O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, junho 20, 2005



Sem essa violência contra a mulher, o homem não pode exercer a violência do homem contra o homem, porque o grande modelo da violência é a violência contra a mãe.

AN - A feminista Juliet Mitchell recomenda às mulheres preocupar-se com as crianças. A senhora sonha com a solidariedade e fala em mudar as estruturas dos privilégios. Como aproximar esses dois discursos?

Rose Marie - Ela diz que se a mãe abandonar as crianças teremos seres humanos com graves problemas a partir da fase oral, o que estou absolutamente de acordo. Mas não só a mãe, o pai também deve ser o cuidador das crianças. Com sempre foi no mundo primitivo, onde cuidar de criança era trabalho de homem e de mulher. Se houver esse rodízio entre pai e mãe, como eu vi na Suécia, por exemplo, não teremos problemas na formação das crianças. Pelo contrário. A Júlia Mitchell não estudou a presença masculina, mas outras feministas dizem que se o pai tem uma relação materna com a criança, ela não verá mais um pai dominando uma mãe, e sim dois iguais. Não verá mais a relação dominante/dominado.

AN - Seria uma revolução, pois o índice de violência cometida contra a mulher segue em ritmo acelerado. Isso sem falar das crianças sem lar, morando nas ruas.

Rose Marie - É a maior revolução dos últimos oito mil anos, maior até que a revolução tecnológica. Claro que há violência contra as mulheres em todas as classes sociais. Há uma pesquisa dos Estados Unidos que mostra que 66% de todas a mulheres americanas apanhavam, ou tinham apanhado. Isso mostra que a violência contra a mulher não é conjuntural, não é esporádica, é estrutural do sistema. Sem essa violência contra a mulher, o homem não pode exercer a violência do homem contra o homem, porque o grande modelo da violência é a violência contra a mãe. Tudo que as crianças vêem no primeiro ano de vida tomam como natural, nunca esquecem. Assim, elas aceitam uma sociedade opressiva e autoritária. Quando vêem uma mãe que não apanha, elas aceitam uma sociedade democrática e pluralista.

AN - Quer dizer que a democracia é reflexo da mobilização feminina?

Rose Marie - A democracia no mundo nunca existiu. Ela é filha do último quarto do século 20, que é a época de libertação da mulher. Isso significa que homem e mulher tendem a caminharem juntos, principalmente entre os mais jovens.

AN - A senhora diz no livro "Memórias de uma mulher impossível" que a Aids é uma doença fabricada pelos americanos. Por que teriam feito isto?

Rose Marie - A Aids foi fabricadíssima para acabar com todos os movimentos de contestação. Os homossexuais dos Estados Unidos me diziam: olha, isso é fabricado. E já apareceu nos livros que provam que foi fabricado mesmo. Fizeram lá uma transformação na doença e ficou assim mortal."


(Excerto de uma entrevista a Rose Marie Mauro)

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