O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, dezembro 13, 2002



"No coração dos amantes que bebem a lia, ateiam-se os desejos ardentes.
No foro interior dos sábios de coração triste, há refutações (...)"


RUMI


Nota à margem...

Hoje, dia de “greve geral”, fiquei em casa e fui dar uma volta na pequena Baia de pescadores em Paço d’ Arcos, onde agora vivo (desde há treze dias...) para ver o mar e reparei com tristeza na cegueira dos homens...Fizeram um Repucho de água a sair do mar de modo que quem vem na marginal vê esse estupendo aparato, mas quem passa ou anda na praia e olha o mar o que vê a seus pés é só lixo...Lixo de toda a espécie que vem dar à praia e a areia repleta de objectos, os mais variados, nomeadamente plásticos e toda a espécie de detritos...
Perguntei-me a mim mesma quanto custaria a manutenção desse aparato exibicionista em comparação com a limpeza regular da pequena praia...

Pensei no Crude lá nas praias da Galiza e no “Prestige” dos homens (só se for da sua estupidez!)...E ainda no mais grave que é esta estranha alienação da humanidade, que por ganância de dinheiro e para dar nas vistas, dá prioridade ao supérfluo e deixa o essencial por limpar.

E assim vai o mundo, em que se constróiem “objectos” insólitos ainda que belos, mas deixa-se a praia e a areia e o próprio mar lá no fundo, como no fundo das nossas consciências citadinas, cheias de lixo e imundície...

Apetecia-me rezar e pedir perdão à Grande Mãe Natureza por tanta insanidade...


Paço d’ Arcos, 10 de Dezembro de 2002

1 comentário:

Anónimo disse...

Oi Rosa
Ana