mas inconciliáveis, não percebemos que tudo está em nós e que essa divisão só depende das nossas crenças e do olhar para fora como vendo nos outros a fonte do “mal”... Este é o grande dilema da sub-humanidade…Não distinguir nem discernir as duas faces do seu ser nem ver que Abel e Caim são um só ser e que esse estado de divisão do ser corresponde ao estádio involutivo da Humanidade. Os egípcios também representavam o homem a lutar consigo mesmo como se fosse dois…Há uns milhares de anos era essa a mensagem e agora que entramos por suposto numa Nova Era é possível ao ser humano começar a ter discernimento e a atingir essa Visão que já não é só intelectual, nem só emocional-devocional, mas que activando os dois hemisférios unindo-os nessa visão singular, pode aceder a uma compreensão real de síntese que ele atinge ao integrar os seus dois lados, esquerdo e direito, activo e passivo e aí voltamos aos princípios, feminino e masculino…

Para mim não é assim tão simples, mas é provável…começa a fazer sentido esta leitura da realidade. É o fruto de um Caminho interior. E do começo da maturidade…da libertação das ilusões e dos desejos…

Sim às vezes isto parece demasiada areia para a nossa cabeça…
Mas que tal ver com o coração inteligente? O coração central…

rlp

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