O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 26, 2007

CHEGA-SE A UM MOMENTO NA VIDA

"Chega-se a um momento na vida (e por coincidência a um momento do mundo que seja por linguagem o nosso) em que o poeta se interroga antes de escrever: porquê, e para quê, e para quem? De nós mesmos falar não é possível: seria necessário que houvesse humano respeito, delicadeza humana, e não este descaso de assassinos que se pisam sem desculpas. Falar do que vai por este beco do universo onde as comadres se acotovelam para levantar a saia no escuro dos portais? Seria preciso que a tristeza e a amargura e a visão do abismo fossem partilhadas mais a fundo que a retórica de serem tão infelizes no conforto do piolhoso que vê mais dois piolhos na cabeça do outro. Pensar em melhores mundos? Haverá, mas não aqui. Aqui é o fim da festa, o fechar das luzes do último dia da Exposição dos Centenários, o arriar das bandeiras, o apodrecer dos barcos pela praia. Aqui só há lugar para metáforas, óbvios símbolos, jogos de prendas poéticas, para a droga de um sexo reduzido a palavras. Cantem a beleza que se esvai, da juventude que se perde, dos prados e das árvores, com doce melancolia. O leitor tremula, sente-se irmão, enfia sorrateiramente a mão no bolso das calças, apalpa-se e fecha os olhos, que está salva a pátria. "
Jorge de Sena

A PÁTRIA DEVIA ESTAR DE LUTO...
O MAIS MESQUINHO E CRUEL DITADOR GANHOU COM 42% DE VOTOS DOS PORTUGUESES. NÃO, NÃO É UM VOTO POLÍTICO, MAS DIZ MUITO DO ESTADO DO PAÍS E DO RUMO DO ESTADO SOCRÁTICO...

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