O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, novembro 23, 2003

A DOR QUE DEVERAS SENTIMOS...

"Considerar a nossa maior angústia como um incidente sem importância, não só na vida do universo, mas na da nossa mesma alma, é o princípio da sabedoria. Considerar isto em pleno meio dessa angústia é a sabedoria inteira. No memento em que sofremos, parece que a dor humana é infinita. Mas nem a dor humana é infinita, pois nada há de humano de infinito, nem a nossa dor vale mais que ser uma dor que nós temos.

(...)
Para alguns que me falam e me ouvem, sou um insensível. Sou porém mais sensível - creio - que a vasta maioria dos homens. O que sou contudo, é um sensível que se conhece, e que, portanto, conhece a sensibilidade.

Ah, não é verdade que a vida seja dolorosa, ou que seja doloroso pensar na vida. O que é verdade é que a nossa dor só é séria e grave quando a fingimos tal. Se formos naturais, ela passará assim como veio, esbater-se-à assim como cresceu. Tudoi é nada e a nossa dor nele."


in O LIVRO DO DESASSOSSEGO
Fernando Pessoa

...Dolorosamente verdadeiro quando não fingimos que a dor é verdadeira...

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