O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, setembro 21, 2003

"O Coração em chamas, ou o fogo do coração é a metáfora, a forma de que se revestiu nas suas aparências históricas. Mas na terminologia popular, nessa vida que o "coração" levou em seus territórios, o coração não é fogo, mas parece apresentar-se em símbolos espaciais: é como um espaço que dentro da pessoa se abre para acolher certas realidades. Lugar onde se albergam os sentimentos indecifráveis, que saltam por cima dos juízes e daquilo que pode ser explicado"



in A METÁFORA
DO CORAÇÃO





"Separado da loucura da carne, do engano das sombras, o filósofo retoma a sua natureza, a verdadeira natureza humana. Natureza que não possui sem esforço nem violência.
Aquilo de que a alma é parente está na outra margem do rio da vida.
A filosofia é um exercitar-se em morrer, e a estada de um filósofo entre os homens é muito semelhante à de alguém que já morreu e que, por privilégio especial, obteve a graça de voltar para junto dos homens como mensageiro da violência que faz falta para para que se realize a conversão; como uma chamada do que do outro lado é parente da alterada natureza humana.


(...)


O conhecimento não é uma ocupação da mente, mas um exercício que transforma a alma inteira, que afecta a vidana sua totalidade. O amor ao saber determina uma maneira de viver: Porque é primeiro que tudo, uma maneira de morrer, de ir para a morte. Estar maduro para a morte é o estado próprio do filósofo

(...)

- E não é à libertação e separação da alma do corpo que se dá o nome de morte?
- Evidentemente.
- Ora só os filósofos, afirmamos nós, aspiram, de contínuo e mais do que ninguém, a libertá-la; e precisamente por isto é a sua tarefa; separar e libertar a alma do corpo?
- Certamente.
- não seria então ridículo o homem, como eu ao princípio dizia, que, depois de de ter feito esforços durante toda a vida, por se aproximar o mais possível da morte, se indignasse, quando esta sobreviesse?
- Seria ridículo sem dúvida.
É portanto, inegável que os filósofos verdadeiros, Símias, exercitam-se realmente em morrer, e a ideia da morte, não lhes causa, ao contrário dos outros homens, o mínimo receio.
(Fédon, 67d)




MARIA ZAMBRANO



"O ORGASMO É UM PAROXISMO; O DESESPERO TAMBÉM.
UM DURA UM INSTANTE; O OUTRO UMA VIDA "


EMIL CIORAM

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