O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, setembro 22, 2007

MÁSCARA DE FERRO

CRIAÇÃO de CARLOS DIEZ defile de Primavera-Verão de 2008...
Palavras para quê perante esta evidência, de um desejo inconsciente de mais um qualquer estilista gay, que usa e abusa da imagem da mulher para a calar...ou deformar, consoante o seu complexo pessoal, da sua inveja (não do pénis, claro) ou do seu ódio particular à mulher...

Só isso explica a vontade tácita de amordaçar a mulher simbolicamente...e não é isto que mais ou menos ainda todos os homens querem?

Estes e outros "pequenos" pormenores da Moda, a que a própria mulher deformada e alienada do significado da sua própria vida e natureza, que persegue a fama e o sucesso no mundo dos homens que lhes és óbviamente hostil, obedece fielmente a estes padrões que veiculam por todo o lado...de forma subtil e "artistica", na moda, na publicidade e nos Midea em geral.

Assim, porque não há-de o homem quando se enfurece ou lhe apetece, deitar água a ferver à cara da mulher, espancar as irmãs ou apunhalar a garganta da namorada? Isto só para falar de Portugal nestes últimos dias...

Porque em África o processo de "animalizar a mulher" e a destruir é mutilá-la logo no início da puberdade, ou mesmo mais cedo...

"Tudo começa quando uma rapariguinha se aproxima da maturidade: é drogada e submetida a mutilações na presença do grupo familiar. A operação é praticada por uma mulher mais velha com a ajuda de uma lâmina de bambu. Consiste no corte do hímen à entrada da vagina e separação dos lábios, expondo completamente o clítoris. De sublinhar que o peso da tradição é tal que as mulheres têm dificuldade em relacionar a excisão com as suas consequências para a saúde e a reprodução, afirma a fonte..."*

Mulheres assim já não constituem qualquer perigo para os homens da selva...

1 comentário:

Y. disse...

Rosa, em todas as esferas o que se quer é calar a mulher. Privá-la do diálogo, do questionamento, mantendo-a dócil em seu lugar. Na moda, calam-nos com a preocupação exagerada com a vaidade e o corpo incutindo desde cedo que o nosso maior bem é o nosso físico. Calam-nos nos dizendo que somos misteriosas, impenetráveis, insondáveis, adjetivos que só servem para nos caracterizar como diferentes e impossíveis de se entender: "Não adianta saber o que querem as mulheres, pois são misteriosas..." Calam-nos quando nosso corpo é mostrado em revistas, em vídeos e em todo lugar como mero pedaço de carne. Calam-nos quando renegam os nossos processos naturais, nosso ciclos que são sujos, fedidos e que a todo custo tem que ser escondido e só mencionado quando precisam vender desodorantes íntimos, absorventes ou drogas. Calam-nos quando reinvindicamos divisão dos trabalhos domésticos, e por ousarmos levantar a voz, somos acusadas de loucas, de histéricas em constante estado de tpm. Calam-nos em nossa espiritualidade, pois em todas as religiões somos meras coadjuvantes e seguidoras, nunca as líderes, as guias ou as mestras...Calam-nos com a violência sobre os nossos corpos e a impunidade dos agressores. Calam-nos em todas as esferas e de todo jeito. E só mesmo a nossa união e conscientização do ser feminino é que nos libertará disso tudo. Como disse a Juliana, uma grande fraternidade de mulheres irmãs e unidas pelo amor e amizade. Um grande abraço, Igaci.