O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, julho 13, 2005

FORA DAS NOSSAS UTOPIAS,
ÀS VEZES É BOM LEMBRAR COMO NÓS HUMANOS...


"Nunca amamos alguém. Amamos, tão somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso – em suma é a nós mesmos - que amamos.
Isto é verdade a toda a escala do amor.

(...)
As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha complexidade. Na própria arte em que nos conhecemos, nos desconhecemos. Dizem os dois “amo-te” ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia diferente, uma vida diferente, até porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstracta de impressões que constituia actividade da alma.
Estou hoje lúcido como se não existisse." (...)


in LIVRO DO DESASSOSSEGO
Fernando pessoa


"O sofrimento pessoal começa quando somos crucificados entre dois opostos. Se tentarmos abraçar um sem pagar tributo ao outro, degradamos o paradoxo ao nível da contradição. Todavia ambos os lados dos pares de opostos devem merecer e ter igual mérito. O sofrer a nossa confusão é o primeiro passo para a cura. "(1)

"Passar da oposição (sempre uma discórdia) para o paradoxo (sempre sagrado) é dar um salto de consciência. Esse salto transporta-nos através do caos da meia idade e dá-nos uma visão que ilumina os dias que nos restam."


(1)Sofrer em latim: sub plus ferre= suportar ou permitir

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