O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, junho 14, 2008

O ABOMINÁVEL FILME SEXO NA CIDADE

”Racista, machista, xenofóbico”
(...)
o que me deixa triste é que tantas mulheres tenham como modelo figuras tão superficiais e caricatas como as quatro personagens da série/filme. Essa pobre criatura que acabou de me escrever dizendo que eu sou frustrada provavelmente nunca nem viu uma dessas horrendas bolsas Louis Vuitton ao vivo e é isso que ela considera sonho, glamour. (...)
Quanto ao machismo, nem preciso falar muito, né? é o filme todo. Uma cena que não vai interferir no conjunto e acho que posso contar aqui é da Samantha fazendo um sushi e se deitando numa mesa nua com o sushi espalhado pelo corpo (como fazem em alguns restaurantes) esperando o namorado. O fim.
(...)
Gente, pelo amor de deus, me explique, como as pessoas vão a um filme e não vêem nada disso? como não se sentem insultadas, ofendidas, estereotipadas? será que viram o mesmo filme que eu?
Enfim, o pior filme da minha vida. Ele até que é assistível, apesar de que, mesmo se tirasse todas as ofensas, ainda seria um roteiro péssimo. Mas é o pior porque pretende marcar a vida das mulheres que acompanharam a série e tudo que faz é acentuar tudo que existe de pior nela e nessa cidade.
(...)
In http://sindromedeestocolmo.com/archives/2008/06/sex_and_the_city_-_um_dos_piores_filmes_que_vi.html/

- O que eu temia: o filme é neste momento o mais visto nas salas de cinema em Portugal…
(…)
“Assustador é também a falta de senso crítico com o que vêm. Satc é uma ode ao consumo desenfreado, irrefletido e automático. As “glamurosas” do filme (e série) vivem uma realidade muito distante das suas defensoras, brasileiras que, se frequentassem aquele meio, seriam, na série, no filme e na vida real (salvo meia dúzia de excessões)as faxineiras e manicures, se tivessem sorte, e se esta não lhes sorrisse, seriam as dançarinas noturnas e as prostitutas. Mas, parece que elas não conseguem ver o lugar reservado aos latinos no cinema e televisão. O argumento mais usada pelas defensoras é que o filme é só um filme. Ora, um filme nunca é só um filme, um livro nunca é só um livro, eles trazem nas entrelinhas coisas muito mais profundas.

Estudo literatura e sei que uma obra nunca é só o que está escrito, ela encerra muitas outras coisas que não estão tão visíveis assim como ideologia, politica, concpções do autor e da época. O filme em questão, assim como a série, (falo mais pela série) traz em suas entrelinhas ideologias nefastas mostradas pelo consumo desenfreado das quatro amigas, glorificação da marca (em nenhum momento as crianças asiáticas semiescravas que costuram as bolsas que as “glamurosas” compram, nem os africanos que morrem na extração dos diamantes que elas usam, nem os pedreiros que perdem as mãos no corte do mármore que reveste o chão que elas pisam aparecem vinculados a esse Glamour), superioridade racial do branco, superioridade da civilização americana em detrimento das demais (é só ver a viagem ao México de uma das personagens) e uma das piores, entre outras, o atrelamento da felicidade ao ato de comprar, o consumo é apresentado como um maravilhoso remédio para o espírito." (...)

Para quem quiser ver tudo sobre este debate Cinema - discriminação acesse ao link: http://sindromedeestocolmo.com/archives/category/artes/cinema/

Leitora de M&D

6 comentários:

Lealdade Feminina disse...

Pra falar mal da comédia de Hollywood muitas mulheres se manifestam prontamente...

Agora vamos ver com qual velocidade e intensidade elas vão aderir à homenagem à Rose Marie Muraro...

Jogar pedra em mulher é fácil...
Agora quero ver quem é que joga pétalas de rosas suaves e perfumadas...

É essa a diferença, baby

É pos isso que eu continuo dizendo o mesmo sobre as pedradas...

Pra falar de sexo, todo mundo se alvoroça logo, pra jogar pedra em mulher que faz sexo, idem...

Mas pra demonstrar carinho com a Rose Marie Muraro, cadê???

É por isso que, não a sua crítica, em particular, mas a maioria delas é apenas mecânica e superficial, só jogar pedra em puta (puta rica...)

E esse fim de semana, veremos afinal, se estou enganada...

Espero que sim...

Lealdade Feminina disse...

É talvez, tanto furor com o filme seja mesmo a inveja das mulheres comuns, que se consideram superiores às tais manicures, faxineiras e dançarinas, e muito preocupadas com operários que morrem cortando mármore ou morrem nas minas de diamantes...


É a mulher na rivalidade com a sua sombra...

Tanto umas como as outras precisam despertar... as putas consumistas e vazias e as mulheres que lhes atiram pedras...

Todas as mulheres que ainda estão adormecidas precisam de tempo, precisam de tolerância, pois o despertar é interior, e acontece no momento certo de cada uma... precisam de novos modelos femininos, e não apenas de pedradas...

Toda situação pode ser vista de ângulos diferentes...

E como escolhemos o ângulo tem a ver com a nossa própria essência...

Qdo criticamos veementemente alguma coisa, estamos incomodados com o que? com a nossa sombra refletida?

"Não vemos as coisas como elas são,
e sim, como nós somos"...
Anais Nin

Anónimo disse...

No primeiro comentário eu percebo o que você diz, mas no segundo eu penso que você não só está a exagerar na teimosia como virou cega para os argumentos das pessoas mais lúcidas e vê pedras onde é você mesma que as atira...para quê o seu arrogante empenho também em defender estereótipos que nada têm de real e um filme em que tudo o que se vive é um absoluto vazio e onde nada se aproveita? Tudo o que você argumenta em favor dessas mulheres não me faz sentido nenhum ; nem elas têm nada em que se relacionem com a nossa luta ou com a lealdade feminina!Não concordo em nada com o seu raciocínio. Você está a inventar não só argumentos sem sentido como é quem atira as pedras e vê sombras onde elas não existem. Diria que você lhe deu para aí e estar a rispostar tão veementemente contra coisas tão evidentes é que é um absurdo e eu não vou discutir consigo os seus argumentos porque não têm pés nem cabeça!
O que é que lhe deu para defender factos tão perversos com argumentos tão imbecis? O que é que lhe deu para não ver o mais óbvio, apenas isso? Em que fantasia, ideal ou sonho lhe estão a tocar? Você é que parece possessa...
Olhe, eu não comento deste modo o que no seu Blogue você coloca e há muita coisa que não gosto, como não gosto do que você está a fazer agora às pessoas que eu albergo! Aqui é você que está a faltar ao respeito às pessoas que pensam de maneira diferente. Por favor pare com isso, peço-lhe.
Rleonor

Anónimo disse...

" a mulher na rivalidade com a sua sombra..."
- Isto, neste contexto é uma afirmação falsa e ofensiva...

"Tanto umas como as outras precisam despertar... as putas consumistas e vazias e as mulheres que lhes atiram pedras..."

-Aqui inventa (PUTAS)o que ninguém disse...e deturpa o sentido da análise dos factos mais evidentes...

"Todas as mulheres que ainda estão adormecidas precisam de tempo, precisam de tolerância, pois o despertar é interior, e acontece no momento certo de cada uma... precisam de novos modelos femininos, e não apenas de pedradas..."

- E aqui para mim é tolerância zero...e se quer saber mais uma vez digo, estas mulheres NÃO SÃO MULHERES MAS SUCEDÂNEOS; promovem a aliennação das outras mulheres e jamais acordarão,e não precisam sequer de tempo porque elas não existem!!! O que lá existe com aparência de mulheres são modelos fabricados por machistas e veados... podiam ser bonecas insufláveis! E enquanto estes modelos perdurarem não há outros modelos verdadeiros que nos salvem, porque o mundo está preso nesta armadilha há muito e até você mesma, afinal de contas e nem vê...

E de uma vez por todas fique sabendo que eu não acho que ninguém acuse essas mulheres ou as mulheres mas estes falsos modelos de mulheres!Por mim o que me choca nestes estereótipos é não ver nelas nenhuma mulher NADA DE FEMININO ESSENCIAL, e se você não vê isso é consigo e se você acha que o sexo livre e legítimo é o que elas vivem, sexo por sexo, então está muito longe de mim e das minhas ideais.

- Não estou zangada consigo nem me importa que se zangue comigo, mas sim muito séria. E sem vontade de continuar a discutir este assunto. Não se sinta livre para responder porque eu não sou democrática. Vamos ficar por aqui. Ok?
rl

EU SÓ LHE RESPONDI AQUI PORQUE ESTOU A FAZER UM TRABALHO COM MULHERES & DEUSAS diferente do seu e não quero que pensem que estou de acordo consigo em tudo!Eu nunca discuti os seus pontos DE VISTA NEM OS PRINCÍPIOS da lealdade feminina...porque respeito o seu trabalho e ponto final.Quando gosto digo algo e quando gosto não digo nada. Faça o mesmo comigo. OK

Anónimo disse...

Sem querer de modo algum identificar-me com nenhumas das partes ou argumentos utilizados para discorrerem s/ diferenças, nao posso deixar de pensar que se "o sexo e a cidade" é um filme machista, consumista, vazio, oco e fútil e, enquanto tal, deseducativo ( e que fique bem claro que eu concordo plenamente com o tipo de denúncia feita p/ Rosa Leonor ao filme, tal como a Denise do sindromedeestocolmo (já tinha lido) e outros blogs; apenas nao o vejo isolado: há filmes ainda piores -bem piores! no que respeita a passar uma informaçao falseada e distorcida s/ o que é a independencia vivida no feminino alem de outros abertamente aberrantes: como os da industria de Bollywood (apenas um exemplo)em que a imagem passada sobre a mulher e sua finalidade de vida é apaixonar-se (de preferencia perdidamente) por um qualquer principe -provavelmente a contragosto do pai para nao haver duvidas nenhumas que ela é um joguete fragil entre dois poderosos senhores da sua vida... Essa e outras industrias sao fazedoras de vidas milionarias que se alimentam da produçao desses estereótipos podres muito bem embalados em papel bonitinho.
Actores, guionistas, produtores sao autenticos criminosos sociais na minha óptica porque fazem um desserviço: perpetuarem e estimularem teias de aranha nas cabecinhas incautas e com observaçao pouco afiada. Filmes de guerra e violencia inutil... a par das historietas de amor que o cinema já produziu aos milhoes para iludir mentes escravizadas a emoçoes baratas sao algo que sempre desde que que me conheço me mereceu desprezo e olvido. Comparado com outros o filme em questao é apenas um mau filme, uma má serie que nao me aquece nem me arrefece. Bem mais grave é o que diariamente "papamos" ao longo de toda a vida quase sem darmos por isso...
Lembro ha uns anos atras pensar muita vez se quem fazia a selecçao de sketchs de anuncios na tv seriam pessoas com problemas de perversao sexual...
Invariavelmente aparecia uma mulher a levar um estalo de um homem e a encolher-se acto continuo! lembro particularmente de uma serie -nao lembro o nome: sempre era anunciado repetidas vezes em horario nobre o próximo episódio. Versava uma guerra de famílias: um homem a cavalo e uma mulher a caminhar no campo, a cena deixava de se ver mas ouvia-se o grito terrivel de uma mulher vítima de violaçao, começo da inimizade entre clãs. Isto era passado obssessivamente. Chamo a isto poluiçao mental, condicionamento mental e sobretudo lixo. Eu ficava-lhe imune e nao me sentia em questao, mas imagino o mal que fez a algumas pessoas, bombardeadas sem discernir que o estavam por mensagens "subtis" de desvalorizaçao e inferioridade da mulher versus poder e brutalidade masculinos.
O problema quanto a "sexo e cidade" será mais o boom mediático, que vai sumir como insignificante que é... e daqui a alguns meses estará na prateleira obscura de um qualquer video clube a preço de promoçao.
O coment. já vai longo... mas sugiro que assentem baterias de atençao para a comunicaçao social: o que falei da serie atras, ainda hoje encontro actualizado no abominável mau gosto de quem criou as imagens que repetem obssessiva e longamente quase sempre que se fala de violencia domestica: um homem a partir cadeiras, sombras de um homem a golpear uma mulher, um homem a atirar uma mulher para cima de uma cama antes de a agredir... a "mulher" encolhe-se. Mais parece um curso rápido s/ "as 1001 maneiras de agredir a sua esposa/conduta recomendada para a parte feminina do casal"
*suspiro*
Abraço
Marian

Anónimo disse...

..."quase sempre que se fala de violencia domestica" (na tv) quantas vezes no telejornal... imagens certamente para ajudar a digestão...
Marian