O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, maio 24, 2006

"Apetece-me dizer a todas estas mulheres: a beleza não está nas cores da tua roupa. Nem na macieza do teu cabelo. Muito menos nas linhas harmoniosas do teu corpo. A beleza sente-se de olhos fechados. Quando emigras para a lua, no voo da serpente.”

(Quem souber o nome do autor da imagem diga...)

"Penso. Quem inventou a moda feminina foi o homem, só pode ser. Inventou sapato de salto alto para que a mulher não corra, e não fuja ao seu controlo. Se pensasse nela, teria inventado umas botas e mocassinos, sapatos do tamanho do chão, para ela poder caminhar, correr e caçar o sustento, como as amazonas. Inventou as suas saias apertadas para obrigar a mulher a manter as pernas fechadas, coladas. Se pensasse nela, teria inventado umas saias bem rodadas, para andar à vontade e refrescar os interiores, nos dias de verão. No lugar disso, inventou as roupas coladas, atrevidas, para poder deliciar a vista na paisagem ondulada de qualquer uma e masturbar-se com o simples olhar.
Em pleno século vinte e um, os homens vestem-nos do tempo de D. Quixote e dizem que estamos belas. Calcinha. Cinta. Soutien. Meia de vidro. Meia saia. Combinação. Saia, blusa, um casaco ligeirinho para acentuar o ar de senhora. Lenço. Cachecol. Colares. Brincos. Pulseiras. Anéis. Puxinhos de cabelo. Rolos. Ganchos, travessões, bandoletes, e a flor dos campos no canto da orelha. Cinto de castidade. Licaho. E os homens? Só cuecas, calças e camisa. Livres para saltar, correr e caçar. Que diferença, meu Deus!

Apetece-me dizer a todas estas mulheres: a beleza não está nas cores da tua roupa. Nem na macieza do teu cabelo. Muito menos nas linhas harmoniosas do teu corpo. A beleza sente-se de olhos fechados. Quando emigras para a lua, no voo da serpente.”


NIKETCHE
UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA

PAULINA CHIZIANE

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