O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, maio 16, 2007

DUA KHALIL ASWAD

Mulheres: “Não esperem que o mundo vos ampare ou reconheça a vossa identidade enquanto mulheres. O mundo despreza-vos.” M. W.


[a paula sousa nunes sobre a morte de dua khalil aswad, em mail para o glória:]

'Como podem os deuses levantar-se quando são os homens, que os criaram, que lhes apedrejam as filhas até à morte?Uma barbaridade, descrita em três ou quatro linhas de horror, e remetida para uma página secundária, empurrada pela sofreguidão e perversidade mediática que rodeia o desaparecimento de uma criança inglesa de férias. A morte por lapidação, para além da sua intolerável e incompreensível crueldade, é uma persistência paleolítica que nos devolve ainda mais atrás, à mais absoluta negação da nossa humanidade. Uma rapariga de 17 anos que é assassinada desta forma abominável pelos familiares, vizinhos, conterrâneos, em nome dos costumes e das convicções de uma comunidade, não é um crime longínquo, remetido ao atraso cultural ou ao caos da guerra. É uma violação colectiva. Quando li a notícia, cada palavra era uma pedrada. Por mim, pelos meus dezassete anos, pelos dezassete anos das minhas filhas, das primas e das amigas, das tias e das avós. Uma saraivada de pedras a todas nós, que temos a sorte de apenas sermos ridículas e tontas, histérias às vezes, e os nossos homens serem tão tolerantes e compadecidos com esta nossa atávica leviandade. Ser mulher no ocidente é um deslize, uma limitação. Ser mulher, noutras partes, é um crime punido com a morte mais atroz. Que sina.'
IN GLORIA FÁCIL f., 12:34 link

...Eu vi um vídeo dessa morte: uma jovem semi nua e ensanguentada possivelmente já morta era rodeada, pontapeada e apedrajada por “familiares e amigos” enquanto filmavam com telemóveis a cena…viam-se as mãos ávidas e os telemóveis movendo-se para captar o corpo da mulher martirizada…tal como numa cena bíblica secular embora a religião fosse outra…
Desde há séculos que as religiões sacrificam as "suas" mulheres e filhas…

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