O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, fevereiro 24, 2004

- O AMOR E A SEXUALIDADE
como fome primeira...


Se “Androginia” é símbolo, (de uma perfeição ou completude humana) também o “Amor” é símbolo de um estado superior de sentir, assim como o é a idéia mítica de felicidade que todos os seres humanos buscam desesperadamente e tudo fazem para conseguir essa quota parte de “transcendêndia” – não será a felicidade uma transcendência para a realidade conflituosa e cheia de vicissitudes, contrariedade e desgraças que são normalmente as condições de vida da grande maioria das pessoas? – e que na vida real nos escapa e que se perseguiu obsessivamente no Mito Romântico e no Erotismo e por fim, nestas últimas décadas, na mera função sexual pelo culto do prazer em si como apanágio de liberdade e afirmação pessoal e não redundou o erotismo quase sagrado para uma espécie de obscenidade vulgarizado na pornografia e na prostituição da mais baixa ao mais alto nível? Ou na mais aberrante superficialidade de jogos de imagem e poder?

Que é feito desse sentimento simbólico que a humanidade projetou nos mitos, na poesia e na literatura e no fervor religioso e até no fanatismo ideológico ou político?

“Refiro-me a essa força criadora, corporificada nos termos “Deus” e “Amor” e que nada mais é do que do que a profunda energia que move as estrelas, e também o próprio ser humano sempre que ele se volta, perplexo e maravilhado, para os céus, ou é arrebatado pela beleza que contempla nos olhos de quem ama. Assim, devemos entender os elementos eróticos na Cabala, nos diversos planos em que aparecem, não apenas simbolicamente, mas sim referindo-se a uma relação real, a uma relação passional de amor entre o ser humano e o universo; entre o homem e a mulher; e entre homens; e entre mulheres; e no sentido mais íntimo e verdadeiro, entre os elementos masculinos e femininos em cada um de nós.”
(...)
“Como naqueles tempos o erotismo não havia sido separado em profano e sagrado, não é de se surpreender que a linguagem erótica expressasse a presença viva do espírito na vida humana de uma maneira que não pode ser caracterizada apenas como simbólica. A paixão era real.”


In “Androginia – Rumo a uma Nova Teoria da Sexualidade”
JUNE SINGER

O andrógino pode também ter como centro um determinado lugar e, no entanto, saber que esse lugar é um mero grão de pó num planeta que rodopia no espaço"
(...)

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