O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, agosto 25, 2002

"NO LADO ESQUERDO DA ALMA"



Nossa Senhora de Paris

Listas de som avançam para mim a fustigar-me
Em luz.
Todo a vibrar, quero fugir...Onde açoitar-me?
Os braços duma cruz.
Anseiam-me, e eu fujo também do luar...


Um cheiro a maresia
Vem-me refrescar,
Longínqua melodia
Toda saudosa do Mar...
Mirtos e tamarindos
Odoram a lonjura;
Resvalam sonhos lindos...
Mas o Oiro não perdura
E a noite cresce agora a desabar catedrais...


Fico supulto sob círios,
Escureço-me em delírios
Mas ressurjo de ideais...


- Os meus sentidos a escoarem-se...
Altares e velas...
Orgulho ...Estrelas...
Vitrais! Vitrais!


Flores de Lis...

Manchas de cor a ogivarem-se...
as grandes naves e sangrarem-se...
- Nossa Senhora de Paris!...


Paris, Junho de 1913

MÁRIO SE SÁ-CARNEIRO

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