O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, junho 21, 2002


"Tant que nous pratiquerons tous les jours le Tai-chi-chuan, nous ne nous perdrons pas. Comme dit le Maître: “Au centre du Grand Vide, nous saurons capter le souffle que relie Ciel et Terre, ici et ailleurs, et pourquoi pas, passé et futur”
in “Le dit de Tianyi” de François Cheng


“NESTE MALFADADO PAÍS, TUDO O QUE É NOBRE SUICÍDA-SE; TUDO O QUE É CANALHA TRIUNFA” - Manuel Laranjeira - médico e escritor, suicidou-se com 35 anos.
Escreveu:
“Sinto uma grande fadiga moral, um piedoso desprezo, por tudo, pelas coisas e sobretudo pelos homens”
(...) “Eu não sinto o vazio universal como Antero: sinto uma coisa pior - sinto a torpeza universal”
Fim do século XIX...


Princípio do século XXI: A mesma torpeza humana, a mesma canalha, o mesmo estigma de País...
A Nobreza (eu não estou a falar da snobeira aristocrática de meia tigela, mas de carácter próprio!) não a suportamos e temos que destruir tudo o que nos afronta na nossa pobreza mental e megalomania social. Os nossos heróis duram um dia quando marcam “golos” e quando não satisfazem as massas são crucificados de imediato. Porque agora não temos uma identidade própria, nem cultura, nem intelectuais nobres, mas futebol...
”Os Tugas”.
Foi assim que a nós mesmos nos reduzimos ironicamente, e nos alcunhamos a partir de um diminutivo depreciativo, “portugas” com que os brasileiros, “penso eu de que” nos mimavam e predestinámos assim um futuro próximo como salvação do vazio político e cultural sem transcendência possível, nem esperança social. Mergulhados no Pântano do Futebol vamos viver mais dois anos para um cenário em que o País se projecta todo ou seja, o Projecto Por-Tuga por excelência. Uma “Coreiazinha” que não come cães, mas come gato por lebre...
Fico à espera de ver os Ranchos Folclóricos e o nosso Fado, com nossas senhoras de Fátima em plástico para vender aos "hooligans", os desfiles de artistas consagrados, se calhar os “Masterplan”, com o Herman José, versão “Estebes”, a “Academia de Estrelas” e os Zés Ninguém de todos os “Big Brother” a abrilhantar os estádios na exibição patriótica dos novos Monumentos Nacionais , os Campos de Futebol em todos os cantos do País, novas Catedrais do povo muito orgulhoso, com bandeirinhas nas mãos, aos magotes “tal & qual” os coreanos a receber os estrangeiros.
Sim, o País será projectado para todo o mundo e toda a gente saberá de onde vêm os TUGAS!...Esta subespécie que descende de Portugueses que atravessaram os 7 mares há muitos séculos...


Sem comentários: