O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, julho 25, 2004



OLHEM PARA MIM...

(...) Estava tão cansada de não atribuir culpas às pessoas, que já não sabia a quem essas culpas deveriam caber.
(...)
É claro que podia não acontecer. Uma coisa logo que conhecida, jamais poderá ser desconhecida. Apenas poderá ser esquecida. E, na medida em que domina o tempo enquanto puder ser lembraada, indicará o futuro. Compreendo agora que embora fique sentada no meu quarto, a envelhecer, sozinha, tenho de viver com esse conhecimento. O telefone pode tocar, esta noite, ou amanhã: já não importa. Alguém pode dedicar-me um pensamento, talvez...


In “olhem para mim” – de Anita Brookner

NOTA À MARGEM:

Uma pessoa que empreste um livro por si sublinhado dá-se sempre a conhecer intimamente a alguém que o lê inadvertidamente...
Senti esse receio quando acabei de emprestar um livro que tinha lido há muitos anos e de que já nem lembrava do que tratava...
Quando a pessoa me devolveu o livro, disse-me que tinha tomado a liberdade de sublinhar um pouco mais do que eu já fizera e disse-o com alguma cumplicidade, o que de facto gerou uma certa afinidade...
Justamente a propósito deste livro que li há mais de desasseis anos...OLHEM PARA MIM...

Sim, OU LEIAM-ME:

Todos queremos comunicar ou ser lidos, mesmo que digamos escrever só para nós como eu hoje li algures num Blogue...
Solitários ou vaidosos, convencidos ou simplesmente humanos, mais humildes e sem capas, ainda que invisíveis aos olhos de quem nos lê, tal como ao ler um livro, temos direito a um espaço, ainda que virtual, de nos expressarmos e sermos até mais sinceros ou íntimos DO QUE PESSOALMENTE O SOMOS COM OS CONHECIDOS e que por acaso pode até encontrar eco em alguém e criam-se assim laços invisíveis entre seres ocultos que somos todos uns para os outros através das palavras que deixamos aqui...
A questão é saber se na realidade somos mais próximos ou mais distantes uns dos outros do que invisíveis aos olhos dos demais neste espaço aqui só para nós onde em princípio ninguém sabe quem somos...



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