O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, agosto 29, 2003



Nihil novum



Na penumbra do pórtico encantado
De Bruges, noutras eras, já vivi;
Vi os templos do Egito com Loti;
Lancei flores, na Índia, ao rio sagrado.

No horizonte de bruma opalizado,
Frente ao Bósforo errei, pensando em ti!
O silêncio dos claustros conheci
Pelos poentes de nácar e brocado...

Mordi as rosas brancas de Ispaã
E o gosto a cinza em todas era igual!
Sempre a charneca bárbara e deserta,
Triste, a florir, numa ansiedade vã!
Sempre da vida ? o mesmo estranho mal,
E o coração ? a mesma chaga aberta!




Florbela Espanca





“Á força de rejeitar o que a Feminilidade traz como solução à angústia do homem, cria-se em todo o caso uma humanidade perfeitamente neurótica.
(...)
Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo à autoridade de um deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintivo que fazia o equilíbrio inicial: daí advém todas as neuroses e outros dramas que sacodem estas sociedades paternalistas.
(...)
Esta querela entre o natural-instintivo e a razão, nunca passou de uma falsa questão, sendo responsável pela cegueira desta sociedade que, querendo corrigir o instintivo, castrou o ser humano do que era a sua profunda natureza.”


In LA FEMME CELTE - de Jean Markale

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