O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, maio 19, 2005

AINDA A PROPÓSITO DO REFERENDO
PARA A DESPENALIZAÇÃO DO ABORTO


A DEFENDER A MULHER
Fina D’Armanda

“Publiquei o primeiro artigo a favor do aborto em Setembro de 1975, no Jornal de Notícias. Após 30 anos, andamos às voltas com o mesmo assunto. Para mim o problema é uma questão de posse, de propriedade. Durante séculos o ventre (da Mulher) foi da Igreja, do estado e do pai. O que se pretende agora é a passagem da posse do ventre (da mulher) para as legítimas possuidoras. Se houver um problema com o ventre é cada uma que sofre ou morre e não a comunidade, o pai, a Igreja ou o Estado.
(...)
O referendo realiza-se então por causa de 16% de gente que quer manter-se dona do ventre alheio.”?


PORTUGAL MEDIEVAL:
Patriarcal, inquisitorial e proxeneta.


Curiosa nota sem duvida e como a evidência dos factos têm passado ao lado dos políticos e das pessoas em geral, para já não falar dos católicos, a verdade é que a mulher e o Seu Ventre continuam a ser “uma coisa” e tratada como pertença colectiva, “objecto” sobre a qual a igreja opina e o estado faz leis. Como se a mulher fosse uma “barriga de aluguer” ao uso do dono e senhor deus pai, igreja e estado e continuam a ser os homens a querer decidir sobre a sua liberdade de escolha!

COMO É QUE É POSSÍVEL POIS QUE EM PLENO SÉCULO XXI UM PÁRACO DE ALDEIA (?) EM PLENA MISSA DO 7 DIA POR MORTE DE UMA CRIANÇA DE 5 ANOS, TORTURADA PELO PAI E PELA AVÓ E DEPOIS DE MORTA DEITADA AO RIO, DIZER PARA OS SEUS FIÉS QUE É PIOR UMA MULHER FAZER UM ABORTO DO QUE ASSASSINAR UMA CRIANÇA, PORQUE ESTA SE PODE DEFENDER E O FETO NÃO?

NESTE CASO APETECE-ME PERGUNTAR QUEM É AQUI O VERDADEIRO “ABORTO”?

E pergunto, porque teimam os políticos e os Partidos erguer continuadamente a bandeira do Aborto e a querer decidir pelas mulheres?
Seja a Direita conservadora seja a esquerda revolucionária, não há meio de nem as próprias mulheres perceberem que a Mulher é a “senhora do seu destino?” E que não há deus nem diabo nem pai nem padre nempolítica que possam interferir com a sua decisão a não ser que ela o aceite e acolha e queira!

Não há qualquer razão para um Referendo ao Aborto quando se trata da liberdade individual, da consciência da própria mulher e a sua capacidade de decisão o que está em causa e não o preconceito “moral e religioso” - "princípio vida" que é princípio de morte da identidade da mulher e que só aparece para escamotear uma questão de fundo que é o facto da mulher continuar a ser propriedade do estado patriarcal e que é uma evidência quando este pretende fazer um referendo para decidir do seu corpo e da sua vida! Ainda que a vida da futura criança a nascer seja outra vida é a primeira vida consciente, a da mãe, que tem de fazer a escolha, e não qualquer moral ou religião!

É verdade também que as mulheres na sua grande maioria, são ignorantes e pobres e ouvem os padres que são os seus mentores, sobretudo nas aldeias e lugares mais atrazados ou remotos...Mas em todo o caso a escolha deve ser da mulher e o Estado, sobretudo sendo laico, só tinha que providenciar condições de salvaguarda da integridade da mulher, dando-lhe educação e a liberdade da sua escolha.

A não aceitar esta evidência é considerar a mulher incapaz e inferior...que é o que a Igreja considera e por arrasto o Estado.

É isso que nem o Presidente nem o Primeiro Ministro, assim como os líderes partidários querem ver, prisioneiros das suas lutas de interesses políticos e cegueira humana quanto às realidades do País Real, e que ao fim e ao cabo continuam a servirem-se das mulheres, todos eles, como qualquer gigolô quando as explora sexualmente.


“Só com o dinheiro que se pouparia do Referendo já daria para criar condições médicas”. F.A.

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