O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, novembro 06, 2004

ENTRE BOMBAS E GUERRA LOUCURA INSANA DE QUEM COMANDA O MUNDO
Quem não é louco ou cego chora a "Mágoa externa na Terra",
neste "choro silencioso do Mundo"


Vem, ó noite, e apaga-me, vem e afoga-me em ti.
Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito,
Mágoa externa na Terra, choro silencioso do Mundo.
Mãe suave e antiga das emoções sem gesto,
Irmã mais velha, virgem e triste, das idéias sem nexo,
Noiva esperando sempre os nossos propósitos incompletos,
A direção constantemente abandonada do nosso destino,
A nossa incerteza pagã sem alegria,
A nossa fraqueza cristã sem fé,
O nosso budismo inerte, sem amor pelas coisas nem êxtases,
A nossa febre, a nossa palidez, a nossa impaciência de fracos,
A nossa vida, o mãe, a nossa perdida vida...


EXCERTO DE ODE DE ÁLVARO DE CAMPOS


"Tu, palidamente, tu, flébil, tu, liquidamente,
Aroma de morte entre flores, hálito de febre sobre margens,
Tu, rainha, tu, castelã, tu, dona pálida, vem..."A.C.



A LITANIA

Ela correu tanto tempo que viu as árvores fecharem-se após a sua passagem e o céu perder o azul.
Enquanto deambulava pela floresta os seus lábios entoavam uma litania absurda:

Dá-me a esperança.
Dá-me o aconchego da alegria frívola.
Dá-me as mãos do meu amado nos cabelos para que eu possa suportar estes tempos de angústia e sobressalto conservando alguma doçura nesta alma macerada...
Dá-me o sorriso da minha Mãe
Dá-me a Paz

A Ti consagrarei
Os meus sonhos,
A minha força - uterina, bravia e terna.
A minha alma desenhada em raízes e frutos.
O meu corpo, barca adiada de uma criança por conceber.
O meu sangue pisado e puro, águas cúmplices desta minha mágoa fêmea.


Publicado por A_Dora em 12:24 AM | Comentar (9)

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