O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, abril 24, 2006

HÁ A POLUIÇÃO SONORA E VISUAL, MENTAL,
TAL COMO A POLUIÇÃO GERAL DA TERRA E DO CÉU...



Há um silêncio percursor e inaudível, que acompanha os dias que correm: silêncio carregado, que não escutamos, por detrás da vertigem sonora, como o anúncio do coro trágico que visiona tempestades.
(...)

O acréscimo cerrado de produção ruidosa, constitui a nova persona da techné (“elle portait l’abime par vêtement…”), equipada com pesada ornamentação, feita de circuitos diagramáticos, sequenciais, blue prints.

O que nenhuma teoria sistémica localiza são os verdadeiros centros dos novos (ou antigos…) poderes que reinam no mundo, invisíveis e determinados na orquestração da complexidade do caos; apenas a sua máscara emerge disseminada pelo mapa de múltiplas realidades sistémicas, que se vigiam e controlam reciprocamente, an-hierarquicamente descentradas, na abominação de um silêncio que as revele.
As tecnologias de comunicação actuais exercem um controlo remoto sobre qualquer pretensão de compreensão acerca da sua realidade e o mais eficaz instrumento é a produção vertiginosa de diversas formas de complexificação de ruído. Mas os grafittis inscritos na carne das cidades falam dos padrões de destruição que agem sobre o mundo.

Carla Salgado

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