O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, maio 03, 2008

A sexualidade é sagrada.

O SEXO A ALMA E O CORPO
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Por minha parte quereria acrescentar que penso que todas as aberrações de ordem sexual assim como todos os seus sucedâneos, desde o sado-masoquismo à violação até ao uso de artefactos, derivam do facto de a um determinado momento da História da Humanidade as religiões e os sistemas patriarcais terem dessacralizado a sexualidade e tornado a mulher um objecto de posse dos homens e da sociedade. Isso começou com as invasões bárbaras e destruição do culto da Deusa Mãe e inferiorização da mulher, acabando por se difundir de forma mais "evoluída" na "idade da razão" quando se decidiu separar a ciência da filosofia, o corpo do espírito, tirando-lhes a alma que os ligava entre si, e sendo esta associada à mulher, também se negou a alma à mulher. A Alquimia, foi reduzida a química...
Ao fazer-se cessar a visão do ser como um Todo, e a partir da qual o ser humano era compreendido, sendo a alma o elemento que ligava o corpo ao espírito, o racionalismo cartesiano por um lado e o fanatismo religioso por outro, agravada depois na idade moderna com o materialismo cientista e o comunismo foi a definitiva perda da dimensão sagrada do corpo e do sexo e que criaram esta grande perda da humanidade…
Sendo o sexo-iniciação a base da própria evolução da consciência, o ponto de partida para a elevação do ser à dimensão do espírito, ao ser-lhe negada essa potencialidade, a queda da mulher foi total. E assim também se perdeu a experiência da fusão de dois seres como um todo na manifestação do sagrado em nós.
O facto de se ter separado a sexualidade da espiritualidade cavou um fosso enorme entre os seres e impediu a natureza instintiva de se expressar da base para cima, da Terra para o Céu… Assim se separou também o homem da mulher.
Ao tornar-se a alma algo abstracto pertencendo ao domínio do“espírito” - apenas como dogma religioso - o sexo como órgão separado do corpo, sem alma, tornou-se uma coisa ora violenta e perversa, ora grotesca e obscena, vista como inferior, sempre rebaixada… que as pessoas escondem e denigrem e de que as crianças são afastadas. Depois, nas escolas, ensinam-lhes um modo de reprodução e uma função orgânica desligada de tudo e até do Amor. A televisão mostra-lhes a violência por excelência e a pornografia. Assim, o sexo sem a dimensão do sagrado que é a união pelo verdadeiro amor e não mera atracção física, é sempre como uma sevícia para o corpo e um mal para a alma. E esse é o sexo que os jovens praticam...desalmadamente. Nunca este termo foi tão apropriado!!!
- Quem é que afinal de entre nós percebe quantas mulheres sentem que a sua sexualidade é sagrada assim como o seu corpo?
- Ainda há dias uma leitora me pediu por amor de deus que não misturasse sexualidade com religião como se eu estivesse a cometer alguma blasfémia…afinal são as mulheres que continuam a separar o corpo e o sexo da alma e do espírito, aceitando essa cisão interna naquilo que é o âmago do seu ser…

Deste modo, sem dúvida que as mulheres continuarão a deixar que a violação do seu ser se continue a repercutir em actos de sevícia na sociedade e no mundo.
E enquanto as mulheres realmente não acordarem para essa Dimensão do Sagrado Feminino e não se virem como um Todo integrado, nunca mais serão respeitadas, nem a Terra poderá ter paz, pois é a Mulher e a Mãe que detêm o poder de unir e não separar…rlp

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