O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, maio 21, 2007

SÓ LEMBRANDO


(…)Na Antigüidade, o princípio feminino na imagem da Deusa simbolizava o princípio do relacionamento - a conexão oculta existente entre todas as coisas.

Em segundo lugar, simbolizava a justiça, a sabedoria e a compaixão. Em terceiro, e principalmente, o princípio feminino era identificado com a dimensão invisível que existe para além do mundo conhecido - uma dimensão que pode ser vista como uma vasta e invisível matriz ou teia, ligando o espírito não-manifesto à matéria manifesta. A palavra então usada para identificar essa matriz era Grande Mãe ou Deusa; posteriormente, passou a ser chamada de Alma. O princípio feminino oferece uma imagem da integração, sacralidade e inviolabilidade de toda a vida; o mundo dos fenômenos (natureza, matéria, corpo) era visto como sagrado por ser a teofania ou manifestação do espírito cósmico.


A grande falha da civilização patriarcal tem sido sua ênfase excessiva do arquétipo masculino (identificado com o espírito) e a desvalorização do feminino (identificado com a natureza). Isto se reflete no fato de que a figura divina não possui uma dimensão feminina, e também no desprezo pela alma e na misoginia responsável pela repressão e pelo sofrimento das mulheres. A história dos últimos 4000 anos foi forjada pelos homens, determinada pelas perspectivas masculinas e direcionada aos objetivos estabelecidos pelos homens - especialmente os objetivos de conquista (em nenhuma hipótese estas palavras devem ser lidas como crítica; no contexto dos sistemas de crença e no nível geral de consciência, não havia como ser diferente)."*


*Excerto de “O Mito da Deusa” de Anne Baring
Capa do livro: Sementes de Luz de Anabela Faia

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