O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, novembro 17, 2007

EU SEI...


MUITAS VEZES...

 Eu sei minhas amigas que por vezes os excertos ou textos que aqui publico parecem nada ter a ver com a Consciência do Feminino Sagrado ou as "causas da mulher"...mas a Deusa é a Consciência da Unidade dos Princípios, do Céu e da Terra e o caminho individual do homem ou da mulher é uní-los, é unir os seus dois polos, dentro e fora, é unir os dois Princípios feminino e masculino, é integrar as duas partes que o constituem. E esse é o Caminho da Espiritualidade o caminho do Espírito Uno. Unir o corpo a alma e o espírito.
Eu sei que cada Ser, homem ou mulher tem de SER UNO em si.


A questão principal neste momento é que a Mulher para seguir a via do espírito e da sua unidade, precisa antes de mais unir-se ao seu feminino cindido...unir as duas mulheres separadas em dois estereótipos para assim poder unir-se ao seu masculino, tanto dentro como fora...Não se trata tanto de saber que Deusa é e a Deusa que se lhe opõe por conflito com Zeus, o dominador do Olimpo. Isso é uma história de homens e guerras e da usurpação do poder das deusas pelos gregos e romanos. É mais urgente agora essa integração das duas mulheres dentro de cada mulheres, cindida na sua natureza humana e divina ela vai reflectir essa divisão sobre o filho, seja ele homem ou mulher. Os dois perderam a consciência da sua totalidade, porque a mulher perdeu a sua integridade. Mas é a mulher quem mais sofre essa divisão porque a sofre na pele a nível do seu ser mulher e o homem não...
Trata-se agora e é de suma importância reconhecer a cisão que o "cristianismo", digo, a igreja de Roma - e essa é a nossa história actual - impôs à mulher, reprimindo a sua sexualidade e natureza instintiva, a sua intuição e poder pessoal, para a fazer passivamente submeter-se à autoridade religiosa e ao homem e mesmo ao estado, e perpetuar sobre ela as maiores infâmias.

Deste modo, creio que o caminho espiritual da mulher passa imperiosamente pela integração e consciência desse feminino fragmentado, separado e antagonizado secularmente na mãe e na filha, na esposa e na "outra", na imagem da mulher séria e na sua sombra, a mulher "promíscua" - a que tem mais de um homem ou não é casada - a solteira e a divorciada - a prostituta...

Esta consciência não se opõe ao trabalho de evolução espiritual da mulher mas ela precisa de ter consciência que trava uma batalha dentro e fora de si mesma o que torna as coisas mais árduas.
Sem essa Conciência ontológica a mulher pode ousar ser mais do que a sociedade lhe permite, mas adoece e sofre terrivelmente a dor separação de si mesma...

Penso que neste contexto cultural do últimos séculos a mulher ainda não se libertou desse estigma e continua a sofrer de múltiplas formas as suas consequências consciente ou inconscientemente. Continua a sentir-se a boa ou a má filha esposa ou mãe...a fada do lar ou a bruxa perseguida... Muitas vezes ela intelectualemnte pensa-se liberta de tudo isso mas no íntimo essa fragmentação mata-a pois mina-a o medo ancestral, o complexo de culpa, que a anula na sua vontade e liberdade de ser um Ser Completo, mesmo que se atreva a romper barreiras assumindo as suas duas ou mais Faces da Lua...
rlp

2 comentários:

Anónimo disse...

Rosa, vc voltou com tudo da sua maravilhosa viagem ao Egito. Os textos estão maravilhosos. Estou lendo e relendo... Um grande abraço, Igaci

Anónimo disse...

obrigada Igaci pela sua presença e pelas suas palavras sempre estimulantes!
conto sempre consigo e também com as suas impressões!
abraço
rosa leonor