O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, maio 04, 2004

"sINTO E ESQUEÇO. uMA SAUDADE, QUE É DE TODA A GENTE POR TUDO INVADE-ME COMO UM ÓPIO DO AR FRIO. hÁ EM MIM UM ÊXTASE DE VER, ÍNTIMO E POSTIÇO."



Surge dos lados do oriente a luz loura do luar de ouro.
O rastro que faz no rio largo abre serpentes no mar.


DEPOIS DURMO, DEPOIS...


Não durmo. Entressou.
Tenho vestígios de consciência. Pesa em mim o sono sem que a inconsciência pese...Não sou. O vento...Acordo e redurmo, ainda não dormi. Há uma paisagem de som e torvo para além de que me desconheço. Gozo, recato, a possibilidade de dormir. Com efeito durmo, mas não sei se durmo. Há sempre no que julgamos (?) que é um som de fim de tudo, o vento no escuro, e, se escuto ainda, o som dos pulmões e do coração.

O vento levanta-se...Primeiro era como uma voz de um vácuo...um soprar do espaço para dentro de um buraco, uma falta no silêncio do ar. Depois ergue-se um soluço, um soluço do fundo do mundo, o sentir que tremiam as vidraças e que era realmente vento. Depois soou mais alto, urro surdo, um urrar (?) sem ser (...) um ranger de coisas, um cair de bocados, um átomo de fim do mundo

Depois parecia que...


O LIVRO DO DESASSOSSEGO
fernando pessoa

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