O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, julho 30, 2008

sofrimento auto-imposto...


"Em meio a intensas dores e desconforto de uma plástica de abdome para tirar a barriguinha que ficou mal na foto, uma mulher de meia-idade pensa na calça jeans e nos vestidos de malha que conseguirá usar depois de atravessar a via-crucis do pós-cirúrgico e das várias limitações à sua mobilidade nas primeiras semanas. Qual o verdadeiro sentido desse sofrimento auto-imposto?

O amor, o desejo, a ternura e a cumplicidade podem existir entre pessoas com corpos imperfeitos.
Ao contrário do que a mídia apregoa, quanto mais maduros homens emulheres, mais profundas se tornam suas relações, mais independente de estereótipos e mais prazerosas, de um prazer inabalável, se não fosse o bombardeio midiático de que avelhice é uma doença e não uma plenitude.
Para onde nos leva o capital/dinheiro? São inaceitáveis as marcas (e os marcos) dotempo no corpo? É imoral envelhecer?
O pior é que não é só o corpo que o capital/dinheiro destrói. Ele destrói também acapacidade de homens e mulheres de aprofundarem a sua relação com a realidade.

Destruir o corpo real e substituí-lo por um corpo de consumo é também substituir a “realidade real” por uma “realidade de consumo” que tende a destruir a própria espéciehumana (a partir do desequilíbrio climático pelo excesso de consumo).

Rose Marie Muraro, 75, é escritora e editora, Patrona do Feminismo Brasileiro(Lei 11.261): rosemuraro@uol.com.br

6 comentários:

Vitória disse...

Ainda ontem eu falava quase isso aí para uma moça de 36 anos,perfeita,linda que está querendo fazer uma lipo ao abdomen!!Como pode!
bjj :)

Teste Sniqper disse...

Aqui nasceu o Espaço que irá agitar as águas da Passividade Portuguesa...

Nana Odara disse...

E a história da menina que fez plástica pra ficar com um bumbum "africano"?
Parece uma piada...
e muito sem graça...
Eu preciso acreditar,
que estamos evoluindo,
de alguma maneira
pra não desanimar
PRA NÃO DESANIMAR...

Beijos querida...
Não desanimes tbm...
não muito...
Beijos

Xaxeila disse...

Rosa, tendes razão porque o corpo dessa manequim/modelo na foto, poderia muito bem ser o corpo de um monge budista asceta, de um faquir altamente espiritualizado!! Duas faces da mesma moeda. O mesmo corpo, a mesma matéria, mas as essências são completamente diferentes!!! Taí a prova de que o sofrimento auto imposto não leva definitivamente ao céu, e que os caminhos do céu são estranhos e misteriosos...

Anónimo disse...

...pois é minhas amigas, este mundo é deveras paradoxo...

obrigada pelos vossos comentários e sejam muito bem vindas a este espaço de controvérsia...

abraço

rosa leonor

Anónimo disse...

Quanto a Ressaca espero que seja como prometem e nunca abdiquem da verdade com que se anunciam...
espero mesmo ver a diferença, ela é precisa! Mais do que nunca para abanar a passividade dos portugueses...

abraço solidário

rosa leonor