O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, julho 28, 2006

"- Deus, Deus, Deus? disse o anarquista. Há séculos que Deus morreu; mas tem levado tanto tempo a fazer-lhe o caixão que já infesta o ar de seu apodrecimento."
Fernando Pessoa - Aforismos e Afins

A GUERRA NO LÍBANO: DEUS CONTRA DEUS
SOLDADOS REZANDO AO SEU DEUS MORTO...


"SE NO LIMITE É POSSÍVEL GOVERNAR SEM CRIMES, EM CASO NENHUM É POSSÍVEL GOVERNAR SEM INJUSTIÇAS. Trata-se porém de dosear os primeiros e as segundas, de as cometer apenas por fases. A fim de que no-lo perdoem, teremos de saber fingir a cólera ou a loucura, dar a impressão de sermos sanguinários por inadvertência, visar arranjos atrozes com uma aparência exterior de despreocupação.
O poder absoluto não é coisa fácil: só se destinguem dentro deles os cabotinos ou os assassinos de grandes proporções. "(...)

E O POVO? (que somos todos nós...)

“E o povo?”, dir-se-á. O pensador ou o historiador que usar este termo sem ironia ficará desqualificado.
O “povo” - sabemos demasiado bem a que está destinado o povo: sofrer os acontecimentos, e as fantasias dos governantes, prestando-se a desígnios que o afectam e oprimem.
Toda a experiência política, por “avançada” que seja, se desenrola a expensas suas, dirigindo-se contra ele: o povo carrega os estigmas da escravidão por mandamento divino e diabólico. Inútil apiedar-nos da sua sorte: a causa não tem remédio. As nações e impérios formam-se graças à complacência do povo diante das iniquidades de que é alvo. Não há chefe de Estado nem conquistador que não o despreze, e dele viva. Deixasse o povo de ser apático ou vítima, deixasse de assistir simplesmente aos seus destinos, que a sociedade se dissiparia, e, com ela a história sem mais.(...)


NA ESCOLA DOS TIRANOS
E. M. CIORAN

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