O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, dezembro 06, 2007

SER NO FEMININO

- Como já disse algumas vezes aqui eu não faço de forma alguma a apologia da homossexualidade nem feminina nem masculina, nem nenhuma outra sexualidade seja hetero, bissexual ou transexual. Para mim só existe uma Sexualidade e a escolha de parceiros por parte de um indivíduo adulto e livre e a sua expressão é uma particularidade que só a ele/ela diz respeito o que evidentemente não é respeitado numa sociedade normativa e preconceituosa cujos valores são exclusivamente os do masculino, isto é a agressão e exclusão do que não é igual.
Queria no entanto esclarecer que ao usar a expressão “um homem feminino” e isso coincidir com um testemunho muito válido e lúcido de um ser assumidamente homossexual, eu não quero dizer nem acho que todos os homens “femininos” sejam homossexuais…
Vou pois tentar clarificar este ponto.
Uma sensibilidade feminina por parte de um homem é sempre mal vista e o homem ridicularizado, a começar na escola mal a criança se manifesta diferente da maioria dos rapazes, refiro-me aos rapazes e não às meninas porque nas meninas isso não é tão notório. Uma menina arrapazada é mais aceite do que um rapaz sensível, até porque imitar os valores do masculino é bem visto e imitar os do feminino é manifestamente uma inferioridade. Alias, comete-se até o crime de dizer com sentido pejorativo que um homem é sensível para dizer que ele é gay ou se suspeita disso…Isto de facto porque a semelhança do homem com uma mulher é a pior coisa que lhe pode acontecer e por isso “a bicha” foi e é tão acossada seja pelos machos hetero, seja hoje em dia pelos machos gays…daí eu sentir que o orgulho gay como movimento machista (falocrático também) virado para os homens, e as mulheres totalmente masculinizadas, é mais uma forma de negação da mulher e é sem dúvida misógino, tal como a homofobia, pois visa a destruir a mulher nos seus últimos redutos, coisa que os femininos não faziam, embora ocupassem os seus lugares subalternos de cabeleireiras e costureiras, ou como actualmente, das grandes vedetas do cinema e do musical… e antes apenas imitassem a face louca e fútil (de “galinha”) que os homens atribuíram às mulheres…

Por mim continuo a simpatizar com os homens femininos embora isso não queira dizer que faça a sua apologia, pois a mulher também não é a caricatura que eles reproduzem. E como disse no início ser feminino não implica forçosamente ser gay e aí é que reside um grande equívoco. Mas isso já é outro assunto.
Do que eu apreendo do movimento gay-lésbico este nada têm a ver com as verdadeiras causas do problema em si, ontológico, nem com a essência ou liberdade do verdadeiro SER, seja ele masculino ou feminino. A confusão sexual no mundo é tal que faltando a mulher como referência verdadeira do feminino, não há possibilidade de se saber o que é o Feminino, pois o feminino existente é apenas um sucedâneo da mulher há muito desaparecida, sendo a que vimos “uma degenerescência, uma cópia dela” mesma, criada pelo imaginário dos homens e da sociedade falocrática que anulou a mulher verdadeira por medo do feminino.

A Mulher que nós vemos nos Media, e portanto a que o gay imita, não passa de um estereótipo, tendo os Media também contribuído para o afastamento da outra mulher, a mulher comum que vive esquecida a sua fragmentação psicológica e social nos vários quadros da sociedade falocrática.

Não me quero alongar muito mais, mas dizer apenas que no dia que a verdadeira mulher vier à superfície e for a referência por excelência, como mulher mãe e amante, quando os dois Princípios yin e yang estiverem integrados, tanto na homem como na mulher, todas essas divisões e contradições, lutas e diferenças sexuais deixarão de existir…pelo menos em 80% dos casos…

rlp

3 comentários:

Lealdade Feminina disse...

Não sei se devo dizer muito por agora... estou cansada e as palavras podem sair "cansadas" tbm... mas os homens são muito reprimidos sexualmente, muito mais até que as mulheres... e por isso vivenciam uma sexualidade tão... inominável... onde eles é quem perdem mais... pois mesmo 'usando' a esposa ou a amante ou a prostituta, ele meramente repete um gesto mecânico e ridículo que nada tem a ver com sexo... mas assim caminha a humanidade... e o resto na esparrela... rs... eu conheci recentemente um rapaz, um senhor, brasileiro que ensina as mulheres (portuguesas) a se masturbar... rs... ele tem umas histórias ótimas... mas isso tbm vamos deixar pra depois...rs... enquanto não houver equilibrio nada disso vai mudar...

Lealdade Feminina disse...

Equilibrio entre o masculino e o feminino, em cada ser humano... e na sociedade em geral...

Anónimo disse...

Grande cena essa...devem ser tantas as histórias absurdas neste mundo de equívocos de debaixo dos lençóis...como nas cabeças das pessoas. A telivisão e o cinema matam a sensibilidade que ainda resta, a intuição que ensina, a naturalidade do corpo que é sábio...
rosa leonor