O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, março 13, 2007

COMENTÁRIO II




Pela fotografia, parece ser uma cultura votada para a morte ou a decadência visível do Feminino, nelas vejo a depressão em que este está. De algum modo, sem o saberem, ou até sabem, cultivam a imagem de uma realidade que está bem enraizada na vida das mulheres. No entanto nos palcos/passerelles onde fazem os seus desfiles tornam-se ícones para uma certa plateia ávida de diferença e cujo proveito e valor das criações vão para os estilistas. O manequim é um mero objecto, um perfeito cabide em que o estilista faz a obra de arte. Submetem-se de boa vontade às mãos de uma série de criativos que vão construir o objecto final idealizado pelo estilista e sentem-se felizes quer pelo ¿Money¿ quer pela fama de desfilar para tão conceituado estilista. Tudo se resume mais uma vez à questão de dinheiro, poder e sucesso. Como a mulher foi feita para ser submissa desde que a ¿dondoca¿ da Eva foi parida da costela de Adão tornou-se obviamente natural que esta é simples serva ao serviço do homem e, quando este é gay, estilista, forçosamente que o patriacalismo atinge a sua máxima força através das criações. No entanto, à parte disto é verdade que eles tem um gosto refinado em criar e nada melhor que eles para fazerem um guarda-roupa. No entanto, há situações como estas que aqui escreve e pela fotografia que atingem um certo grau de ridículo face à mulher. Na fotografia não vejo homens, por isso e só a partir desta imagem que faço estas considerações. Fiquei a pensar como teriam sido os homens. Também decadentes??? Ou vestidos de Anjos que acompanham o ar fúnebre dessas ¿deusas¿ vestidas de morte? Bem, sobre esta última perspectiva consideramos que o actual panorama em relação às mulheres está cada vez mais ¿fúnebre¿.

O espectáculo, o ridículo transformado em luxo tornou-se uma moda cada vez mais em voga. Deveriam sim era ter colocado um slogan em que pudessem ter apresentado esse desfile como um alerta sobre a condição feminina. O problema é que a roupa reflecte essa mesma criação decadente e vesti-la é dizer: ¿Eu aceito este papel.¿

Sabe, isto está tudo um caos que vai ser muito difícil sair desta onda. Embora, haja esperança mas é uma esperança que não se chegará a ver pelo menos nesta vida ainda que estamos vivos. Levará muitos anos e só mesmo quando os extremos se tocarem é que acontecerá uma reviravolta. Talvez, esta Atlântica actual se abaterá mais cedo do que pensamos. Nesta sociedade que vivemos e cuja barbaridade está bem visível é difícil ser-se somente mulher.
Chamo mulher àquela parte oculta que não é entendida pela razão masculina. Ser esposa, mãe já não satisfaz a uma mulher nos dias actuais, e ainda que tenha um emprego bem enumerado há um vácuo a pairar no coração das mulheres. Há qualquer coisa que falta e a verdade é que nenhum homem/sociedade pode dar isso e muito menos a maioria das mulheres, porque submetidas à ordem estabelecida.
Acredito que só quem sofreu na pele o punhal do patriarcado pode acordar e começar a perceber como tudo está engrenado. Também sabemos que onde for uma mulher com o feminino no seu máximo expoente que logo será degolada de diversas formas, e essas formas podem ser psíquicas, emocionais, espirituais, mentais etc. Pois, sabemos que existem muitas coisas entre o céu e a terra. Embora ao princípio possa ser fascinante para aqueles que vem, logo começarão a tecer teias, porque isso que foi amordaçado há milénios não pode sair para fora. Os talentos do feminino em percepção são imensos e são de tal forma grandes e poderosos que são uma afronta ao patriacalismo que não pode conter em si esse mesmo germe. Por isso as mulheres tem sido retratadas desde sempre por grandes artistas de todos os tempos, sempre na busca de chegar àquele centro de onde tudo germina. No outro dia pensei que o que eles roubaram da mulher foi o conhecimento e perverteram-no, porque a sabedoria essa não foi possível roubá-la porque está dentro das grandes potencialidades que são inerentes ao feminino. Sabedoria é saber quando se deve ou não, é intuir através das fendas as coisas e chegar ao cerne de uma questão. Como tal, não podendo sendo roubada esta, porque é o fogo da vida, foi chocalhada para as profundezas dos oceanos mais profundos, para lá de Hades¿ Por isso ser tão difícil possui-la. Em toda a história de lendas, fábulas, mitos e afins nunca li acerca de uma mulher roubar o fogo. Mas, li sobre os homens que grosseiramente roubaram e nunca saíram desse roubo inteiros. Ficaram antes mais divididos perante tal façanha. A ferida é sempre, por mais irónica que seja, uma ferida de conotação feminina. Mesmo Prometeu que roubou o fogo, ficou com o fígado destruído e o fígado é um dos centros das emoções, logo emoção é algo de feminino. Fico a pensar que estamos enfiados todos num grande novelo cheio de nós.
Um abraço
Nsseeao Email 13-03-2007 17:20:47

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