O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, agosto 08, 2007

crónica indisposta pela invasão da privacidade



AMARRADOS POR FIOS...OU CABOS, ANTENAS, ELECTRIFICADOS...

- Uma amiga ontem dizia-me ao telefone QUE EU TINHA SORTE EM TANTA GENTE ME TELEFONAR PORQUE A INTERACÇÃO era importante...

Bom, este é o seu ponto de vista e a sua conveniência. Como não quer sair de casa ou não lhe dá geito aparecer ou combinar um encontro, vai daí telefona e já está, tem interlocutor ou ouvinte ou alguém que em princípio está disponivel para a conversa...
E vá de despejar o saco...às vezes vem o lixo todo...

Eu raramente telefono a alguém...só mesmo quando é preciso porque de resto prefiro olhar nos olhos a pessoa com quem falo...mas é verdade que muita gente me fala, amigos concerteza, porque eu atendo o telefone, mas quantas das vezes não estou a fazer as minhas coisas a escrever ou a ler e de repente como que sou abrigada a falar do que não me apetece e me desvia do que estou a fazer...às vezes a comer ou mesmo a dormir ou a tomar banho e corro a atender o telefone cortando os meus próprios movimentos? É sem dúvida a mais subtil e mais grave invasão de privacidade que se conhece...
Muitas vezes me pergunto porque atendo ainda o telefone quando estou em casa e me apetece estar a desfrutar da minha interioridade??? Apetece-me o silêncio e o sossego depois de umas tantas horas de exposição exterior, quando chego a casa só me apetece ficar quieta e sem falar...
Mas porquê esta compulsividade do telefone e do portátil? Para quê dois telefones?
Ás vezes estou num e toca o outro que me livra do primeiro, mas fico presa na mesma...Ninguém pode aprofundar uma conversa séria ao telefone, mas muitas vezes gera-se a discussão...

De onde vem esta espera ou expectativa de uma comunicação qualquer que faz esta pressão do telefone que toda a gente tem? Será medo da solidão, medo de falhar alguém especial? Cuidado com a família ou amigos especiais que precisam de uma palavra? às vezes é tão ridículo..."Onde estás?" alguém pergunta e a outra pessoa está mesmo atràs de si...

Não, eu não gosto deste abuso constante e penso que o telefone criou uma artificialidade de comunicação, uma falsa comunicação mesmo, uma ilusão de companhia e que afasta as pessoas de se encontrarem e trocarem energias positivas em vez das energias nocivas dos fios telefónicos. Claro eu noto isto sobretudo com esta amiga que "fala barato" e com o telefone gratuíto à noite é as vezes que lhe dá na cabeça e por mais paciência que eu tenha, chateia...

Claro que eu gosto de interagir e comunicar, mas definitivamente AO VIVO!!!
Os telefones servem para marcar encontros e desfazer desencontros...para avisar ou dar recados, são meros utensílios e não pontes de comunicação verdadeira!


Agora podem perguntar: e a Internet? Esta respeita mais o nosso espaço e o nosso tempo, não colide com nada e só depende da nossa vontade a não ser que se seja também viciado...mas é virtual e ilusória também...

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